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CINEMA

Streaming: a única alternativa para a estreia de candidatos a blockbuster

O paizão Rick Mitchell e sua família enfrentam a revolta das máquinas na animação em cartaz na Netflix - Foto: Netflix/divulgação O paizão Rick Mitchell e sua família enfrentam a revolta das máquinas na animação em cartaz na Netflix - Foto: Netflix/divulgação
Dois filmes com potencial de grandes bilheterias, na impossibilidade de chegarem aos cinemas, estrearam diretamente no streaming. Michael B. Jordan é o astro de “Sem remorso”, longa de ação da Amazon Prime Video. Já a Netflix lança “A família Mitchell e a revolta das máquinas”, animação da mesma equipe de “Homem-Aranha: No Aranhaverso” e “Uma aventura Lego”.



As produções, vale dizer, nasceram de grandes estúdios para serem vistos na tela grande – “Sem remorso” veio da Paramount e “A família  Mitchell” da Sony. Em decorrência da pandemia, foram vendidos para as respectivas plataformas.

“O streaming dá oportunidade para que filmes sejam vistos. É uma revolução, só posso achar bom que eles estejam estreando. No futuro, quando as coisas se normalizarem, vai haver um balanço entre cinema streaming”, diz Jordan.

“Hoje, é tudo relativo. Por causa da pandemia, o lançamento atrasou muito”, afirma Michael Rianda, diretor de “A família Mitchell”. “Mas, diante de tudo o que está acontecendo, não é a pior coisa do mundo”, acrescenta.




Ação movida a sede de vingança


Michael B. Jordan consegue ficar pelo menos três minutos dentro d'água, sem respirar. Uma música inteira, como destacou o elenco de “Sem remorso” durante entrevista coletiva virtual. “Isso é treino. Se parar de treinar, você perde. Ficamos muito tempo em um tanque d’água, nos colocaram em situações de estresse, fizemos treinos militares”, contou o ator.

Ficar muito tempo sob a água é o mínimo que John Kelly (Jordan) faz. O ator dispensou dublês para as cenas de ação, o que inclui entrar em carro pegando fogo, escapar de avião que caiu no mar gelado e várias sequências de luta.

“Sou viciado em filmes de ação. Quando criança, era só o que assistia. Na minha imaginação, era o que queria fazer no futuro. Trabalhamos com um time incrível de dublês, que nos ensinaram o que fazer e mostraram que era seguro. Então, me senti capaz de filmar (sem eles)”, completou.


APRENDIZADO 


“Sem remorso” é o primeiro filme de ação da produtora de Jordan, Outlier Society. “Foi um aprendizado. Como trabalhei com produtores experientes, entendi melhor o processo. Soube quando calar a minha boca e ouvi-los”, comentou.

Adaptação do romance homônimo de Tom Clancy, o filme dá protagonismo a um personagem secundário no universo de Jack Ryan. John Kelly é um oficial de elite da Marinha que após uma operação secreta assiste aos companheiros serem mortos. Quando sua mulher, Pam (Lauren London), no final da gravidez, é assassinada em atentado que tinha Kelly como alvo, ele sai em busca de vingança.

Sem nada a perder, o personagem toca o terror, é preso, sobrevive a outra tentativa de assassinato. Com um novo time, mas ao lado de sua superior na Marinha (Karen Greer, papel de Jodie Turner-Smith), ele descobre uma conspiração internacional que pretende deflagrar a guerra entre os EUA e a Rússia.



O italiano Stefano Sollima (das séries “Gomorra” e “ZeroZeroZero” e do filme “Sicario: Dia do Soldado”) assina a direção. O cineasta, que começou a carreira cobrindo guerras, afirmou que trata a ficção de maneira semelhante. “Quando trabalho numa zona de guerra, tenho a responsabilidade de reportar a realidade que estou vendo de maneira respeitosa e verdadeira. Não se pode julgar o que se vive ali. Tento traduzir isso para os filmes. Não quero julgar meus personagens, isso fica a critério do público.”

