Maldito algoritmo! Quantas vezes nos pegamos nestes longos meses em casa tentando encontrar algum filme ou série e concluímos que havíamos esgotado todas as (boas) possibilidades?
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. Netflix
O gigante do streaming anunciou o lançamento de 70 longas-metragens ao longo de 2021. A título de comparação, o centenário estúdio Warner Bros. vai lançar 17 filmes neste ano. Os títulos originais da plataforma são sempre badalados. Só que há muita coisa escondida.
A Netflix tem pelo menos 200 subcategorias de filmes que não aparecem na página inicial. Se tiver interesse em descobri-las, coloque no Google “Netflix+categorias escondidas” que você vai encontrar os códigos e o passo a passo para descobrir comédias independentes, filmes alemães ou do Sudeste asiático. Ou seja lá qual for a sua preferência, tem para todo gosto.
• The young offenders (2016) – A comédia irlandesa é baseada em uma história real da maior apreensão de cocaína ocorrida naquele país, em 2007. Os adolescentes Conor e Jack, melhores amigos e com uma queda para a delinquência, roubam duas bicicletas e pedalam 160 quilômetros, com a polícia em seu encalço, para tentar encontrar uma parte da droga apreendida que sumiu. O pacote desaparecido equivale a US$ 7 milhões. A referência imediata é Trainspotting (1996). Aqui, a trilha sonora tem também importância. Dois anos após a estreia do filme, o mesmo cineasta, Peter Foott, lançou série homônima e com os mesmos personagens. A produção está na terceira temporada.
• Nós somos jovens. Nós somos fortes (2014) – Parte colorido, parte em preto e branco, o filme de Burhan Qurbani é baseado em fatos reais. Em 24 de agosto de 1992, em Rostock, cidade no Leste da Alemanha, uma multidão enfurecida de radicais de direita incendiou um abrigo onde estavam mais de 100 vietnamitas que pediam asilo no país europeu. Ninguém morreu durante o ataque, que durou mais de dois dias e duas noites. Símbolo da xenofobia da Alemanha recém-reunificada, o episódio é retratado no filme por meio de três personagens: um jovem vietnamita, outro que faz parte da turba violenta e seu pai, um homem que entra em um dilema entre proteger o filho e fazer a coisa certa.
• A sun (2019) – A produção chinesa (de Taiwan) dirigida por Mong-Hong Chung acompanha uma triste história familiar. Um casal teve dois filhos. Como o caçula sempre foi problemático, todas as expectativas foram dirigidas ao introvertido primogênito. Enquanto este tenta entrar no curso de medicina, o mais novo é detido por um crime cometido por seu melhor amigo. O pai se recusa a ajudar o jovem, chegando a pedir ao juiz que seja severo na pena. Enquanto o filho vai para a prisão, sua namorada se apresenta na porta da casa dos pais, grávida e decidida a ter o bebê. É tenso, nada piegas, com imagens impactantes e ritmo lento. Assista quando estiver num bom dia, já que o drama não é para estômagos fracos.
. Amazon Prime Video
Dia após dia, a tela inicial da plataforma parece imutável, com basicamente os mesmos destaques. Só que a quantidade de filmes disponíveis nesse serviço é enorme. Entretanto, separar o joio do trigo pode levar um tempo igual ao que se gasta para assistir ao filme. E mais: o aplicativo, mais de uma vez, nos prega peças, com títulos exclusivamente dublados (o horror do cinéfilo) ou sem legendas (alô, estamos no Brasil!). Uma vez que tenha gostado de um título, é recomendável procurar abaixo dele, na aba “Os clientes também assistiram”. Nem sempre dá certo, mas é um caminho.
• Departamento Q (foto) (2013, 2014, 2016) – São filmes dinamarqueses baseados nos romances de Jussi Adler-Olsen (disponíveis no Brasil). Os fãs do gênero sabem como a Escandinávia é o celeiro de narrativas policiais com clima noir. Os três títulos disponíveis – o primeiro se chama Departamento Q: Guardiões das causas perdidas – acompanham Carl Morck (Nikolaj Lie Kaas), policial desacreditado após participar de uma operação que deixa um companheiro paralisado e outro morto. Deprimido e bebendo muito, ele é transferido para o recém-criado Departamento Q, basicamente um porão onde estão casos antigos não resolvidos. Seu único parceiro é o árabe Assad (Fares Fares). Juntos, começam a desvendar crimes impossíveis (e cabulosos, como prezam as narrativas nórdicas), que se tornam uma obsessão para Morck.
