"A literatura brasileira tem muito a oferecer na diversidade de seus protótipos, sua turbulência, a renovação dos seus formatos, a variedade de registros dos diálogos irônicos em relação aos padrões atuais, além de paródias e pastiches entre os mais estimulantes", acrescentou.
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O ministro das relações exteriores da Alemanha, Guido Westerwelle, fez coro à presidente da ABL ao declarar que o Brasil era "um peso pesado da cultura". Para reforçar a posição do país no mundo literário, o governo brasileiro liberou desde 2011 uma verba de cerca de um milhão de euros para que cerca de 300 obras nacionais sejam traduzidas em 67 idiomas.
O Brasil é convidado de honra pela segunda vez, depois da edição de 1994. Maior evento de literatura do planeta, a Feira tem 7.100 expositores e deve acolher entre 250.000 e 300.000 visitantes até domingo.
Seleção de autores gera polêmica
"Este evento é fonte de esperança para o Brasil", explicou Renato Lessa, Presidente da Fundação Biblioteca Nacional, que lidera a comitiva brasileira, representada por 70 autores e 170 editoras.
A seleção dos autores, no entanto, foi motivo de polêmica. A imprensa alemã não deixou de destacar o fato que apenas um escritor negro viajou a Frankfurt, o carioca Paulo Lins, autor de "Cidade de Deus", livro publicado em 1997 que inspirou o filme de Fernando Meirelles, sucesso internacional de público e de crítica.
Outro incidente que causou alvoroço foi a ausência de Paulo Coelho, brasileiro mais publicado no mundo, que foi convidado, mas resolveu boicotar o evento, reclamando justamente da lista de autores selecionados.
O 'Mago' alegou que conhecia apenas vinte dos 70 escritores escolhidos para representar o país. "São provavelmente amigos de amigos. É nepotismo. Temos uma nova cena literária incrível no Brasil, mas muitos destes novos autores ficaram de fora", lamentou Paulo Coelho em entrevista ao jornal alemão Die Welt.
Apesar da vontade oficial de fugir dos clichês, muitos dos livros apresentados falam sobre futebol, pegando carona na Copa do Mundo de 2014, que será organizada no Brasil.
Muitas obras também tratam da desigualdade social do país, em meio à onda de protestos pedindo melhoria dos serviços públicos desde junho. "Cerca de 9% das pessoas não sabem ler nem escrever e 20% são considerados analfabetas.
"Ocupamos os últimos lugares no ranking que avalia o desempenho escolar no mundo: cerca de 9% da população permanece analfabeta e 20% são classificados como analfabetos funcionais", criticou o escritor mineiro Luiz Ruffato.
"A perpetuação da ignorância como instrumento de dominação, marca registrada da elite que permaneceu no poder até muito recentemente, pode ser mensurada", completou.