

Glamour é a característica que define o figurino do filme “Os Estados Unidos vs. Billie Holiday”. Tanto que Anna Wintour, editora-chefe da edição norte-americana da revista “Vogue”, sugeriu para o diretor Lee Daniels que procurasse Miuccia. Assim a Prada reinterpretou os nove trajes mais icônicos da cantora para o longa-metragem.
“Ela sabia que não daria errado com Prada. Ia me jogar aos pés de Miuccia porque ela é um gênio, mas não precisei. Ela admirava meu trabalho e sou um grande fã dela, então ficamos entusiasmados”, disse Daniels para a “Vogue”. A grife italiana também retratou o luxo da moda na década de 1920 no longa “O grande Gatsby”.
ESPECIALISTA
Além da Prada, o filme sobre Billie Holiday conta com o figurinista Paolo Neiddu, que pode ser chamado de especialista em glamour, pois foi assistente de Patricia Field nos dois filmes de “Sex and the city” e em “Os delírios de consumo de Becky Bloom”. Paolo também trabalhou com Lee Daniels na série “Empire: Fama e poder”, exibida pela Fox e pela Globo.
Apesar desse histórico de ostentação, o longa sobre a trajetória da cantora de jazz não tem espaço para o uso fútil do luxo. Cada peça carrega um simbolismo e retrata a artista complexa que Lady Day foi. “O figurino deveria ser tão potente quanto a história, porque a própria Billie Holiday tinha noção do quanto a roupa importava. Ela usava a roupa como ativismo”, diz Alice Alves, professora de figurino.
"O figurino deveria ser tão potente quanto a história, porque a própria Billie Holiday tinha noção do quanto a roupa importava"
Para retratar as décadas de 1940 e 1950, a equipe da Prada recorreu a arquivos da grife e a registros fotográficos da época. No entanto, as roupas usadas pela atriz e cantora Andra Day para dar vida a Billie Holiday foram atualizadas.
A maison italiana usou elementos mais fortes do DNA da grife, vistos em todas as coleções. “Isso permitiu que a Prada desse toque contemporâneo às roupas, sempre respeitando a época e a história do traje”, informou a marca. A professora Alice Alves aponta que Prada e Holiday representam símbolos em comum: “Uma mulher poderosa, atemporal, clássica, glamourosa”.
Entre as contribuições da Prada para o figurino está um tailleur roxo inspirado nos anos 1940. Chamam a atenção trajes de festa em organza de seda com silhueta dos anos 1950, com corpete bordado com penas; em seda amarela com manga comprida, drapeado geométrico e cristais aplicados seguindo motivos florais; e em cetim metalizado vermelho com corpete. Outro destaque é o vestido coluna em cetim de seda marfim com decote em coração e cristais bordados.
As criações da grife são o ponto alto do longa, porém o figurino envolve quantidades relevantes: 25 trajes desenhados e confeccionados exclusivamente para a produção; 50 garimpados em brechós e no E-Bay; criação de 250 figurinos para 99 atores; 3,2 mil figurantes vestidos com roupas de época. Esses números foram compartilhados por Paolo Nieddu com o portal Deadline.
Não poderia ficar de fora a gardênia branca que Billie começou a prender no cabelo para esconder fios chamuscados por um modelador quente. Durante as gravações, foram utilizadas 60 gardênias brancas frescas para manter a marca registrada da artista americana.
Assista ao trailer:
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LUVAS

O luxo, para Billie Holiday, era mais do que uma forma de esconder suas fragilidades. A opulência de casacos de pele e joias evidenciava que aquela mulher negra havia conquistado o lugar reservado apenas para brancos.
A trama mostra Lady Day enfrentando agentes federais dos EUA na operação secreta que pretendia impedi-la de cantar “Strange fruit”, protesto que denunciava o linchamento dos negros americanos.
HULU
O diretor Lee Daniels assinou o roteiro em parceria com Suzan-Lori Parks, a primeira mulher negra americana vencedora do Prêmio Pulitzer, pela peça “Topdog/ Underdog”. A plataforma Hulu anunciou a estreia do longa em 28 de fevereiro.
A protagonista Andra Day vai disputar o Globo de Ouro 2021 na categoria melhor atriz de drama. “Tigress & Tweed”, tema do filme, concorrerá à estatueta de melhor canção original. A cerimônia de premiação ocorrerá em 28 de fevereiro.
Andra, de 36 anos, não é a primeira atriz a interpretar Billie Holiday. A cantora Diana Ross fez o papel da diva do jazz em “Ocaso de uma estrela”, lançado em 1972 e indicado a cinco Oscars em 1973.
(Estadão Conteúdo e Redação)