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“Grande artista e ser humano, Sara criou uma obra que ensejava visão mágica, surreal, do mundo e da paisagem. Aquele seu universo particular espantava, mas era muito forte”, lembra o crítico Márcio Sampaio. A pintora e desenhista desenvolveu métodos de ensino usados por muitos artistas. “Ela apresentava de forma muito contemporânea os temas da criação e da percepção”, explica o crítico, ressaltando a militância cultural intensa “e muito consequente” da pintora.
“Sara e Amilcar de Castro foram os meus professores mais importantes. Eles têm importância radical para a cultura de Belo Horizonte: integraram a primeira geração que transmitiu os ensinamentos de Guignard e, assim, fizeram vingar o ensino de arte na capital. Sara fez abstração, o jogo entre natureza e cultura. Ela é muito Minas Gerais em sua cor terra, no seu jeito telúrico”, afirma o artista plástico Marco Túlio Resende.
Sara Ávila começou exercitando a figuração lírica de seu professor Alberto da Veiga Guignard. Aos poucos, ela adotou a abstração, caminho condenado pelo mestre. Dedicou-se especialmente ao abstrato com manchas: queria tanto atingir o inconsciente quanto questionar práticas convencionais da arte. Tais interesses deram forma à sua visualidade porosa, que discute a percepção da imagem.
Esse trabalho valeu respeito à artista mineira, mas ainda hoje sua obra é pouco analisada e compreendida em toda a sua radicalidade, em especial pela dúbia mistura de reverência à paisagem mineira e iconoclastia. Ao lado das obras de Amilcar de Castro, Celso Renato e Maria Helena Andrés, o legado de Sara Ávila constitui fundamento da produção contemporânea das artes visuais em BH.
MILITANTE DA CULTURA
Nascida em 1932, em Nova Lima, Sara Ávila de Oliveira era pintora, desenhista e professora. Artista premiada, foi aluna de Alberto da Veiga Guignard, Franz Weissmann, Ana Letícia, Misabel Pedrosa e João Quaglia. Integrou o Movimento Internacional Phases, com sede em Paris, desde a década de 1960. Presidiu o Conselho Estadual de Cultura do Estado de Minas Gerais e a Sociedade Amigas da Cultura, em Belo Horizonte.