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O espetáculo é consequência do seminal 'Dança burra', primeiro solo do artista, encenado em 1987, quando Marcelo Gabriel estava com 16 anos. O trabalho pioneiro foi apresentado em Juiz de Fora, durante mostra coletiva de artistas plásticos. Obra originária, a performance está na base de tudo que o artista desenvolveria depois, sobretudo em sua mescla de mídias – dança, teatro físico, artes visuais, vídeo, instalação cênica. Em 1988, Dança burra ganhou reconhecimento do 20º Salão Nacional do Museu de Arte de Belo Horizonte. “Foi a senha para levar adiante a pesquisa de subversão do eixo gravitacional das artes convencionais e dos limites do corpo”, analisa.
SEM LIMITE
Dança burra II parte da inspiração do original. O espetáculo traz vídeos que recuperam a primeira obra, que são intercalados com novas performances. “Não acredito em nenhum tipo de limite. O papel da arte é sempre transcender”, diz Marcelo. E exemplifica: para a nova instalação cênica, ele convidou a performer Hilmara Fernandes, que tem uma movimentação completamente fora da métrica da dança, e que divide com ele um pas-de-deux. “Vejo beleza na vida, na existência, na diferença. Não me interessam o padrão e a estilística da dança”, afirma.
Mesmo com a participação especial, ele faz questão definir Dança burra II como essencialmente um solo. Há um lado político nessa opção, que aponta para a combatividade do projeto do artista. “É difícil manter uma companhia de dança neste país. Ir contra o estabelecido requer coragem, é uma tarefa pessoal”, defende.
Dança burra II, nas palavras do próprio criador, é um momento a mais nessa trajetória crítica: “Aprofundo a análise tendo como fundamento a construção de signos de poder e dominação, sua estrutura no discurso e influência no corpo da linguagem”. A Dança burra, como se vê, exige público com disposição para pensar.
DANÇA BURRA II
Direção e atuação Marcelo Gabriel. Sábado, às 21h. Teatro da Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa, Praça da Liberdade, 21, Funcionários, (31) 3269-1226. Ingressos: R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia-entrada).