Humberto Gessinger, líder da banda Engenheiros do Hawaii, lança seu quarto livro

Com Nas entrelinhas do horizonte, músico diz que se realiza como escritor

por Walter Sebastião 19/07/2012 09:29

INFORMAÇÕES PESSOAIS:

RECOMENDAR PARA:

INFORMAÇÕES PESSOAIS:

CORREÇÃO:

Preencha todos os campos.
Eurico Salis/Divulgação
Humberto Gessinger levou para seu livro a experiência que ganhou com as turnês de sua banda (foto: Eurico Salis/Divulgação)
 
Está crescendo a pilha de livros escritos pelo gaúcho Humberto Gessinger, de 48 anos, ex-Engenheiros do Hawaii e atual Pouca Vogal (com Duca Leindecker). Nesta quinta-feira, às 19h30, ele lança, na Leitura do BH Shopping, Nas entrelinhas do horizonte (Belas Letras). É o quarto título. Já publicou até agora: Meu pequeno gremista (2008), Pra ser sincero (2009) e Mapas do acaso (2011). “Escrever é natural para mim. Fui garoto tímido que, na escola, fazia redações, a professora gostava e fui continuando. A música aconteceu por acaso”, garante. E credita a atividade ao tempo em que era estudante de arquitetura, participando, sem pretensão, de banda que acabou fazendo enorme sucesso. “Mas sempre ouvi as pessoas dizerem que, se quisesse, podia escrever livros”, conta.
Nas entrelinhas do horizonte traz crônicas criadas a partir dos textos que Humberto publicou no blog dele. “É olhar para horizonte, que tanto pode ser físico, no sentido de possibilidade de ver longe, quanto de abrir-se para o tempo, falar das coisas vividas”, explica. 
Os textos, conta Humberto Gessinger, são “passeio constante” entre o geral e o particular, saltando de uma coisa a outra. “O que é bem da crônica”, observa. Surgiram na estrada, acompanhando rotina profissional. E por isso carregam sentido de deslocamento, que colocou Humberto frente a frente com novidades e convidou à introspeção. “O viajante, em movimento, viaja tanto para dentro quanto para fora”, brinca. O título do livro remete à canção Infinita Highway, dos Engenheiros do Hawaii. A mesma atmosfera chega ao elaborado projeto gráfico, que, valendo-se do amarelo e preto, evoca linhas e sinais sobre o asfalto. Sobre a ideia de escrever outros gêneros, confessa: “A ficcão é um grande salto que tem o romance no topo. Ainda é muito complexo para mim”.
Humberto Gessinger criou a banda Engenheiros do Hawaii com colegas da Escola de Arquitetura da UFRGS, Foram 18 discos e cinco DVDs lançados, além de centenas de shows por todo o Brasil, chegando a se apresentar nos EUA, Japão, Rússia, Argentina e Uruguai.
 
Três perguntas para... 
 Humberto Gessinger 
músico
 
Que lembranças você tem de livros?
O primeiro que comprei, na adolescência, com meu dinheiro, foi O lobo da estepe, de Hermann Hesse. Não sabia nada do escritor, mas sabia que tinha banda, o Stepenwolf, que tinha tirado o nome do livro. Queria saber por quê. Fiquei fascinado por Hesse e li vários livros dele. São romances bem-escritos, reflexivos, de descoberta do mundo. A mesma coisa, apresentada de modo mais leve, me fez gostar de Moacyr Scliar. Foi fundamental, para mim, saber que ele morava na mesma na cidade que eu, que andava pelas ruas. Deixou a literatura mais próxima. Depois conheci Sartre, Camus e Kafka e, em seguida, os latino-americanos.
Que livro você admira particularmente?
O livro que me deu uma porrada mesmo, com mais de 40 anos, foi Grande sertão: veredas, de Guimarães Rosa. Ouvia falar tão bem dele que desconfiava que pudesse ser tão bom. Quando li, fiquei enfeitiçado, hipnotizado. Gosto da dualidade criada, algo muito regional, dum cantinho do Brasil, e ao mesmo tempo universal. Viagens de ida e volta do prosaico ao transcendental.
Como é sua relação com a leitura? 
Não gosto da linguagem audiovisual, odiava fazer clipe e o cinema não me atrai. O cara coloca você duas horas numa sala escura com som alto pra caramba, em frente a uma tela enorme. A gente fica numa posição muito passiva. Na literatura, o leitor reconstrói tudo na sua cabeça, é uma experiência mais rica. Com letras, praticamente só manchinhas pretas sobre folha em branco, você pode exprimir toda a arquitetura de sentimentos humanos. Acho isso de uma sofisticação incrível.
 
Nas entrelinhas do horizonte
Lançamento do livro do cantor e compositor Humberto Gessinger, nesta quinta-feira, às 19h30, na Leitura BH Shopping, Rodovia BR-356, Loja OP51, terceiro piso, (31) 3263-2700. Entrada franca. O livro custa R$ 34,90. 


MAIS SOBRE E-MAIS