As obras exprimem a tensão entre o público e o privado. Mobiliário urbano levado para dentro da casa com a natureza, em espaços localizados abaixo do nível da rua. Situações mostradas com o olhar, explica a artista, que tem algo de sociológico, mas que também abstrai contextos, impedindo qualquer consideração realista. Exemplo dessa ação de extrapolar fronteiras muito definidas, aponta, pode ser uma obra feita não a partir da casa visitada, que havia sido destruída, mas das histórias sobre ela. Outra, danificada por um vendaval, motivou um desenho com o título de Vento.
“Às vezes, percebo que o que está nas peças é a experiência humana no espaço e a necessidade dele de construir um lugar”, conta Sara Lambranho. Falando da experiência de trabalhar simultaneamente com desenho e vídeo, a artista explica que foram duas instâncias para pensar as construções. Com o vídeo atravessando seus interiores, explorando as coisas de dentro para fora; o desenho permitindo investigações de fora para dentro. “Penso com o desenho, ele é a minha escrita, modo de elaborar a peça”, afirma. “O resultado pode ser ele mesmo ou outra coisa”, acrescenta.
Depois de apresentar instalação que era uma cerca viva vedando acesso a uma das galerias do Palácio da Artes, Sara Lambranho volta ao local com nova exposição ainda este ano. Também na agenda a participação em uma coletiva em galeria de São Paulo. A artista é formada pela Escola Guignard, da UEMG.