De uma geração de escritores gaúchos que se firmou no cenário da literatura brasileira, com ecos em alguns países sul-americanos e da Europa, nos quais suas obras começam a ficar conhecidas, Cíntia Moscovich estará em Belo Horizonte nesta segunda-feira, 16, para lançar o livro de contos 'Essa coisa brilhante que é a chuva'.
Publicado pela Editora Record no ano passado, o livro conquistou a indicação para o prestigiado Prêmio Portugal Telecom, no gênero contos, ao lado de trabalhos de Noemi Jaffe, Tércia Montenegro e Sérgio Sant’Anna. O resultado será conhecido em novembro. “Além do dinheiro, que não faz mal para ninguém, é uma espécie de passaporte carimbado. Uma bênção, pois ajuda a divulgar a obra e a tornar o escritor mais conhecido.”
Honrarias literárias à parte, Cíntia Moscovich, que é autora do romance 'Por que sou gorda, mamãe?', de 2006, conta que o processo de criação dos contos de 'Essa coisa brilhante que é a chuva' se deu numa fase complicada da sua vida, devido a um câncer de garganta. “Em setembro de 2008, quando vinha escrevendo algumas histórias do livro, no maior entusiasmo, descobri que estava com a doença e tive de parar com tudo para poder enfrentá-la. O tratamento é muito penoso.”
Três anos depois, superada essa fase, ela voltou à ativa, soltou a imaginação e, com menos de seis meses, o livro estava pronto. Cíntia Moscovich conta ainda que muitas pessoas sugeriram a ela escrever sobre a experiência com a doença, mas ela recusou. “Não queria fazer do livro um chororô, uma catarse, mas contar histórias bem-humoradas, já que o humor, no meu entender, é muito maltratado na nossa literatura. Com exceções óbvias, como Luis Fernando Verissimo”, diz.
Ex-editora da seção de livros do jornal Zero Hora, de Porto Alegre, no qual continua assinando crônica mensal, atualmente a escritora também ministra oficina de literatura na sua casa, no Bairro Bom Retiro, na capital gaúcha, onde nasceu em 1958. “A casa é grande, tem um jardim muito bonito e a convivência com a turma jovem, que está começando a escrever, é muito interessante. Aprendo muito com eles”, reconhece.
Três perguntas para...
Cíntia Moscovich, escritora
Você acha que o conto brasileiro está vivendo uma boa fase?
O grande momento do conto, a meu ver, aconteceu na década de 1970, quando se deu o grande boom do conto brasileiro, no qual os mineiros tiveram uma participação muito importante. A partir daí, começou o declínio, com uma recuperação nos anos 1990, quando Nelson Oliveira e Luíz Ruffato, por exemplo, lançaram boas antologias do gênero. Depois disso, o conto caiu muito e não vejo sinais de recuperação.
A que se deve essa situação?
Acho que nós, os contistas, escrevemos de uma forma muito sofisticada, como o próprio gênero exige, e isso acaba dificultando para os leitores, sobretudo os jovens, que estão com pouca paciência. Mas não acho que, por causa disso, precisamos fazer concessões. Não é este o caso.
E qual gênero está atualmente em alta?
Já há muito tempo que é o romance e as histórias infantojuvenis. Todos os editores estão pedindo, porque além de venderem bem, existe a possibilidade de compras por parte do governo.
Essa coisa brilhante que é a chuva
De Cíntia Moscovich, Editora Record, 140 páginas. Lançamento e bate-papo com a autora nesta segunda-feira, 16, às 19h30, na Sala Juvenal Dias, do Palácio das Artes, Avenida Afonso Pena, 1.537, Centro, Projeto Sempre um papo. Informações: (31) 3261-1501 e www.sempreumpapo.com.br.
Publicado pela Editora Record no ano passado, o livro conquistou a indicação para o prestigiado Prêmio Portugal Telecom, no gênero contos, ao lado de trabalhos de Noemi Jaffe, Tércia Montenegro e Sérgio Sant’Anna. O resultado será conhecido em novembro. “Além do dinheiro, que não faz mal para ninguém, é uma espécie de passaporte carimbado. Uma bênção, pois ajuda a divulgar a obra e a tornar o escritor mais conhecido.”
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Três anos depois, superada essa fase, ela voltou à ativa, soltou a imaginação e, com menos de seis meses, o livro estava pronto. Cíntia Moscovich conta ainda que muitas pessoas sugeriram a ela escrever sobre a experiência com a doença, mas ela recusou. “Não queria fazer do livro um chororô, uma catarse, mas contar histórias bem-humoradas, já que o humor, no meu entender, é muito maltratado na nossa literatura. Com exceções óbvias, como Luis Fernando Verissimo”, diz.
Ex-editora da seção de livros do jornal Zero Hora, de Porto Alegre, no qual continua assinando crônica mensal, atualmente a escritora também ministra oficina de literatura na sua casa, no Bairro Bom Retiro, na capital gaúcha, onde nasceu em 1958. “A casa é grande, tem um jardim muito bonito e a convivência com a turma jovem, que está começando a escrever, é muito interessante. Aprendo muito com eles”, reconhece.
Três perguntas para...
Cíntia Moscovich, escritora
Você acha que o conto brasileiro está vivendo uma boa fase?
O grande momento do conto, a meu ver, aconteceu na década de 1970, quando se deu o grande boom do conto brasileiro, no qual os mineiros tiveram uma participação muito importante. A partir daí, começou o declínio, com uma recuperação nos anos 1990, quando Nelson Oliveira e Luíz Ruffato, por exemplo, lançaram boas antologias do gênero. Depois disso, o conto caiu muito e não vejo sinais de recuperação.
A que se deve essa situação?
Acho que nós, os contistas, escrevemos de uma forma muito sofisticada, como o próprio gênero exige, e isso acaba dificultando para os leitores, sobretudo os jovens, que estão com pouca paciência. Mas não acho que, por causa disso, precisamos fazer concessões. Não é este o caso.
E qual gênero está atualmente em alta?
Já há muito tempo que é o romance e as histórias infantojuvenis. Todos os editores estão pedindo, porque além de venderem bem, existe a possibilidade de compras por parte do governo.
Essa coisa brilhante que é a chuva
De Cíntia Moscovich, Editora Record, 140 páginas. Lançamento e bate-papo com a autora nesta segunda-feira, 16, às 19h30, na Sala Juvenal Dias, do Palácio das Artes, Avenida Afonso Pena, 1.537, Centro, Projeto Sempre um papo. Informações: (31) 3261-1501 e www.sempreumpapo.com.br.