Eram 93, ficaram 15, que se tornarão cinco e, finalmente, um. Com o anúncio, na última terça-feira (9/2), dos pré-selecionados em nove categorias do Oscar 2021, a corrida pelo prêmio da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood se intensificou.
Uma das competições mais diversas, já que aceita produções de todo o mundo, a de melhor filme internacional, mais uma vez, deixou o Brasil de fora (pelo 22º ano consecutivo, vale dizer).
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Cinco efetivamente concorrerão ao Oscar. O anúncio dos indicados será em 15 de março, e a cerimônia de premiação em 25 de abril. Ainda no contexto da pandemia do novo coronavírus, a Academia anunciou que a festa será presencial, mas transmitida de diversos locais ao mesmo tempo, e não apenas do Dolby Theatre, em Los Angeles, sua casa habitual.
O drama predomina na pré-seleção da disputa para melhor filme internacional, com ênfase em narrativas baseadas em fatos
O drama predomina na pré-seleção da disputa para melhor filme internacional, com ênfase em narrativas baseadas em fatos
ou personagens reais. Nessa primeira peneira, dois títulos emplacaram sua pré-seleção também na categoria documentário em longa-metragem. E somente três, até momento, estão disponíveis no Brasil, via streaming.
Confira o perfil dos prováveis concorrentes a seguir.
•Quo vadis, Aida? (Bósnia-Herzegovina)
De Jasmila Zbanic. O filme revive o Massacre de Srebrenica, um dos piores momentos da Guerra da Bósnia (1992-1995). Em julho de 1995, 8.373 bósnios muçulmanos foram mortos. A personagem-título é uma tradutora da Organização das Nações Unidas (ONU) que tenta salvar o marido e os filhos, logo após tropas e milícias sérvias tomarem conta da cidade. Ao mesmo tempo, milhares de cidadãos procuram abrigo no acampamento da ONU, então liderado por forças holandesas.
• Agente duplo (Chile)
De Maite Alberdi. O filme também concorre a uma vaga na categoria de documentários do Oscar e, no Brasil, recebeu menção honrosa no festival É Tudo Verdade de 2020. O protagonista é Sergio, um viúvo idoso convidado a interpretar um espião para se infiltrar em um asilo onde há suspeita de maus-tratos a um dos residentes. Só que, aos 83 anos, Sergio não é lá muito habilidoso com as tecnologias e técnicas de espionagem e se afeiçoa às pessoas do local.
• Disponível no Globoplay
• O charlatão (República Tcheca)
De Agnieszka Holland. Inspirado na vida do herborista tcheco Jan Mikolasek (1889-1973), que ganhou fama e fortuna utilizando métodos de tratamento pouco ortodoxos para curar uma ampla gama de doenças. Renomado na antiga Tchecoslováquia antes da Segunda Guerra Mundial, ele aumentou sua reputação tanto durante a ocupação nazista quanto no regime comunista.
• Druk: Mais uma rodada (Dinamarca)
De Thomas Vinterberg, um dos criadores do Dogma 95, movimento que restringia uma série de técnicas e tecnologias nos filmes. A comédia dramática, indicada ao Globo de Ouro, discute o consumo de álcool, ao colocar quatro professores de meia-idade, que, entediados com uma vida estável, decidem testar a teoria do psiquiatra norueguês Finn Skårderud (este, sim, um personagem real). Segundo ele, todos seriam mais felizes e produtivos se mantivessem constantemente uma quantidade mínima e controlada de álcool no sangue.
• Lançamento nos cinemas em 25 de março
• Nós duas (França)
De Filippo Meneghetti. Indicado ao Globo de Ouro na mesma categoria, acompanha duas mulheres aposentadas. Por anos, a francesa Mado (Martine Chavallier) e a alemã Nina (Barbara Sukowa), ambas vizinhas, viveram uma relação de amor secreta. Um acontecimento inesperado afeta não só a rotina do casal, como também os planos de levar a relação a público.
• La llorona (Guatemala)
De Jayro Bustamante. Indicado ao Globo de Ouro de Filme Estrangeiro, é baseado em uma lenda guatemalteca sobre uma mulher que afogou seus filhos e cuja alma, amaldiçoada, procura por eles chorando à noite. A partir do mito, o filme recria uma situação histórica: o genocídio da população maia no início dos anos 1980 naquele país. Alma, mulher cujos filhos foram afogados na sua frente, começa a trabalhar como doméstica para um militar, agora idoso, que esteve envolvido no massacre.
