Brasileiro gosta de acompanhar novela e isso não é um clichê. Você pode até dizer que não gosta de novelas, mas é fato que as novelas brasileiras são parte da cultura do país.
E você já foi impactado por uma cena em algum momento da sua vida.
Papeis marcantes são pilares fundamentas na construção da relação entre o telespectador e a novela. E como esquecer: “é tudo culpa da Rita!”, já dizia a vilã icônica Carminha, as gêmeas, Ruth e Raquel, na companhia do Tonho da Lua, Nazaré Tedesco com a sua tesoura, dos conflitos entre os Mezenga e Berdinazzi, do drama vivido pela Jade em O Clone, da pergunta que parou o Brasil “quem matou Lineu?”, do orfanato onde moravam as Chiquititas e da atriz Carolina Dieckmann tendo o seu cabelo raspado, em Laços de Família ou quando Tieta arranca a peruca de Perpétua.
Figuras carismáticas, sejam vilões ou mocinhas, personagens que fizeram história e que até hoje são lembrados pelo espectador e ficaram imortalizados na memória de todos nós.
Há quase 70 anos, a novela passou a fazer parte da rotina do público brasileiro. Chega à noite, família reunida em casa, após um dia de trabalho ou estudo. E lá está ela a paixão nacional, a tradição de seguir os capítulos de uma novela.
Os noveleiros se acostumaram a sintonizar o aparelho sempre no mesmo horário. As tramas ficam no ar cerca de sete meses, mas há exceções como Redenção, a mais longa novela da TV Excelsior, 1966-1968, 596 capítulos ao todo.
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As variedades da trama foram divididas de acordo com o público de cada horário. De modo geral, segue o seguinte padrão. Novela das seis, tradicionalmente possui enredo simples, tipicamente romântico, na maioria das vezes sendo de época ou regional.
Novela das setes, comédia e um pouco de drama. Já as novelas das oito, nove, dez, onze contém drama, violência, torturas, drogas, sexo e nudez.
Ligia Prezia Lemos, doutora em Ciências da Comunicação pela USP, destaca que a novela não sai do gosto popular por uma questão identitária. Ela também observa que as novelas, têm uma ligação muito grande com os indivíduos porque os brasileiros se identificam com as tramas, que devolvem e reforçam essa identificação, acompanhando o que ocorre na sociedade.
As novelas brasileiras são os programas mais vistos por todos os públicos, seja homem ou mulher, velho ou criança, donas de casas ou empresárias, peões ou playboys, analfabetos ou intelectuais. “O autor tem a obrigação de respeitar o público criando histórias que certamente serão aceitas por todos”. Segundo o autor Aguinaldo Silva de clássicos como Tieta, Senhora do Destino, Roque Santeiro e Fina Estampa.
Novelas fazem sucesso porque são simples, descomplicadas e acessíveis.
Além de ter um público fiel, capítulos importantes atingem altos índices de audiência e cenas se eternizam na memória afetiva do público.
No entanto, é importante ter uma boa história e bons personagens, sejam protagonista ou coadjuvantes. Os autores constroem narrativas tipicamente brasileira, falam a nossa língua, colocam os seus bordões na boca do povo. E, engajam o público, exibindo na trama cenários e conflitos presente na vida de muitas pessoas.
Logo, o espectador se reconhece na tela. São encontros, desencontros, momentos felizes, tristes, romances, triângulos amorosos, segredos, mistérios, disputas e outros.
No entanto, a gente é apaixonado por novela, porque ela é capaz de reunir todo mundo no sofá para acompanhar os próximos capítulos da trama. Está enraizada no comportamento do povo brasileiro. E disseram que seriam substituídas pelos serviços de streaming. Erraram. Tem espaço para todo mundo.