O resultado da obra da artista plástica Laura Belém chega agora ao público em frentes diferentes. A primeira é um livro de sua autoria, que ela lança hoje, na Livraria Quixote, em Belo Horizonte. A edição retrospectiva documenta 21 instalações, além de fotografias, vídeos e trabalhos sobre papel produzidos entre 2002 e 2013.
A outra vertente é uma exposição em Paris, na França, que acaba de inaugurar na Galerie Virginie Louvet, com uma instalação inédita intitulada O jardim secreto ou a passagem do trópico. A sensibilidade para transformar em arte a sua visão de aspectos do cotidiano está por trás de ambas as apostas.
Primeira monografia dedicada à criação da artista mineira, a publicação da Editora Cosac Naif traz imagens de trabalhos exibidos em museus e galerias em várias partes do mundo, como O templo dos mil sinos, apresentada na Bienal de Liverpool, na Inglaterra (2010), e as várias instalações criadas para o Museu de Arte da Pampulha (MG).
Completam a edição textos analíticos de críticos, como o escrito por Lorenzo Fusi. "As narrativas da memória, deslocamento e transitoriedade são centrais nas obras contextuais de Laura Belém. Suas intervenções poéticas e meditativas tocam a essência das emoções humanas e, dessa forma, fazem-nos mudar nossas perspectivas do cotidiano", observa Fusi em seu texto.
VIDA E OBRA A artista Laura Belém nasceu em Belo Horizonte, em 1974. Formou-se em artes pela Escola de Belas Artes da UFMG (1996) e tem mestrado em artes pelo Central Saint Martins College of Art, Londres (2000). Tem, no currículo, participações em residências artísticas em Madri, Nova York e Toronto. Foi contemplada com a Bolsa Pampulha, em 2003, e foi uma das vencedoras da 4ª Edição do Prêmio Marcantonio Vilaça para as Artes Plásticas, em 2011.
LAURA BELÉM Lançamento do livro da artista. Hoje, das 11h às 14h, na Livraria Quixote, (Rua Fernandes Tourinho, 274, Savassi). Informações: (31) 3227-3077. Haverá lançamentos ainda em novembro, dia 6, às 19h, na Galeria Luisa Strina, em São Paulo, e no dia 7, das 19h às 22h, na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro.
Três perguntas para...
Laura Belém, artista plástica
Há algum pensamento que une todos os trabalhos? Quais aspectos você evidencia como recorrentes em sua pesquisa visual?
Há uma vontade de me comunicar com o mundo de uma forma poética, consciente, reflexiva. Há também um grande interesse em criar obras que dialogam com as especificidades do local, respondendo a cada contexto de forma singular. Daí um grande número de trabalhos site-specific. Vejo a arte como uma forma de reinvenção do mundo e do sujeito. Por outro lado, sinto que é importante deixar espaço para o espectador fazer suas próprias leituras e conexões.
Você é uma artista que conseguiu entrar no circuito nacional e internacional de arte e não saiu de Minas. Como conseguiu estabelecer conexões do seu trabalho tanto no país como no exterior?
Sempre acreditei que a arte não está limitada a fronteiras e sempre pensei estar produzindo para um contexto e um público mais amplos. Para que o trabalho circulasse e para que eu pudesse aprender e trocar com várias culturas, busquei programas de residência artística em países diversos, principalmente no início da minha carreira. Tive também o apoio de várias bolsas, o que me possibilitou cursar o mestrado em Londres, ou a Bolsa Pampulha, do Museu de Arte da Pampulha, que veio num momento superimportante. As bolsas possibilitaram uma imersão mais profunda no trabalho e o contato com curadores e críticos brasileiros. Dessa forma, apesar de ter vivido em Belo Horizonte a maior parte da minha vida, sempre circulei e o trabalho circulou junto. O restante ficou a cargo do destino, alguns convites vieram de forma muito inesperada. Como artista plástica, a gente nunca sabe qual será o alcance do trabalho e muitas vezes se surpreende. Sou muito grata pelas oportunidades de mostrar meu trabalho.
O livro é importante neste momento de sua criação?