• Better days (Hong Kong)
De Derek Tsang. O pano de fundo é o gaokao, uma espécie de Enem na China. A pressão sobre os estudantes é enorme, já que não é incomum que o destino de famílias dependa dos resultados. O filme acompanha a jovem Nian, que está se preparando para os exames. O período se complica porque ela é vítima de bullying na escola. Ao se envolver com um jovem que comete pequenos crimes, os dois selam um pacto.
• Crianças do sol (Irã)
De Majid Majidi. Garoto de 12 anos e seus amigos vivem de pequenos serviços e também de crimes de menor porte. Ele é encarregado de encontrar um tesouro e chama os companheiros para a missão. Só que, para acessar a preciosidade, o trio deve se matricular na Escola do Sol, instituição de caridade que educa meninos de rua sob o regime de trabalho infantil.
• Night of the kings (Costa do Marfim)
De Philippe Lacôte. Um jovem é enviado a La Maca, uma das prisões mais severas da Costa do Marfim. Situada no meio de uma floresta, a instituição é administrada pelos prisioneiros. O recém-chegado é nomeado como o novo contador de histórias do local. Como é uma noite de lua vermelha, ele terá que contar uma história que pode mudar os rumos da prisão. Se ela não for boa, os líderes da facção de oposição poderão matar o atual líder.
• Ya no estoy aquí (México)
De Fernando Frías de la Parra. O drama trata da imigração, a partir da jornada de um jovem de 17 anos. Integrante de uma gangue em Monterrey, no México, Ulises se vê obrigado a emigrar para Nova York. Vai para uma comunidade no Queens e logo descobre que a adaptação não será nada fácil. Ao se tornar ciente de que sua antiga gangue, que passava os dias em festas regadas a cumbia corre perigo, começa a questionar sua vida nos EUA.
• Disponível na Netflix
• Hope (Noruega)
De Maria Sodahl. O drama, que traz no elenco Andrea Braein Hovig e Stellan Skarsgard, acompanha um casal cuja vida vira do avesso quando a mulher, diagnosticada com câncer no cérebro, descobre que só tem três meses de vida. A narrativa acontece entre o Natal e o ano- novo e mostra o caos entre o casal e seus seis filhos. O filme será adaptado para uma minissérie da Amazon Prime Video e terá Nicole Kidman como protagonista.
• Collective (Romênia)
De Alexander Nanau. Vencedor da competição internacional do festival É Tudo Verdade em 2020, o filme também está na pré-seleção de melhor documentário do Oscar. O longa segue um repórter investigativo do jornal romeno Gazeta Sporturilor enquanto eles tentam descobrir o esquema de corrupção e descaso estatal que levou ao incêndio da boate Colectiv, que matou 64 pessoas em Bucareste.
• Dear comrades! (Rússia)
De Andrei Konchalovsky. O veterano cineasta recebeu o prêmio especial do júri do Festival de Veneza de 2020 por esta recriação de um massacre na era soviética. Em 1962, soldados do Exército Vermelho e atiradores da KGB abriram fogo contra trabalhadores desarmados em greve. Oitenta pessoas morreram no chamado Massacre de Novocherkassk. Essa tragédia é recriada a partir de uma oficial do partido, fiel e sem queixas dos desmandos do Kremlin. Mãe solteira, se desespera quando sua filha, uma das grevistas, desaparece.
• A sun (Taiwan)
De Mong-Hong Chung. Pesado drama familiar sobre um casal e seus dois filhos. Como o caçula sempre foi problemático, todas as expectativas residiram no introvertido primogênito. Enquanto este tenta entrar no curso de medicina, o mais novo é detido por um crime cometido por seu melhor amigo. O pai se recusa a ajudar o jovem, chegando a pedir ao juiz que endureça sua pena. Enquanto ele vai para a prisão, sua namorada se apresenta na porta da casa dos pais, grávida e decidida a ter o filho.
• Disponível na Netflix
•O homem que vendeu sua pele (Tunísia)
De Kaouther Ben Hania. A narrativa flerta com romance, humor negro e drama, numa sátira ao mundo da arte. A história acompanha um refugiado sírio que sai do Líbano e tenta ir para a Bélgica para reencontrar seu amor perdido. Para tal, ele decide se tornar uma tela viva tatuada. O filme se inspirou em um caso real em que um artista belga, durante dois anos, tatuou as costas de um homem suíço e o levou para ser exposto em galerias de arte.