• Buscando um velho amor (2013) – Este é uma espécie de Sessão da tarde indie. Em Seattle, Toni Collette é a crítica musical Ellie Klug, mulher madura que ainda vive como se estivesse nos anos 1990, na explosão do grunge. Com sua revista em crise, seu editor lhe manda procurar um antigo astro daquele período, que há muitos anos sumiu de vista – muitos suspeitam que ele tenha cometido suicídio. Só que o tal astro foi o grande amor de juventude de Ellie, que embarca na história ao lado de um amigo improvável, o anacrônico Charlie (Thomas Haden Church, responsável pelas melhores piadas do filme). Com uma trilha sonora deliciosa e pequenas participações de grandes atores, o filme é agridoce e irresistível.
• O som do silêncio (2019) – Este não é um título propriamente escondido, já que, volta e meia, aparece entre os destaques da plataforma. Mas entra na lista porque merece um público maior. Primeiro longa dirigido por Darius Marder, acompanha Ruben (Riz Ahmed), um viciado em drogas em recuperação, que divide com a namorada, Lou (Olivia Cooke), uma banda de rock pesado. Ele é o baterista; ela, a vocalista e guitarrista. Juntos em um furgão, viajam pelos EUA fazendo shows. Até que, um dia, ele descobre que está perdendo a audição de forma avassaladora. Vai parar em uma instituição cristã de surdos, cheia de disciplina. Ruben só quer ter sua vida de volta, algo que vai descobrir ser impossível da forma mais difícil. Atenção para o som do filme – ali, até o silêncio fala.
. Globoplay
A principal plataforma de streaming brasileira quer, é claro, divulgar suas próprias produções. É novela que não acaba mais. E, vamos e venhamos, as séries produzidas para o Globoplay não chegam aos pés do que a Globo já lançou ao longo de sua história. Mas o papo aqui é cinema, ou a modalidade possível em casa, durante a pandemia. Ainda que a oferta não chegue a ser tão grande quanto as da Netflix e Prime Video, a produção nacional – seja de filmes comerciais ou autorais – é bem interessante. E, aqui e ali, surgem pequenas pérolas do cinema de autor que fizeram bonito nos grandes festivais internacionais.
• Honeyland (foto) (2019) – É o filme de que muito se falou no Oscar 2020, mas pouco se viu. Documentário de Tamara Kotevska e Ljubomir Stefanov que colocou a pequena Macedônia do Norte na mira do cinema, foi o primeiro longa de não ficção a competir nas categorias de documentário e filme internacional. Acompanha Hatidze, uma tradicional apicultora que segue com rigidez a regra máxima da atividade: deve-se apanhar somente a metade do mel; a outra parte deve ficar com as abelhas. Foram três anos de filmagem, 400 horas de gravação, com a mulher e sua mãe num lugar remoto, falando em turco otomano, dialeto que nem os próprios falantes de turco compreendem. As imagens explodem na tela, e a história singular de Hatidze também.
• Deus branco (2014) – Está todo mundo falando de Pieces of a woman, o impactante título recém-lançado pela Netflix que acompanha o luto de uma mulher que perdeu a filha logo após o parto. Pois o diretor e a roteirista – o casal húngaro Kornél Mundruczó e Kata Wéber – chamaram muito a atenção do circuito de festivais com Deus branco, que lhes garantiu o prêmio da mostra Um Certo Olhar, em Cannes. Em Budapeste, uma menina que vai viver com o pai é obrigada a se separar de seu cachorro, deixado à própria sorte nas ruas. O filme está longe de ser uma fábula sobre uma garota em busca de seu animal. Violento e incômodo, acompanha a transformação do cachorro – que nas ruas se torna um assassino, já que vai parar num grupo de lutas ilegais de cães –, fazendo uma analogia com o poder.
• Incêndios (2010) – Antes de ser abraçado por Hollywood, onde dirigiu A chegada (2016) e Blade Runner 2049 (2017), o canadense Denis Villeneuve foi celebrado (recebeu sua primeira indicação ao Oscar, de filme estrangeiro) pela adaptação da peça do libanês Wajdi Mouawad (encenada no Brasil por Aderbal Freire-Filho, com Marieta Severo). O drama acompanha uma libanesa e seus dois filhos gêmeos. Ao deixar duas cartas em testamento, a mãe faz a dupla partir de Québec para o Oriente Médio em busca de familiares. Há elementos da tragédia grega e um final impactante.