Chamar simplesmente de arena parecia pouco. Anfiteatro também não era a opção mais adequada. Ficaria sem o charme e a modernidade que o local, de certa forma, já carrega. Quando a cenógrafa e diretora Daniela Thomas veio a Minas apresentar o novo projeto a ser construído no Inhotim, ainda não sabia muito bem que nome dar. Até que Bernardo Paz, o idealizador do instituto de arte contemporânea, soltou: “Grota dos Sonhos”. Bateu o martelo.
Até 2015, o museu e jardim botânico de crescente reputação internacional terá a sua primeira sala de espetáculos. Quer dizer, sala é modo de dizer. O espaço a ser erguido nas imediações do parque, com o palco construído dentro de um lago, condiz com a proposta de transversalidade do Inhotim. Ali dentro todas as artes podem – e devem – conversar.
“É um lugar em que você pode ter espaço para concertos, música, dança e ópera. Tem um palco que possibilita isso tudo e, ao mesmo tempo, é um espaço para que o público possa fazer piquenique”, detalha Antônio Grassi, atual diretor- executivo do centro de arte contemporânea erguido em Brumadinho. De acordo com o projeto, apenas o palco será coberto. O público ficará no gramado, em meio às árvores, numa área que poderá comportar de 1,5 a 15 mil pessoas. A entrada será tanto pelo parque, em ações integradas com as outras artes, quanto por uma passagem independente. Até sua inauguração, será construído um novo acesso ao local e área para estacionamento.
Mineiro de Belo Horizonte, desde 1980 Antônio Grassi vive fora de Minas Gerais. Em julho, decidiu deixar a Presidência da Fundação Nacional das Artes (Funarte), para entrar de cabeça no sedutor projeto de pensar, articular e realizar ações e propostas para incrementar as potencialidades do Inhotim em outras áreas, para além das artes plásticas e da botânica. “Ao chegar, a gente vê que tem muita coisa para trabalhar pela frente”, comenta.
Roteiros
Enquanto Daniela Thomas detalha o projeto da Grota dos Sonhos, também sob a supervisão de Grassi, representantes do Inhotim estão nos Estados Unidos articulando com profissionais do Festival de Sundance outra ideia ousada: a de realizar em Minas Gerais um laboratório para roteiristas, com inscrições abertas em todo o mundo.
“A gente precisa muito de roteiristas. Não existe estímulo a essa formação”, ressalta Grassi. Realizado anualmente em janeiro, o Festival de Sundance é uma das ações do Instituto Sundance, fundado pelo ator Robert Redford, em 1978. Além da mostra de filmes, a organização planeja também cursos e ações voltadas para a formação de novos cineastas e demais profissionais envolvidos na cadeia do cinema.
“Eles têm a ideia de se juntar ao Inhotim em nova safra desses laboratórios”, adianta. Os primeiros contatos foram feitos no Canadá e continuaram em reunião em Los Angeles. Em dezembro, representantes de Sundance vêm ao Brasil conhecer o Inhotim. Da forma como vem sendo conversado, o laboratório contaria com a participação de oito roteiristas, de várias nacionalidades.
De acordo com Antônio Grassi, a iniciativa pode ser vista também como um incentivo ao cinema de arte brasileiro. “As experiências bem-sucedidas comercialmente hoje tendem para a comédia. Nós poderíamos abraçar uma causa em um espaço do cinema de arte, que tem sido muito travado. O Inhotim pode criar um selo, que certamente teria uma personalidade”, diz.
O ator não esconde o entusiasmo com o formato dos laboratórios. Similiares ao de roteiro, também estão nos planos formações voltadas para arquitetura e literatura. “Dá para fazer de várias áreas com esse espírito inovador e experimental o que o Inhotim proporciona”, completa. No caso das artes cênicas, o plano não é menos ousado: trazer a companhia fundada pela bailarina alemã Pina Bausch.
