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Criado em 1983 (desde 1992 tem o Sesc como correalizador), o Videobrasil passou por transformações. “Quando a videoarte apenas surgia na cena brasileira, criamos o primeiro festival voltado à modalidade, que participou, assim, de sua consolidação e de sua incorporação pelo circuito artístico”, lembra Solange. Mais tarde, abriu-se a outras manifestações da arte eletrônica em diálogo com o universo das instalações e a performance, entre outros desdobramentos. Desde 2011, abrange todas as linguagens artísticas contemporâneas.
Em todos esses anos à frente do Videobrasil, Solange confessa que ainda sente culpa por não ter conseguido “emplacar” duas obras nas primeiras edições, os curtas 'Não vou à África porque tenho plantão' (1990, 8min), do próprio Eder Santos, e 'Caipira in' (1987, 18min), de Roberto Sandoval, Tadeu Jungle e Walter Silveira. “Briguei, mas fui voto vencido. Tinha gente careta na época, com o olhar voltado para a televisão”, diz a curadora. Entre casos divertidos, ela se recorda de uma edição em que Tadeu Jungle e Walter Silveira queriam colocar um mata-burro na entrada do Museu da Imagem e do Som (MIS). “Não deixaram, mas a responsabilidade foi minha, deveria ter batalhado mais”, afirma.
Durante os primeiros cinco anos, Solange tinha que submeter as obras ao Departamento de Polícia Federal para censura, papel exercido à época (em plena ditadura militar) pela temida Solange Hernandes. “Houve vídeos que nunca mostrei aos censores. Fazer TV pirata ou exibir seus conteúdos dava cadeia. Recebemos um vídeo da TV pirata do Rio, que era (e continua sendo) sensacional. Com montagens, eles mostravam o presidente das Organizações Globo, Roberto Marinho, ensinando a montar uma antena pirata, e o então superintendente da Polícia Federal, Romeu Tuma, ensinado a fazer baseado,” diz. Por exibir obras do tipo, Solange perdeu as contas de quantas horas passou escondida no banheiro do MIS, para não receber mandados da Justiça.
Monitores
Obras como essa poderão ser vistas por quem visitar a exposição '30 anos', em São Paulo, que terá linha do tempo com a evolução da criação de vídeo no país de 1983 a 2013. Haverá também uma instalação gigante, com 240 monitores de TV exibindo 20 horas de vídeos especialmente editados a partir de 5 mil horas analisadas. Uma polifonia de cenas, depoimentos, registros e intervenções, com nomes que vão de Nam June Paik, Kenneth Anger, Walid Raad, Chelpa Ferro e Peter Greenaway a Tunga e Waly Salomão. Quase 2 mil pessoas compõem o mosaico, entre artistas, curadores, críticos e público. A ambientação sonora é do coletivo mineiro O Grivo. A mostra competitiva Panoramas do Sul terá 94 artistas mostrando instalações, performances, desenhos, esculturas, fotografias, pinturas, livros de artista e vídeos. Nove trabalhos são mineiros: a escultura 'Galhos', de Alexandre Brandão; a pintura 'O russo', de Ana Prata; a fotografia 'Welcome home', de Gui Mohallem; a instalação 'Teoria das bordas', de Lais Myrrha; a performance 'O samba do crioulo doido', de Luiz de Abreu; a instalação '9493', de Marcellvs L.; a instalação 'Nascente', de Pablo Lobato; a fotografias 'Estatuto da divisão territorial', de Pedro Motta; e o vídeo 'Cordis', de Roberto Bellini e Sérgio Borges.
Três perguntas para...
Eder Santos
cineasta e artista visual
Sua ficção científica viaja pelo universo interior de um homem. O mais longe que se pode ir é dentro de si mesmo? Para além do Atacama (onde o filme foi rodado), onde fica o seu deserto azul?
No mundo, na época em que Deserto azul está ocorrendo, o homem não tem muitos problemas como superpopulação ou violência... e o esporte já não existe. O próximo passo é procurar o desenvolvimento espiritual. É a nova era. A cor do deserto pode ser azul. Cada um pinta o seu deserto. Ou cada um encontra seu pintor no seu deserto. O primeiro passo é ir à procura, atrás da alma. O futuro chega de qualquer maneira. Como vamos chegar a ele é o que interessa. Quem procura sempre acha.
A tecnologia não engole a poesia em Deserto azul. O filme é viagem poética e filosófica. Não perder a ternura é fundamental?
Estou tentando contar uma história de uma maneira fácil, quero alcançar as pessoas. Não sei se vou conseguir. Mas estamos tentando, eu e todos os envolvidos. Queremos passar a ideia de que com emoção se chega a algum lugar. Mesmo em um mundo cercado de vida virtual.
Você trabalha com dois fotógrafos em Deserto azul (o paulista Pedro Farkas e o alemão Stefan Ciupek, que fotografou para Danny Boyle, de Quem quer ser um milionário?). Como foi somar esses talentos?
O Pedro, além de ser meu amigo, é um dos melhores fotógrafos do cinema brasileiro e minha vontade era de trabalhar em película, então foi isso. Nossa amizade tornou possível ele acontecer no filme e o filme acontecer. O Stefan também apareceu como amigo primeiro, depois juntou todo seu talento ao projeto. O filme de alguma forma viraria uma produção digital e Stefan trouxe todo o seu conhecimento do cinema digital. Foi uma combinação que só poderia dar em um filme de ficção cientifica. A primeira “mineira”.
18º Videobrasil
Mostra 30 anos e mostra competitiva Panoramas do Sul. De amanhã a 2 de fevereiro de 2014 no Sesc Pompeia (Rua Clélia, 93, Pompeia) e no Cine Sesc (Rua Augusta, 2.075, Cerqueira César), em São Paulo. Entrada franca. Abertura das mostras às 19h30. Exibição de Deserto azul, às 20h45.