Mário Azevedo transforma acervo de imagens em exposição

O trabalho do artista será exibido até o dia 15 de setembro, na Galeria de Arte da Copasa

por Walter Sebastião 21/08/2013 09:15

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Mário Azevedo/Divulgação
Azevedo resgata imagens que muitas vezes inspiram outras linguagens (foto: Mário Azevedo/Divulgação)

A possibilidade de arquivamento digital de imagens fez o artista plástico Mário Azevedo descobrir, há alguns anos, que tinha um acervo de mais de 10 mil fotos. No geral, detalhes da paisagem capturados originalmente como referências para pinturas, desenhos e gravuras. “Diante de tal volume de imagens, vi que não se tratava de álbum de referência, mas de um trabalho”, observa. Resultado: ele organizou o material – telhados, lixos vazios, marcações topográficas, marinhas etc. –  e vem editando pequenos volumes. Já foram publicados dois catálogos: 'Neomonumentos' (2007) e 'Escadarias' (2012). Hoje, às 19h, ele lança, na Galeria de Arte da Copasa, o fascículo Gradeados, com cerca de 46 fotos.

 

“São superfícies definidas por pontos, linhas e planos”, explica o artista. “O que é, também, uma constante, clara, em tudo que faço. São paisagens simbólicas da paisagem”, enfatiza, considerando que a economia visual tem sido motivo recorrente nos trabalhos atuais. Motivo de satisfação com o trabalho com as fotos, explica, tem sido conseguir identificar “fundamentos gerais” de sua linguagem: “Escritas, pontilhados, diagramas de leitura do mundo”, continua, valendo-se do conceito de signatura, que a historiadora Maria Angélica Melendi usou no texto do catálogo da exposição, para falar de “signo criado pela humanidade e inscrito em diversas conjunturas”.

A organização dos trabalhos em sequências e conjuntos é recorrente no trabalho de Mário Azevedo. “Gosto de pensar na estrutura de livro, de filme, que acho mais interessante do que normalmente vejo em uma exposição”, justifica. “Talvez o que me seduza é a possibilidade de estender o trabalho temporalmente, de criar uma narrativa ou possibilidade de percepção que vá além do instantâneo de uma peça só. O que para mim é pouco. Tento sempre criar um tempo diferente, um acesso mais demorado e meditativo, um estar que cobra mais tempo do que outros pedem. Quem tiver só cinco minutos não vai conseguir ver o meu trabalho. É preciso observar a obra, a montagem, o catálogo.”

E Azevedo segue argumentando: “Trabalho com séries. E série é mais exigente, você precisa de um desejo maior para se dedicar a realizar aquilo, o que cobra sinceridade, afeto. E, um pouco por cobrar essa postura, o produto que vem do trabalho em série é mais generoso: oferece algo mais consistente”, defende. Azevedo suspeita, ainda, que na opção por trabalhar com conjuntos de peças esteja a luta, a resistência contra a diluição de tudo, movida também pela rapidez.

GRADEADOS

Exposição de fotos de Mário Azevedo

Quarta-feira, às 19h

Local: Galeria de Arte da Copasa

Endereço: Rua Mar de Espanha, 525, Santo Antônio

Aberta todos os dias das 8h às 19h

Término:15 de setembro

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