Rigorosa composição matemática de Escher traz liberdade de imaginação para suas obras

Artista desafia a crítica sem deixar de encantar o público de todo o mundo. Palácio das Artes recebe exposição do holandês

por Sérgio Rodrigo Reis 20/09/2013 07:15

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Fotos: Fundação Escher/Reprodução
"Nessa xilogravura adotei uma redução contínua, quase maníaca, até alcançar o limite da execução na prática", explica Escher (foto: Fotos: Fundação Escher/Reprodução)

Há duas experiências universais para quem toma contato com a obra de Escher: em primeiro lugar o espanto; em seguida o desafio intelectual de traduzir em palavras o efeito fantástico que emana dos trabalhos. A exposição 'A magia de Escher' lança mão de recursos semelhantes aos que tornaram o artista gráfico holandês conhecido: os paradoxos, a ilusão de ótica e os desenhos realistas. As características foram sendo consolidadas durante as elaborações de trabalhos inspirados em representações de construções impossíveis, no preenchimento regular do plano, em explorações do infinito e em metamorfoses – padrões geométricos entrecruzados que se transformam gradualmente em formas diferentes. Com a técnica, ele realizou gravuras capazes de provocar efeitos impactantes, como as ilusões de ótica, respeitando as regras geométricas da perspectiva.

Ao se deparar com mosaicos mouros numa viagem à Espanha, Escher se sentiu estimulado ainda a desenhar utilizando-se do preenchimento regular do plano. Os efeitos de como as formas das figuras se entrelaçavam e se repetiam, formando padrões geométricos, estimularam sua imaginação. Ao usar nos desenhos uma malha de polígonos, regulares ou não, surgiram modificações sem alterar a área do polígono original. O processo o inspirou a criar figuras de homens, peixes, aves, lagartos, todos envolvidos de tal maneira que nenhum poderia mais ser alterado. Quando decidiu representar o espaço tridimensional no papel, a técnica deu novo salto, originando representações distorcidas e os paradoxos. “Talvez esteja sempre em busca do espantoso e, por isso, procure apenas provocar espanto no espectador”, justificou o artista.

Confira alguns dos recursos dos quais Escher lançou mão para criar efeitos que fazem dele um dos mais importantes artistas gráficos contemporâneos, amado pelo público em todo o mundo, o que confirma a universalidade de seu trabalho.

Espelhamento

O artista brincava com espelhos e imagens refletidas. Explorou o recurso de vários modos, até mesmo em grande número de autorretratos, que sempre envolviam o uso de um espelho. Sempre trabalhou com um espelho convexo. A distorção produzida cria uma visão ampla do entorno. A litografia Três esferas II, de 1946, ilustra essa pesquisa.

Ladrilhamento


O conceito de divisão regular do plano – o ladrilhamento – é considerado por Escher como seu tema mais importante. Era sua maneira de expressar a fascinação pela eternidade e pelo infinito de diferentes formas. Na xilogravura Céu e água I, de 1938, as silhuetas dos peixes brancos se fundem para formar o céu para as aves, enquanto na metade inferior os pássaros pretos se misturam para dar forma à água para os peixes. Já na litografia Encontro (1944), o recurso é usado para criar dois tipos de figuras que se fundem.







Eternidade

A combinação de técnicas artísticas tradicionais e conhecimentos matemáticos específicos é fundamental para obra de Escher. Os temas matemáticos vão além dos limites tradicionais de arte e dão às gravuras o poder de criar formas e propor mitologias. A xilo Fita de Moebius II, de 1963, foi feita a partir deste raciocínio.

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