Nicholas Sparks antecipa edição americana e lança 'Uma longa jornada' na Bienal do Rio

Autor, sempre entre os mais vendidos, já tem oito livros adaptados para o cinema

por Mariana Peixoto 28/08/2013 07:20

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Jacket Photo/Divulgação
Sparks já vendeu mais de 90 milhões de livros no mundo, sem abrir mão da fórmula romântica e das histórias de superação (foto: Jacket Photo/Divulgação)
Recém-chegado às livrarias, 'Uma longa jornada' já ocupa o quinto lugar nas listas dos mais vendidos na seara de ficção. O que não chega a ser novidade alguma, pois dificilmente um livro de Nicholas Sparks não figura uma semana como um dos 10 mais no Brasil. Desde 1996, com a estreia, 'Diário de uma paixão', esse norte-americano de 47 anos é sinônimo de números exorbitantes. São 90 milhões de exemplares ao redor do globo, de 18 romances, 17 deles já publicados no Brasil. 'Uma longa jornada' sai por aqui com tiragem inicial de 150 mil exemplares, número que deve ser facilmente superado, pois o autor está no país para divulgá-lo.

Sparks é o autor mais popular a participar da Bienal Internacional do Livro do Rio, que começa amanhã, no Riocentro. No sábado, encontra-se com o público a partir das 12h. O investimento da Editora Arqueiro, que hoje publica seus livros, é grande, tanto que 'Uma longa jornada' ganhou edição brasileira antes dos Estados Unidos, que lerão a obra somente a partir de setembro. Só de cinco títulos – 'O melhor de mim', 'O casamento', 'À primeira vista', 'Uma curva na estrada' e 'O guardião' – a editora paulista vendeu 750 mil exemplares. Prepara-se para relançar, ainda este ano, 'Uma carta de amor' e 'O resgate', que haviam sido publicadores anteriormente por outras editoras.

As narrativas de Sparks obedecem a uma série de regras, quase nunca modificadas: são histórias de amor um tanto açucaradas em que o casal sempre enfrenta muitas dificuldades (isso quando um deles não morre). Ambientadas no interior dos EUA, feitas de gente simples e comum. As capas, pelo menos das edições brasileiras, são também monotemáticas, com um casal olho no olho, naquele momento que antecede (ou precede) um beijo.

'Uma longa jornada', para os padrões de Sparks, traz alguma mudança. Em foco estão dois casais de gerações diferentes que, num primeiro momento, parecem não se encontrar. Um senhor idoso, que depois de sofrer acidente de carro se relembra dos momentos da juventude ao lado da então mulher, já morta; e uma estudante de história da arte que se apaixona por um caubói de origem simples. A capa foge do habitual: traz uma imagem ao longe de um casal e um cavalo e foi definida pela editora após votação virtual dos leitores.

Antes mesmo de ser publicado, o livro teve seus direitos cinematográficos vendidos para a Fox, que deve lançar o filme em 2015 – assim como ocorreu com oito de seus romances anteriores. Com bom olho para os negócios, esse pai de família (são cinco filhos) que vive na Carolina do Norte amplifica seu poder até Hollywood. Um escritor, mas homem de negócios também, como deixa claro na entrevista concedida ao Estado de Minas na manhã de ontem, pouco depois de chegar ao Brasil.

Entrevista
Nicholas Sparks
escritor

O senhor busca trazer elementos de sua própria vida para os romances. O que 'Uma longa jornada' tem de biográfico?
O rancho do livro é o do meu cunhado. Bob, meu cunhado, foi casado com minha irmã, que morreu há 13 anos. Hoje está casado com outra, que é incrível, e juntos criam os filhos que teve com minha irmã. Bob ainda participa de rodeios e o casal cultiva pinheiros de Natal, como no livro. Então, tudo o que acontece em torno do rancho na história desse livro é verídico. E devo dizer que pensei no público brasileiro quando estava escrevendo esse livro, pois sei que os rodeios são tão populares no Brasil quanto nos EUA.

Antes mesmo de ser lançado, 'Uma longa jornada' já teve os direitos de adaptação cinematográfica vendidos. Oito de seus romances já foram lançados no cinema. Como esse processo funciona?
Além dos oito filmes, outras três adaptações estão atualmente em diferentes estágios de produção. Geralmente, assim que termino um romance, vou até meus agentes em Hollywood para definir quando e como vamos introduzir o projeto para os estúdios. Para 'Uma longa jornada' tínhamos dúvidas de quando fazer a oferta devido ao lançamento de 'Um porto seguro' (que estreou no Brasil em abril). Se fizéssemos a proposta antes do lançamento do filme, poderiam falar que estávamos com medo de como 'Um porto seguro' iria nas bilheterias. Se fizéssemos a oferta depois, falariam que queríamos capitalizar em torno do sucesso do filme anterior. Essencialmente, o que fizemos foi apresentar a oferta no fim de semana de lançamento nos EUA de Um porto seguro, daí ninguém pôde falar nada. E acompanho todo o processo bem de perto, ainda mais como coprodutor do filme. Participo da seleção de diretor, elenco, frequento o set.

Morte, doenças e outros problemas sempre estão presentes em suas histórias. Para encontrar a felicidade, as adversidades são obrigatórias?
O que tento fazer nos romances é explorar toda a gama de emoções humanas. Quanto mais você as explora, mais próximo o leitor vai se sentir dos personagens, pois eles se tornam mais reais. Assim como na vida real, a felicidade é apenas um lado da moeda. Você não pode ter uma coisa sem ter a outra.
 
Depois do sucesso de '50 tons de cinza' e da onda de romances eróticos, o senhor não ficou tentado a apimentar suas histórias?
Não. Escrevo o que escrevo, ela (E. L. James) escreve do jeito que escreve e os leitores vão ler o que quiserem. É dessa maneira que as coisas sempre funcionaram. Na verdade, desisti de tentar predizer o futuro. Não faço promessas. Tudo depende da história que quero contar. Mas, por ora, ainda não vi razão para mudar.

Hoje em dia, com os livros digitais, ficou mais fácil e barato publicar um livro de maneira independente. Qualquer um pode se tornar um escritor?
Claro! Bem, não todo mundo, mas a maioria das pessoas. A questão, no entanto, não é essa. A questão é: todos podem contar uma boa história, escrever bem?. No fim, é isso o que importa. Para escrever, o que você precisa ter é muita perseverança. Antes de Diário de uma paixão escrevi dois romances que nunca cheguei a publicar. Eles foram o meu processo de escrita criativa. Hoje, sei que ninguém pode se tornar escritor sem fazer muita escrita criativa. A minha foi feita sozinha, mas cada um pode fazer à sua maneira: seja lendo muito, com um bom professor ou num programa de escrita.



Sparks no cinema
» 'Diário de uma paixão' (livro de 1996, filme de 2004)
» 'Uma carta de amor' (livro de 1998, filme de 1999)
» 'Um amor para recordar' (livro de 1999, filme de 2002)
» 'Noites de tormenta' (livro de 2002, filme de 2008)
» 'Querido John' (livro de 2007, filme de 2010)
» 'Um homem de sorte' (livro de 2008, filme de 2012)
» 'A última música' (livro de 2009, filme de 2010)
» 'Um porto seguro' (livro de 2010, filme de 2013)
» 'O melhor de mim' (livro de 2011, filme previsto para 2014)*
» 'Uma longa jornada' (livro de 2013, filme previsto para 2015)*

* Filmes em produção

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