A solidão dos centros urbanos é o tema central de 'Fala baixo senão eu grito'. A montagem dirigida por Kalluh Araújo estreia nesta quinta-feira, no Teatro da Cidade, com os atores Magdale Alves e Ferrucio Verdolin. O texto foi escrito por Leilah Assumpção em 1969, em plena ditadura militar.
“Kalluh trouxe poesia para falar de solidão urbana, de uma psicopatia, de pessoas que se agridem por nada”, afirma Ferrucio Verdolin. A trama é centrada em Mariazinha (Magdale Alves), mulher que vive de lembranças do passado. Quando se prepara para dormir, ela vê o quarto invadido por um homem violento – papel de Ferrucio.
“Ele entra armado e ela fica completamente desesperada. Com isso, os dois começam a conversar. É muito engraçado, como se fizessem uma terapia. O texto puxa para o lado mais cômico da vida”, comenta Magdale. A atriz elogia a adaptação assinada por Kalluh Araújo. Distanciada do contexto da ditadura militar, época em que foi lançada, a peça destaca questões femininas e universais.
'Fala baixo senão eu grito' é a terceira montagem da Arlecchino, grupo fundado pelo diretor Kalluh Araújo e pelo ator Paulo Rezende. As duas montagens anteriores da companhia eram peças de Nelson Rodrigues: 'A mulher sem pecado' (2010) e 'Toda nudez será castigada' (2012). Para Ferrucio Verdolin, trabalhar com Kalluh é um aprendizado. “Diretor exigente, ele é um cara muito detalhista. Temos que aprender tudo de novo”, comenta.
PENTEADEIRA O cenário tem móveis comuns, como cama de solteiro, guarda-roupa e penteadeira cheia de coisinhas. O diretor faz com que esses elementos traduzam o mundo infantil daquela senhora de 50 anos. “Ela parece uma adolescente tardia. Kalluh trabalhou com cores, estampas e a disposição dos móveis”, explica a atriz.
Se Mariazinha vive presa a uma ilusão, o estranho surge para tirá-la da zona de conforto. Ferrucio Verdolin enfrentou o desafio de interpretar alguém muito diferente dele. “Faço quase um psicopata, um cara doentio, que ofende a mulher de todas as maneiras”, conta.
Para Magdale, o maior esforço foi traduzir o amadurecimento “forçado” de Mariazinha. “É uma catarse. Ela coloca para fora um monte de coisas, enquanto ele expõe sua vida. Os dois fazem uma viagem a partir do que viveram e também daquilo que poderiam ter vivido”, diz.
Um dos trunfos do texto é o fato de apresentar situações em aberto. Pode ser que tudo não passe de sonho. Cabe a cada espectador interpretar o que está no palco.
FALA BAIXO SENÃO EU GRITO
Teatro da Cidade. Rua da Bahia, 1.341, Centro, (31) 3273-1050. Quinta, sexta e sábado, às 20h30; domingo, às 19h. Ingressos: R$ 40 (inteira), R$ 20 (meia) e R$ 15 (postos do Sinparc).
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“Ele entra armado e ela fica completamente desesperada. Com isso, os dois começam a conversar. É muito engraçado, como se fizessem uma terapia. O texto puxa para o lado mais cômico da vida”, comenta Magdale. A atriz elogia a adaptação assinada por Kalluh Araújo. Distanciada do contexto da ditadura militar, época em que foi lançada, a peça destaca questões femininas e universais.
'Fala baixo senão eu grito' é a terceira montagem da Arlecchino, grupo fundado pelo diretor Kalluh Araújo e pelo ator Paulo Rezende. As duas montagens anteriores da companhia eram peças de Nelson Rodrigues: 'A mulher sem pecado' (2010) e 'Toda nudez será castigada' (2012). Para Ferrucio Verdolin, trabalhar com Kalluh é um aprendizado. “Diretor exigente, ele é um cara muito detalhista. Temos que aprender tudo de novo”, comenta.
PENTEADEIRA O cenário tem móveis comuns, como cama de solteiro, guarda-roupa e penteadeira cheia de coisinhas. O diretor faz com que esses elementos traduzam o mundo infantil daquela senhora de 50 anos. “Ela parece uma adolescente tardia. Kalluh trabalhou com cores, estampas e a disposição dos móveis”, explica a atriz.
Se Mariazinha vive presa a uma ilusão, o estranho surge para tirá-la da zona de conforto. Ferrucio Verdolin enfrentou o desafio de interpretar alguém muito diferente dele. “Faço quase um psicopata, um cara doentio, que ofende a mulher de todas as maneiras”, conta.
Para Magdale, o maior esforço foi traduzir o amadurecimento “forçado” de Mariazinha. “É uma catarse. Ela coloca para fora um monte de coisas, enquanto ele expõe sua vida. Os dois fazem uma viagem a partir do que viveram e também daquilo que poderiam ter vivido”, diz.
Um dos trunfos do texto é o fato de apresentar situações em aberto. Pode ser que tudo não passe de sonho. Cabe a cada espectador interpretar o que está no palco.
FALA BAIXO SENÃO EU GRITO
Teatro da Cidade. Rua da Bahia, 1.341, Centro, (31) 3273-1050. Quinta, sexta e sábado, às 20h30; domingo, às 19h. Ingressos: R$ 40 (inteira), R$ 20 (meia) e R$ 15 (postos do Sinparc).