GRÁVIDA 


Companheira de Jordan nas sequências de ação, a atriz Jodie Turner-Smith estava grávida quando rodou o filme. “Stefano queria que a gente fizesse tudo o que conseguíssemos. Tive que trabalhar o dobro, levei meu corpo ao limite”, comentou.

Em 1993, Tom Clancy publicou o romance em que o filme se baseou. “Sem remorso” acompanha a transformação de John Kelly em John Clark, personagem recorrente nos livros e filmes de Jack Ryan. Agora na pele de Jordan, ele tem vocação para dar início a uma nova franquia – é isso que o fim da narrativa deixa no ar.




“SEM REMORSO”
O longa está disponível  na Amazon Prime Video

O paizão Rick Mitchell e sua família enfrentam a revolta das máquinas na animação em cartaz na Netflix - Foto: Netflix/divulgação

Robôs desafiam os humanos

O diretor e roteirista Michael Rianda tem uma lembrança vívida da infância. Certo dia, seu pai o acordou às cinco da manhã. “Mike, levante! Descobri como construir uma banheira na floresta. Nós poderemos ficar legalmente pelados na natureza!”, convidou. “O quê?”, foi a única coisa que o garoto apaixonado por game boys pôde dizer.

Toda família é igual, diz o senso comum. Mas algumas são um pouco fora da curva, para dizer o mínimo. É o que Rianda mostra em sua estreia na direção de longas de animação. Montanha-russa de emoções, cores e reviravoltas, “A família Mitchell e a revolta das máquinas”, no fundo, só quer contar uma história simples: a reaproximação do pai e sua filha adolescente.


FACULDADE

 Katie Mitchell (voz de Abbi Jacobson) nunca se encaixou nos padrões. Ela planeja desde criança fazer seus próprios filmes, histórias meio sem pé nem cabeça. Quando entra para a faculdade de cinema dos sonhos, na Califórnia, sente que finalmente vai encontrar sua turma.



Ela vive às turras com o pai, homem que adora a natureza, detesta tecnologia e não entende os filmes da garota. Depois de mais uma briga, Rick Mitchell (voz de Danny McBride), para tentar fazer as pazes, decide empreender uma viagem de carro com a família antes de a filha “deixar o ninho”.

Embarcam nessa jornada a mãe, Linda Mitchell (voz de Maya Rudolph), a pessoa mais otimista do mundo, e o caçula, Aaron Mitchell (voz do próprio Rianda), garoto obcecado por dinossauros. No início da viagem, descobrem que o mundo está sendo invadido por robôs, que, revoltados com os humanos que os obrigam a fazer tudo, resolvem se rebelar.


REVOLTA 

Todas as máquinas, de celulares a robôs aspiradores, estão em busca dos humanos, que serão devidamente capturados. Caberá ao abilolado clã Mitchell a missão de salvar a humanidade.



“Meu desejo é que as pessoas assistam ao filme em família. Estar numa família é trabalho duro, mas vale a pena. Os pais, de maneira geral, gostavam do tempo em que tudo era simples e as crianças ficavam felizes com qualquer coisa. Quando elas adquirem a própria personalidade, fica mais difícil, pois você tem que conhecer seu filho, ele não é mais um mero reflexo seu”, diz Rianda.

Com muitas referências pop, o filme não se furta a criticar o excesso de tecnologia – a “chefe” da revolta é a máquina de nome Pal (voz de Olivia Colman). “A pandemia é o perfeito exemplo dos dois lados da tecnologia. O bom é que você pode se reconectar com as pessoas e parece que está tomando drinques com os amigos em casa, mas está em uma conferência pelo Zoom. Por outro lado, quando não está fazendo nada, você pega o celular e depois vê que ficou quatro horas olhando o Instagram. Existem as duas opções e temos que mostrar os dois lados para que as pessoas façam suas próprias escolhas”, conclui Rianda.

“A FAMÍLIA MITCHELL E A REVOLTA DAS MÁQUINAS”
O longa em animação está disponível na Netflix