Anunciado em março entre os 70 escritores selecionados pelo Ministério da Cultura (MinC) para representar o Brasil na Feira do Livro de Frankfurt, Paulo Coelho, o autor brasileiro mais vendido no exterior, cancelou sua participação no maior evento editorial do mundo, que acontece de 9 a 13 deste mês. Em entrevista a ser publicada hoje em jornais da Alemanha, ele ativou sua metralhadora verbal e atirou petardos para alvos diversos, não poupando o governo, tampouco os críticos literários. Disse que "duvida" que todos os 70 convidados sejam escritores, que conhece só 20 dos nomes e que "presumivelmente são amigos de amigos de amigos. Nepotismo". Sobre a razão de sua desistência, disse não aprovar "a maneira como o Brasil representa sua literatura".
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O curador Manuel da Costa Pinto, um dos responsáveis pela programação literária do país na feira, disse não ter sido informado da desistência de Coelho. "Se estiver confirmado, acho lamentável, porque é o autor mais vendido do Brasil e seria uma presença obrigatória num evento comercial como esse". A ausência de escritores comerciais na lista já havia sido levantada por Raphael Draccon por ocasião do anúncio dos nomes pelo MinC, em março, no post "Frankfurt 2013, ou Como o mercado editorial irá evoluir ou morrer", publicado em seu blog.
Costa Pinto diz que, entre os critérios da curadoria, estava selecionar autores agraciados com os principais prêmios de literatura do país e com "qualidade estética". "Autores que também são fenômenos de venda constam da lista, como Ziraldo, Mauricio de Sousa e outros infantojuvenis, além do próprio Paulo Coelho", diz Antonio Martinelli, coordenador da programação brasileira em Frankfurt. "Em sua maioria, são autores que estão despertando amplo interesse em editores internacionais, que vêm se abrindo para as mais diferentes vertentes da nossa literatura contemporânea, para além da literatura mais palatável ao gosto comum".
Em 1994, quando o Brasil foi homenageado pela primeira vez na Feira de Frankfurt, Paulo Coelho ficou de fora da lista de 20 nomes levados pelo Ministério da Cultura, que incluía Chico Buarque, Darcy Ribeiro, Ferreira Gullar, João Ubaldo Ribeiro e Rubem Fonseca. Acabou indo por conta própria.