O Youtube não é mais uma incerteza no mundo do entretenimento. A quantidade de pessoas que preferem assistir conteúdos na plataforma é gigantesca e muita gente já nem se dá conta do que anda sendo feito na televisão, por exemplo.
Dentro do próprio nicho digital surgem tendências. Assistimos ao primeiro 'boom' com Felipe Neto, PC Siqueira e Kéfera, seguido pelos canais de esquetes, que brilharam e quebraram recordes, como o Parafernalha e o Porta dos fundos, Whindersson, Cocielo e uma infinidade de criadores de várias categorias. Hoje, é a vez dos podcasts tomarem conta do Youtube, com entrevistas que chegam a ter horas de duração.
O Podcast é um conteúdo, originalmente, gerado por voz. Ganhou força na internet como o 'novo rádio' e começou a pipocar em streamings, como o Spotify. O áudio chegou na plataforma de vídeo como uma 'inovação da inovação', dando mais vida para a experiência que, antes, era apenas para ser ouvida.
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Carnaval em casa? Aprenda a ver séries e filmes com amigos à distânciaVários sotaques falando a mesma língua no Big Brother Brasil 21Por que a indústria gamer segue crescendo em tempos de pandemia?Por que ainda assistimos tantos reality shows? Por que o brasileiro gosta tanto de novelas? Viajantes brasileiros mudam seus hábitos e comportamentosO desespero de Caio e as consequências do confinamento no BBB 21O grande expoente do 'novo podcast' é o do norte-americano Joe Rogan, comediante e comentarista esportivo. Rogan tem o que muitos consideram o maior e melhor podcast do mundo, o Joe Rogan experience. Seus convidados podem conversar com ele durante o tempo que quiserem, sem roteiro e todo o padrão de uma entrevista convencional. O programa caminha de maneira despreocupada, tem oscilações entre conversas mais interessantes e outras nem tanto, mas o sucesso é impressionante.
Apesar de todo o contexto fazer o convidado se colocar em uma posição mais 'vulnerável', os famosos parecem gostar do jeito que Joe conduz o podcast. O comediante já recebeu ilustres visitas, como o ator Robert Downey Jr, Kanye West e o homem mais rico do mundo, Elon Musk.
Não demorou muito até criadores brasileiros começarem a se aventurar por esse tipo de conteúdo. A grande referência nacional do formato são os apresentadores do Flow podcast, Igor 3k e Monark. Os dois já eram youtubers de games e estavam infelizes, tanto com a plataforma, como com o conteúdo que produziam. Em pouco mais de 2 anos, o Flow saiu de um projeto totalmente experimental para um negócio altamente lucrativo e expansível.
No programa, os convidados variam entre o cantor gospel Kleber Lucas, Guilherme Boulos e Danilo Gentili. Confira:
O sucesso impulsionou outras pessoas a criarem os seus podcasts, aumentando ainda mais a tendência. Os amigos Igão Underground e Mítico, com ajuda do próprio Flow, criaram o PodPah. Rafinha Bastos, humorista brasileiro com muitos anos de carreira, criou o Mais que 8 minutos, adaptação do seu tradicional quadro de entrevistas. Rafinha disse que ir ao podcast de Igor e Monark o inspirou a fazer o seu próprio. Além desses, temos o Podihhcast, do humorista Dihh Lopes, o Inteligência LTDA, de Rogério Vilela, o Spotcast, do canal Spotniks, além de muitos outros.
Entre todas as coisas que poderiam ser ditas em uma entrevista para Guilherme Boulos, Rafinha bastos começa o papo com o político e ativista dizendo que Boulos emagreceu e está bonito, confira:
Conforme os canais foram se propagando, o público foi se familiarizando com a ideia. Os 'podcasters' furaram a bolha, dialogando com diversas personalidades. Como os vídeos são longos, os convidados se sentem muito à vontade para desenvolverem suas opiniões e pensamentos, além de poderem conversar de forma muito descontraída. O resultado de tudo isso é um público que reúne espectadores com diversas opiniões políticas e em geral. Sem terem a intenção, os podcasts são uma grande 'pedra no sapato' da polarização no Brasil.
A demanda por conteúdos assim vem crescendo diariamente na internet. O sucesso é tanto que criou-se um outro universo: o 'submundo dos cortes'. Se por um lado, quem começou a reproduzir o formato feito no exterior aqui no Brasil foi inteligente, quem decidiu cortar os trechos dos longos vídeos e publicar na internet, também tem seu mérito.
Os próprios programas criaram seus canais oficiais de cortes, como Cortes do Flow, Cortes do PodPah, entre outros. Mas existem os canais não-oficiais que cresceram com vídeos que trazem pequenos fragmentos das entrevistas realizadas. O Talk Flow, canal de cortes do Flow podcast, tem a 'benção' dos apresentadores, que entendem que a inciativa é benéfica, mesmo que o dinheiro gerado não vá para eles, diretamente.
Assim como tudo que chega ao auge dentro do Youtube, os podcasts não estão isentos de um declínio. A novidade vem agradando e cresceu justamente no momento em que muita gente passou a ter um pouco mais de tempo livre, durante o início da pandemia. De lá pra cá, as atividades profissionais já foram retomadas, a maior parte das pessoas não estão mais em quarentena e o formato segue vivíssimo e em alta. Não se pode prever nada na internet, mas o que sabemos é que as pessoas gostam de conversar e ouvir pessoas conversando.