

Castro é calejado quando se trata de ações da Justiça por conta de biografias. Em 2006, teve fim uma luta de quase uma década com os herdeiros de Garrincha, que ganharam o direito a indenizações por danos morais por causa da biografia 'Estrela solitária', publicada em 1995. Autor de Carmem: uma biografia e O anjo pornográfico — A vida de Nelson Rodrigues, o escritor e jornalista decidiu que, enquanto a lei não for aprovada, ele não escreve mais biografias. “Há anos esse troço está se arrastando e nem passa pela minha cabeça fazer biografia enquanto essa história não se resolver. Com isso, o Brasil simplesmente perde sua história”, lamenta. Hoje, Estrela solitária está disponível nas livrarias com o aviso “finalmente liberado” impresso em uma faixa vermelha.
Já Paulo Cesar Araújo teve menos sorte com seu Roberto Carlos em detalhes, recolhido das livrarias logo após o lançamento, em 2007. O cantor entrou com uma ação de invasão de privacidade e conseguiu que o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro mandasse recolher os 11 mil exemplares à venda nas livrarias.
Castro e Araújo são soldados de uma causa que mobiliza boa parte dos escritores brasileiros. O Diversão&Arte conversou com alguns deles para repercutir o manifesto lido na Bienal. O consenso é de que a censura prévia imposta pela legislação pode enterrar uma parte da história brasileira.