O livro é muito importante, pois documenta 12 anos de produção. Como um objeto, ele possibilita uma visão de conjunto do trabalho e o registro de muitas obras temporárias – instalações que foram montadas apenas uma ou duas vezes, várias delas no exterior. Ele inclui três textos que gosto muito – um do Rafael Vogt Maia Rosa, na forma de um ensaio mais livre, literário, que foi escrito especialmente para esta publicação; e dois outros textos críticos – um do Rodrigo Moura e outro do Lorenzo Fusi, que haviam sido publicados em inglês e que foram agora traduzidos para o português. Pelos textos e pela compilação de obras, o livro assume também um caráter educativo, contribuindo para a informação no campo da arte contemporânea brasileira. De um ponto de vista mais pessoal, ele me permite encerrar um ciclo para iniciar outro.
A outra vertente é uma exposição em Paris, na França, que acaba de inaugurar na Galerie Virginie Louvet, com uma instalação inédita intitulada O jardim secreto ou a passagem do trópico. A sensibilidade para transformar em arte a sua visão de aspectos do cotidiano está por trás de ambas as apostas.
Primeira monografia dedicada à criação da artista mineira, a publicação da Editora Cosac Naif traz imagens de trabalhos exibidos em museus e galerias em várias partes do mundo, como O templo dos mil sinos, apresentada na Bienal de Liverpool, na Inglaterra (2010), e as várias instalações criadas para o Museu de Arte da Pampulha (MG).
Completam a edição textos analíticos de críticos, como o escrito por Lorenzo Fusi. "As narrativas da memória, deslocamento e transitoriedade são centrais nas obras contextuais de Laura Belém. Suas intervenções poéticas e meditativas tocam a essência das emoções humanas e, dessa forma, fazem-nos mudar nossas perspectivas do cotidiano", observa Fusi em seu texto.
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LAURA BELÉM Lançamento do livro da artista. Hoje, das 11h às 14h, na Livraria Quixote, (Rua Fernandes Tourinho, 274, Savassi). Informações: (31) 3227-3077. Haverá lançamentos ainda em novembro, dia 6, às 19h, na Galeria Luisa Strina, em São Paulo, e no dia 7, das 19h às 22h, na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro.
Três perguntas para...
Laura Belém, artista plástica
Há algum pensamento que une todos os trabalhos? Quais aspectos você evidencia como recorrentes em sua pesquisa visual?
Há uma vontade de me comunicar com o mundo de uma forma poética, consciente, reflexiva. Há também um grande interesse em criar obras que dialogam com as especificidades do local, respondendo a cada contexto de forma singular. Daí um grande número de trabalhos site-specific. Vejo a arte como uma forma de reinvenção do mundo e do sujeito. Por outro lado, sinto que é importante deixar espaço para o espectador fazer suas próprias leituras e conexões.
Você é uma artista que conseguiu entrar no circuito nacional e internacional de arte e não saiu de Minas. Como conseguiu estabelecer conexões do seu trabalho tanto no país como no exterior?
Sempre acreditei que a arte não está limitada a fronteiras e sempre pensei estar produzindo para um contexto e um público mais amplos. Para que o trabalho circulasse e para que eu pudesse aprender e trocar com várias culturas, busquei programas de residência artística em países diversos, principalmente no início da minha carreira. Tive também o apoio de várias bolsas, o que me possibilitou cursar o mestrado em Londres, ou a Bolsa Pampulha, do Museu de Arte da Pampulha, que veio num momento superimportante. As bolsas possibilitaram uma imersão mais profunda no trabalho e o contato com curadores e críticos brasileiros. Dessa forma, apesar de ter vivido em Belo Horizonte a maior parte da minha vida, sempre circulei e o trabalho circulou junto. O restante ficou a cargo do destino, alguns convites vieram de forma muito inesperada. Como artista plástica, a gente nunca sabe qual será o alcance do trabalho e muitas vezes se surpreende. Sou muito grata pelas oportunidades de mostrar meu trabalho.
O livro é importante neste momento de sua criação?
O livro é muito importante, pois documenta 12 anos de produção. Como um objeto, ele possibilita uma visão de conjunto do trabalho e o registro de muitas obras temporárias – instalações que foram montadas apenas uma ou duas vezes, várias delas no exterior. Ele inclui três textos que gosto muito – um do Rafael Vogt Maia Rosa, na forma de um ensaio mais livre, literário, que foi escrito especialmente para esta publicação; e dois outros textos críticos – um do Rodrigo Moura e outro do Lorenzo Fusi, que haviam sido publicados em inglês e que foram agora traduzidos para o português. Pelos textos e pela compilação de obras, o livro assume também um caráter educativo, contribuindo para a informação no campo da arte contemporânea brasileira. De um ponto de vista mais pessoal, ele me permite encerrar um ciclo para iniciar outro.