Quem lança livro e abre exposição hoje em Belo Horizonte é um ilustre representante dos autores que consolidaram suas trajetórias a partir dos anos 1980: o mineiro Ricardo Homen, de 52 anos. Do início da carreira até agora ele tem se dedicado a criar desenhos e pinturas de geometria simples, direta, destituída de compromisso com precisão. Praticamente só estruturas dramatizadas arrancadas de matérias pictóricas. Será às 19h, na AM Galeria de Arte, no Bairro Funcionários.
O caminho escolhido por Ricardo Homen constitui singular dicção da abstração geométrica praticada por outros importantes criadores latino-americanos e definida com diversos nomes: construção selvagem, geometria impura, sensível etc. “É um levantamento do que realizei, considerando o que estou fazendo hoje”, avisa Ricardo Homen. A experiência de ter ele mesmo levantado o material reunido, conta, abre a oportunidade de olhar sobre o já realizado.
Essência
“Isso é bom para seguir adiante”, diz Ricardo Homen. “Você percebe que as coisas mudaram, mas a essência permanece, às vezes com visualidade mais orgânica, às vezes mais construída, com mais energia ou dispersa, mas está lá”, observa. A exposição traz duas telas de grande formato (3m x 1,6m) e sete trabalhos da série Pares, respectivamente óleo sobre tela e sobre papel. A primeira mostra faixas de cores vibrantes que “vão desestruturando a pintura”; a segunda, encontro de duas cores criando distintas relações.
Recorrente no já realizado, aponta Ricardo, são construções sem intenção matemática, divisões dos espaços que podem se transformar em ritmo, módulo, série. Em curso nas obras está também a atração pela cor, a relação com o plano (“não sou escultor”), a sedução pela matéria da tinta a óleo, “que provoca a tentação de dominá-la”. “Gosto do fazer, de ver as coisas sendo feitas. A transformação dos materiais me excita”, acrescenta. “A experiência pictórica é corporal, sensorial”, afirma, comparando a pintura ao teatro.
As criações são movidas pelo prazer de descobertas: “Você sabe o que quer, mas quando realiza há sempre surpresas”. Com bom humor, Ricardo Homen observa que nos textos reunidos no livro está tanto quem chame de pintura ao que ele designa de desenho e vice-versa. E a carreira, como recorda, teve origem em estudos com Orlando Castaño, que mostrou a ele que o desenho poderia ser muitas coisas. As primeiras obras premiadas em salões de todo o Brasil, nos anos 1980, na categoria desenho, eram incisões sobre espessas camadas de papel dissolvidas em aguadas de pigmentos. Trabalhos que já naquela ocasião foram tratados como pintura pelas espessas matérias criadas com papel de seda.
É da metade dos anos 1990 o interesse pela tela, como explica o artista, pelo crescente uso de tintas, as mais variadas. O uso de óleo sobre papel por Ricardo Homen, cresce especialmente a partir dos anos 2000. “Estou hoje mais perto da matéria que me agrada”, revela. Ricardo Homen já mostrou seus trabalhos, em exposições coletivas ou individuais, em espaços de arte contemporânea em BH, no Centro Cultural Hélio Oiticica (RJ), Centro Universitário da USP e Espaço Cultural Santander (RS), entre outros.
Ricardo Homen
Lançamento de livro e exposição. Quarta-feira, às 19h. AM Galeria de Arte (Rua Cláudio Manoel, 155, loja 4). De segunda a sexta-feira, das 10h às 19h; sábado, das 10h às 13h30. Até 30 de novembro. Entrada franca. Informações: (31) 3223-4209.
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Essência
“Isso é bom para seguir adiante”, diz Ricardo Homen. “Você percebe que as coisas mudaram, mas a essência permanece, às vezes com visualidade mais orgânica, às vezes mais construída, com mais energia ou dispersa, mas está lá”, observa. A exposição traz duas telas de grande formato (3m x 1,6m) e sete trabalhos da série Pares, respectivamente óleo sobre tela e sobre papel. A primeira mostra faixas de cores vibrantes que “vão desestruturando a pintura”; a segunda, encontro de duas cores criando distintas relações.
Recorrente no já realizado, aponta Ricardo, são construções sem intenção matemática, divisões dos espaços que podem se transformar em ritmo, módulo, série. Em curso nas obras está também a atração pela cor, a relação com o plano (“não sou escultor”), a sedução pela matéria da tinta a óleo, “que provoca a tentação de dominá-la”. “Gosto do fazer, de ver as coisas sendo feitas. A transformação dos materiais me excita”, acrescenta. “A experiência pictórica é corporal, sensorial”, afirma, comparando a pintura ao teatro.
As criações são movidas pelo prazer de descobertas: “Você sabe o que quer, mas quando realiza há sempre surpresas”. Com bom humor, Ricardo Homen observa que nos textos reunidos no livro está tanto quem chame de pintura ao que ele designa de desenho e vice-versa. E a carreira, como recorda, teve origem em estudos com Orlando Castaño, que mostrou a ele que o desenho poderia ser muitas coisas. As primeiras obras premiadas em salões de todo o Brasil, nos anos 1980, na categoria desenho, eram incisões sobre espessas camadas de papel dissolvidas em aguadas de pigmentos. Trabalhos que já naquela ocasião foram tratados como pintura pelas espessas matérias criadas com papel de seda.
É da metade dos anos 1990 o interesse pela tela, como explica o artista, pelo crescente uso de tintas, as mais variadas. O uso de óleo sobre papel por Ricardo Homen, cresce especialmente a partir dos anos 2000. “Estou hoje mais perto da matéria que me agrada”, revela. Ricardo Homen já mostrou seus trabalhos, em exposições coletivas ou individuais, em espaços de arte contemporânea em BH, no Centro Cultural Hélio Oiticica (RJ), Centro Universitário da USP e Espaço Cultural Santander (RS), entre outros.
Ricardo Homen
Lançamento de livro e exposição. Quarta-feira, às 19h. AM Galeria de Arte (Rua Cláudio Manoel, 155, loja 4). De segunda a sexta-feira, das 10h às 19h; sábado, das 10h às 13h30. Até 30 de novembro. Entrada franca. Informações: (31) 3223-4209.