Até onde você iria para sobreviver e salvar a sua família? A graphic novel 'Segredo de família', que o selo Quadrinhos na Cia. (da Companhia das Letras) publica no Brasil agora, oferece uma dolorosa lição sobre esse tema. Trata-se de um mergulho nas trevas e nas cicatrizes do colaboracionismo na Holanda. História inventariada pelo quadrinista Eric Heuvel (que depois, com os artistas Ruud Van Der Rol e Lies Schippers, trabalharia numa sequência chamada 'A busca'), 'Segredo de família' ('De ontdekking') foi produzida em cooperação com a Anne Frank House e o Museu da Resistência da Frísia.
Engolfada pelas garras do nazismo, uma família comum holandesa vê sua base rachar: um irmão alista-se para ajudar os nazistas na guerra, enquanto outro irmão vai para a resistência holandesa. A mãe e a irmã, Helena, tentam manter a sanidade familiar, enquanto o pai, um policial, vira colaborador do nazismo e persegue judeus. A melhor amiga de Helena, Esther, tinha fugido da Alemanha com sua família quando Hitler começou a ascender ao poder. Mas o terror volta ao seu quintal. Esther é judia e sofre hostilidades até o momento em que sua família é enviada para Auschwitz enquanto ela está na escola. Quando voltar da escola, caberá justamente ao pai de Helena entregá-la aos nazistas. Nunca mais se veem.
O mais interessante é que não é uma história do nazismo compreendida a partir do ponto de vista de seus protagonistas, mas das novas gerações. O artista Heuvel diagnosticou que havia um brutal desconhecimento, das pessoas mais jovens, do que seus avós tinham vivido nos tempos da ocupação. Como era comprar o pão, o azeite, o vinho, como ir à escola, jogar bola na rua, como era trabalhar sob o domínio nazista?
Para atingir esse público, Heuvel (nascido em Amsterdã, de 52 anos) recorreu deliberadamente a um estilo universalizado, que trai reminiscências de Georges Rémi (o Hergé, autor belga de 'Tintin', que viveu entre 1907 e 1983). Sua pesquisa histórica é minuciosa, mas é na reconstrução do cotidiano vulgar que a graphic novel se diferencia e cresce como obra artística: cartazes, canções, costumes, expressões, truques para esconder a desesperança.
SEGREDO DE FAMÍLIA - Autor: Eric Heuvel - Tradução: Érico Assis. Editora: Quadrinhos na Cia. (64 págs. R$ 34,50).
Engolfada pelas garras do nazismo, uma família comum holandesa vê sua base rachar: um irmão alista-se para ajudar os nazistas na guerra, enquanto outro irmão vai para a resistência holandesa. A mãe e a irmã, Helena, tentam manter a sanidade familiar, enquanto o pai, um policial, vira colaborador do nazismo e persegue judeus. A melhor amiga de Helena, Esther, tinha fugido da Alemanha com sua família quando Hitler começou a ascender ao poder. Mas o terror volta ao seu quintal. Esther é judia e sofre hostilidades até o momento em que sua família é enviada para Auschwitz enquanto ela está na escola. Quando voltar da escola, caberá justamente ao pai de Helena entregá-la aos nazistas. Nunca mais se veem.
saiba mais
Para atingir esse público, Heuvel (nascido em Amsterdã, de 52 anos) recorreu deliberadamente a um estilo universalizado, que trai reminiscências de Georges Rémi (o Hergé, autor belga de 'Tintin', que viveu entre 1907 e 1983). Sua pesquisa histórica é minuciosa, mas é na reconstrução do cotidiano vulgar que a graphic novel se diferencia e cresce como obra artística: cartazes, canções, costumes, expressões, truques para esconder a desesperança.
SEGREDO DE FAMÍLIA - Autor: Eric Heuvel - Tradução: Érico Assis. Editora: Quadrinhos na Cia. (64 págs. R$ 34,50).