Não é sempre que o diretor de cinema Guilherme Coelho contabiliza a vitória de assinar um filme como o documentário Luz acesa. Com discurso esclarecedor e corajoso, cinco pessoas se dispuseram a encarar o passado desagradável da convivência com o uso desmedido e problemático de substâncias como bebidas alcoólicas e drogas. “Ouvimos pessoas que querem mudar o mundo. Pretendem ajudar outras pessoas a mudarem suas vidas. Por isso, elas se expuseram, falando de maneira tão franca, ao lado de suas famílias revendo e revelando suas intimidades”, explica o diretor.
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Luz acesa tem propostas de chegar aos meios de streaming, de forma paga e gratuita. “Queremos que o filme seja visto pelo maior número de pessoas que possam se ajudar. Serve a famílias que estão passando por estas questões”, explica. O teor do debate público, por meio da arte, traz emblemáticos otimismo e acolhimento. “O cinema talvez não transforme a realidade. Mas nós, sujeitos de nossas vidas, transformamos o mundo, ao transformarmos nossas vidas. Um dia de cada vez”, pontua Guilherme Coelho, conhecido, entre outras façanhas, como produtor de filmes de Eduardo Coutinho.
Passagens por clínica psiquiátrica, limitação financeira, sumiço, por dias, do convívio com familiares e o relato de internação à revelia estão registrados em Luz acesa. A aproximação com situações criminosas, na realidade carioca, também se apresentam entre as trajetórias. Sem lições de moral, o diretor demarca: “O uso problemático de substâncias nos leva para longe de nós. De sujeitos, donos de nossas vidas, nos tornamos objetos, títeres do álcool e das drogas”.
Por outro lado, para além das adversidades, Luz acesa imprime enredos de retomada de controle. Caso de Fernanda Bradão, que, atleta, se reinventou. Entre relatos de “fundo de poço”, o documentário avança para a questão do preconceito: mesmo convivendo, de modo parelho com a situação de excessos, muitas se preservam de maiores exposições dentro do tema, abafadas pelo machismo. Entre relatos do sofrimento com o uso de bebidas, