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Alegorias
Segundo Henrique Limadre, a peça mistura citações, tem humor, crítica e muita cor. “São três pontos de vista diferentes. Cada encontro traz uma série de referências – por que não alegorias?”, comenta. O resultado é fruto de quase um ano de pesquisa, boa parte dedicada à construção da dramaturgia. 'Trilogia suja de Havana', 'Anima tropical' e também 'O rei de Havana' são alguns dos livros que de alguma forma aparecem nos diálogos.
“Esses encontros se relacionam a algum Pedro Juan. Pode ser personagem de um livro. Não usamos diretamente textos dele”, diz Júnia. Embora a protagonista a represente de alguma forma, a atriz se diz admiradora de Pedro Juan, mas não tanto quanto sua criatura. “Gosto muito da literatura dele, mas não sonho encontrar com ele. É mais uma brincadeira”, esclarece.
Mesmo assim, para fazer a peça, a artista mineira precisou entrar em contato com o cubano. Foi por e-mail, e ele respondeu. “Tem também uma brincadeira com a realidade. Esse e-mail é algo que permeia a dramaturgia”, conta Henrique Limadre. Segundo ele, o grupo tentou trazer Pedro Juan para a estreia, mas não foi possível por questões de agenda. “Mas ele ainda vem”, espera.
'Encontro com Pedro Juan' é o terceiro espetáculo do Teatro171, depois de 'Av. Pindorama 171' e 'Kika'. Assim como nos trabalhos anteriores, mesmo optando por uma linguagem alegórica, Henrique Limadre sempre encontra espaço para um posicionamento político no palco. Neste caso, para Henrique Limadre, ainda mais. “Falar de Cuba é uma maneira de se posicionar”, diz.
Como Júnia Pereira completa, apesar de política não ser um tema central da peça, ela aparece no que é dito em cena, não necessariamente no modo como se diz. “Colocar o Pedro Juan em cena envolve muito a visão de uma parte da esquerda brasileira sobre Cuba, um sonho, uma utopia, uma forma alternativa de habitar o mundo e se organizar políticamente. Há a representação dessa utopia, e em um desses encontros, abordamos isso de uma maneira mais direta”, detalha.
Encontro com Pedro Juan
De quarta-feira a sábado, às 21h, no Esquyna - Espaço Coletivo Teatral
Endereço: Rua Célia de Souz, 571, Sagrada Família
Ingressos: R$ 20 (inteira)