A idosa espanhola que resolveu por conta própria fazer uma curiosa restauração que descaracterizou totalmente a obra 'Ecce Homo', uma imagem de Jesus Cristo, há um ano, vai embolsar metade dos lucros gerados pela utilização comercial de sua "obra de arte".
Cecilia Giménez, de 82 anos, decidiu que precisava restaurar a obra pintada há um século por um artista local e que era exibida num santuário barroco da pequena localidade de Borja, nordeste da Espanha.
Os retoques que ela fez na obra acabaram dando um aspecto de macaco aos traços finos do Jesus pintado por Elías García Martínez na década de 1910.
A "restauração" imediatamente virou sensação na internet e motivou imitações em todo mundo, com a alteração de retratos de, entre outros, Michael Jackson e Homer Simpson. Também foi postada na internet uma petição para que a obra conservasse seu novo aspecto.
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Prova do sucesso, no último ano 57.000 visitantes passaram pelo santuário de Nossa Senhora da Misericórdia para se fotografar junto ao Cristo desfigurado, segundo a fundação que gerencia a igreja e que começou a cobrar um euro (1,4 dólar) de cada visitante para financiar a conservação da pintura e suas obras de caridade.
Mas os verdadeiros lucros são obtidos com os direitos de utilização da imagem em objetos tão variados como canecas e camisetas. Em virtude de um acordo assinado nesta quarta-feira, Giménez obterá 49% das rendas do marketing e o restante irá para a fundação, explicou Juan María Ojeda, da prefeitura local.
A idosa, que já não é motivo de piada para ninguém, acaba de realizar uma exposição de seus próprios quadros em Borja, mas não tem desejo de ficar rica, explicou seu advogado, Antonio Val-Carreres. "Todos os lucros se destinarão para fins beneficentes", assegurou. Para Cecilia, agora conhecida como a pior restauradora do mundo, é uma mudança radical. "Agora parece que todo mundo está contente", comentou a idosa ao jornal local Heraldo de Aragón.
Nem todo mundo, pois os descententes de Elías García Martínez lamentam que a obra desfigurada se conserve intacta invés de ser restaurada para seu estado original. "Esta é a principal discrepência", explica Ojeda. "Há uma parte que quer a restauração, que certamente agora é impossível, e outra parte que apenas pede que seja retirada de exibição", explica o advogado. "Eles não querem nenhum benefício econômico, e sim um ressarcimento moral", asegura.
No entanto, a prefeitura de Borja e o advogado de Giménez afirmam estar dispostos a incluir na divisão dos lucros os descendentes do artista original caso um dia eles mudem de ideia.