Como parte da celebração dos 40 anos do Tanztheater Wuppertal Pina Bausch, o grupo passará pelo Brasil. “Em novembro de 2014 já existe uma possibilidade de eles estarem aqui para temporadas no Rio, na Cidade das Artes, e no Teatro Alpha, em São Paulo. Queremos inserir o Inhotim nesse roteiro. Nosso convite foi para que eles possam vir aqui e pensar como criar uma coisa especialmente para este lugar”, diz.
Acervo em mutação
Na quinta-feira serão abertas as novas exposições temporárias do Inhotim. Será a maior troca de acervo da instituição desde 2006. Todas as obras pertencem ao instituto. Nove telas com imagens domésticas, paisagens naturais, urbanas e abstratas do pintor Luiz Zerbini formarão a exposição Amor lugar comum, na Galeria Praça. Já na área central do mesmo espaço estará Imóvel instável (2011), de Marcius Galan.
A Galeria Fonte receberá variações de 13 artistas sobre o mesmo tema: a natureza morta. Entre eles estão Jorge Macchi, Mauro Restiffe e o minimalista Robert Morris. O baiano Marepe entra em exposição na Galeria Fonte com os trabalhos Olê ô picolé (2007) e A cabra (2007). A galeria Mata receberá instalações de Babette Mangolte e obras de Juan Araújo, que participa de um encontro com o público na terça-feira. O bate-papo será no Museu Mineiro (Avenida João Pinheiro, 342), com entrada franca.
Vem aí
» Grota dos Sonhos
Com projeto da cenógrafa e diretora Daniela Thomas, o teatro do Inhotim deverá ser construído dentro de um lago. O palco foi pensado para receber apresentações de artes cênicas e música. A plateia terá capacidade para receber até 15 mil espectadores.
» Laboratórios e residências artísticas
O americano Sundance Institut articula parceria com o Inhotim para a realização de laboratórios voltados para roteiristas do mundo todo. De carona nessa ideia, também são planejados encontros com profissionais internacionais voltados para arquitetura e literatura. O plano, em todos eles, é conseguir materializar um produto artístico, seja um filme, um projeto arquitetônico ou um livro.
» Inhotim TV
Dentro do projeto de registro de memória do que se passa dentro do instituto há também o projeto da TV Inhotim. O objetivo é exibir na internet e futuramente em um canal de televisão tudo que já foi feito no centro de arte contemporânea. Bastidores da instalação das obras de artistas como Adriana Varejão, Tunga e Cildo Meireles já estão registrados.
Até 2015, o museu e jardim botânico de crescente reputação internacional terá a sua primeira sala de espetáculos. Quer dizer, sala é modo de dizer. O espaço a ser erguido nas imediações do parque, com o palco construído dentro de um lago, condiz com a proposta de transversalidade do Inhotim. Ali dentro todas as artes podem – e devem – conversar.
“É um lugar em que você pode ter espaço para concertos, música, dança e ópera. Tem um palco que possibilita isso tudo e, ao mesmo tempo, é um espaço para que o público possa fazer piquenique”, detalha Antônio Grassi, atual diretor- executivo do centro de arte contemporânea erguido em Brumadinho. De acordo com o projeto, apenas o palco será coberto. O público ficará no gramado, em meio às árvores, numa área que poderá comportar de 1,5 a 15 mil pessoas. A entrada será tanto pelo parque, em ações integradas com as outras artes, quanto por uma passagem independente. Até sua inauguração, será construído um novo acesso ao local e área para estacionamento.
Mineiro de Belo Horizonte, desde 1980 Antônio Grassi vive fora de Minas Gerais. Em julho, decidiu deixar a Presidência da Fundação Nacional das Artes (Funarte), para entrar de cabeça no sedutor projeto de pensar, articular e realizar ações e propostas para incrementar as potencialidades do Inhotim em outras áreas, para além das artes plásticas e da botânica. “Ao chegar, a gente vê que tem muita coisa para trabalhar pela frente”, comenta.
Roteiros
Enquanto Daniela Thomas detalha o projeto da Grota dos Sonhos, também sob a supervisão de Grassi, representantes do Inhotim estão nos Estados Unidos articulando com profissionais do Festival de Sundance outra ideia ousada: a de realizar em Minas Gerais um laboratório para roteiristas, com inscrições abertas em todo o mundo.
