O físico vienense Fritjof Capra, conhecido pelo best seller Ponto de Mutação, admite que não poderia ter avaliado os trabalhos científicos do gênio renascentista Leonardo da Vinci (1452- 1519) sem a ajuda de colegas especializados em outras disciplinas. Ele faz a revelação logo no começo de seu livro A Alma de Leonardo da Vinci, que a editora Cultrix colocou no mercado quase que simultaneamente ao lançamento de Os Cadernos Anatômicos de Leonardo da Vinci, coedição luxuosa da Ateliê Editorial e a Editora Unicamp que reproduz 215 gravuras anatômicas do pintor. Capra fala também desses desenhos em seu livro. É possível, portanto, entender a razão de ter recorrido a colegas para empreender uma análise do pensamento científico de Da Vinci, definido por ele, em entrevista exclusiva, como a “síntese perfeita entre arte, ciência e tecnologia”.
A herança cultural deixada por Da Vinci é especialmente valiosa para nosso tempo, diz Capra, por ter sido o pintor um pesquisador sistêmico, “um observador da natureza que não teve influência direta sobre os cientistas que vieram logo depois dele - por não ter publicado suas descobertas-, mas que é fundamental para o século 21, quando problemas globais tendem a ser analisados segundo uma perspectiva interdisciplinar”. A essência de sua “alma”, segundo Capra, é justamente “a conjunção de sua curiosidade intelectual com engenho experimental”. E coragem, faltou acrescentar. O livro Os Cadernos Anatômicos de Leonardo da Vinci, por exemplo, traz 1.200 desenhos que não seriam possíveis sem que desafiasse a bula papal, partindo para a dissecção de cadáveres, punida em sua época com a excomunhão.
Se Da Vinci vivesse hoje, arrisca Capra, ele seria um cientista holístico, lutando pela sustentabilidade. “É difícil afirmar categoricamente que Leonardo teria seguido esse caminho quando se trata de um gênio de personalidade complexa, mas tudo indica que sim.” Só um artista que definiu a pintura como fruto da observação da natureza e estudou a correlação dos padrões botânicos e animais, de acordo com Capra, podia dizer que “entender um fenômeno é associá-lo a outros fenômenos”. Séculos antes das especulações futuristas do filme Matrix, Da Vinci já levava em conta a similaridade de padrões nos mundos animal e vegetal.
'A alma de Leonardo Da Vinci'- Autor: Fritjof Capra. Editora: Cultrix. (424 págs., R$ 54)
'Cadernos anatômicos de Da Vinci' - Autores: Charles O’Malley e J.B. Saunders. Ed.: Ateliê/Unicamp (520 págs., R$ 280)
A herança cultural deixada por Da Vinci é especialmente valiosa para nosso tempo, diz Capra, por ter sido o pintor um pesquisador sistêmico, “um observador da natureza que não teve influência direta sobre os cientistas que vieram logo depois dele - por não ter publicado suas descobertas-, mas que é fundamental para o século 21, quando problemas globais tendem a ser analisados segundo uma perspectiva interdisciplinar”. A essência de sua “alma”, segundo Capra, é justamente “a conjunção de sua curiosidade intelectual com engenho experimental”. E coragem, faltou acrescentar. O livro Os Cadernos Anatômicos de Leonardo da Vinci, por exemplo, traz 1.200 desenhos que não seriam possíveis sem que desafiasse a bula papal, partindo para a dissecção de cadáveres, punida em sua época com a excomunhão.
saiba mais
'A alma de Leonardo Da Vinci'- Autor: Fritjof Capra. Editora: Cultrix. (424 págs., R$ 54)
'Cadernos anatômicos de Da Vinci' - Autores: Charles O’Malley e J.B. Saunders. Ed.: Ateliê/Unicamp (520 págs., R$ 280)