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“Ele entra armado e ela fica completamente desesperada. Com isso, os dois começam a conversar. É muito engraçado, como se fizessem uma terapia. O texto puxa para o lado mais cômico da vida”, comenta Magdale. A atriz elogia a adaptação assinada por Kalluh Araújo. Distanciada do contexto da ditadura militar, época em que foi lançada, a peça destaca questões femininas e universais.
'Fala baixo senão eu grito' é a terceira montagem da Arlecchino, grupo fundado pelo diretor Kalluh Araújo e pelo ator Paulo Rezende. As duas montagens anteriores da companhia eram peças de Nelson Rodrigues: 'A mulher sem pecado' (2010) e 'Toda nudez será castigada' (2012). Para Ferrucio Verdolin, trabalhar com Kalluh é um aprendizado. “Diretor exigente, ele é um cara muito detalhista. Temos que aprender tudo de novo”, comenta.
PENTEADEIRA O cenário tem móveis comuns, como cama de solteiro, guarda-roupa e penteadeira cheia de coisinhas. O diretor faz com que esses elementos traduzam o mundo infantil daquela senhora de 50 anos. “Ela parece uma adolescente tardia. Kalluh trabalhou com cores, estampas e a disposição dos móveis”, explica a atriz.
Se Mariazinha vive presa a uma ilusão, o estranho surge para tirá-la da zona de conforto. Ferrucio Verdolin enfrentou o desafio de interpretar alguém muito diferente dele. “Faço quase um psicopata, um cara doentio, que ofende a mulher de todas as maneiras”, conta.
Para Magdale, o maior esforço foi traduzir o amadurecimento “forçado” de Mariazinha. “É uma catarse. Ela coloca para fora um monte de coisas, enquanto ele expõe sua vida. Os dois fazem uma viagem a partir do que viveram e também daquilo que poderiam ter vivido”, diz.
Um dos trunfos do texto é o fato de apresentar situações em aberto. Pode ser que tudo não passe de sonho. Cabe a cada espectador interpretar o que está no palco.
FALA BAIXO SENÃO EU GRITO
Teatro da Cidade. Rua da Bahia, 1.341, Centro, (31) 3273-1050. Quinta, sexta e sábado, às 20h30; domingo, às 19h. Ingressos: R$ 40 (inteira), R$ 20 (meia) e R$ 15 (postos do Sinparc).