“A gente precisa muito de roteiristas. Não existe estímulo a essa formação”, ressalta Grassi. Realizado anualmente em janeiro, o Festival de Sundance é uma das ações do Instituto Sundance, fundado pelo ator Robert Redford, em 1978. Além da mostra de filmes, a organização planeja também cursos e ações voltadas para a formação de novos cineastas e demais profissionais envolvidos na cadeia do cinema.
“Eles têm a ideia de se juntar ao Inhotim em nova safra desses laboratórios”, adianta. Os primeiros contatos foram feitos no Canadá e continuaram em reunião em Los Angeles. Em dezembro, representantes de Sundance vêm ao Brasil conhecer o Inhotim. Da forma como vem sendo conversado, o laboratório contaria com a participação de oito roteiristas, de várias nacionalidades.
De acordo com Antônio Grassi, a iniciativa pode ser vista também como um incentivo ao cinema de arte brasileiro. “As experiências bem-sucedidas comercialmente hoje tendem para a comédia. Nós poderíamos abraçar uma causa em um espaço do cinema de arte, que tem sido muito travado. O Inhotim pode criar um selo, que certamente teria uma personalidade”, diz.
O ator não esconde o entusiasmo com o formato dos laboratórios. Similiares ao de roteiro, também estão nos planos formações voltadas para arquitetura e literatura. “Dá para fazer de várias áreas com esse espírito inovador e experimental o que o Inhotim proporciona”, completa. No caso das artes cênicas, o plano não é menos ousado: trazer a companhia fundada pela bailarina alemã Pina Bausch.
Como parte da celebração dos 40 anos do Tanztheater Wuppertal Pina Bausch, o grupo passará pelo Brasil. “Em novembro de 2014 já existe uma possibilidade de eles estarem aqui para temporadas no Rio, na Cidade das Artes, e no Teatro Alpha, em São Paulo. Queremos inserir o Inhotim nesse roteiro. Nosso convite foi para que eles possam vir aqui e pensar como criar uma coisa especialmente para este lugar”, diz.
Acervo em mutação
Na quinta-feira serão abertas as novas exposições temporárias do Inhotim. Será a maior troca de acervo da instituição desde 2006. Todas as obras pertencem ao instituto. Nove telas com imagens domésticas, paisagens naturais, urbanas e abstratas do pintor Luiz Zerbini formarão a exposição Amor lugar comum, na Galeria Praça. Já na área central do mesmo espaço estará Imóvel instável (2011), de Marcius Galan.
A Galeria Fonte receberá variações de 13 artistas sobre o mesmo tema: a natureza morta. Entre eles estão Jorge Macchi, Mauro Restiffe e o minimalista Robert Morris. O baiano Marepe entra em exposição na Galeria Fonte com os trabalhos Olê ô picolé (2007) e A cabra (2007). A galeria Mata receberá instalações de Babette Mangolte e obras de Juan Araújo, que participa de um encontro com o público na terça-feira. O bate-papo será no Museu Mineiro (Avenida João Pinheiro, 342), com entrada franca.
Vem aí
» Grota dos Sonhos
Com projeto da cenógrafa e diretora Daniela Thomas, o teatro do Inhotim deverá ser construído dentro de um lago. O palco foi pensado para receber apresentações de artes cênicas e música. A plateia terá capacidade para receber até 15 mil espectadores.
» Laboratórios e residências artísticas
O americano Sundance Institut articula parceria com o Inhotim para a realização de laboratórios voltados para roteiristas do mundo todo. De carona nessa ideia, também são planejados encontros com profissionais internacionais voltados para arquitetura e literatura. O plano, em todos eles, é conseguir materializar um produto artístico, seja um filme, um projeto arquitetônico ou um livro.
» Inhotim TV
Dentro do projeto de registro de memória do que se passa dentro do instituto há também o projeto da TV Inhotim. O objetivo é exibir na internet e futuramente em um canal de televisão tudo que já foi feito no centro de arte contemporânea. Bastidores da instalação das obras de artistas como Adriana Varejão, Tunga e Cildo Meireles já estão registrados.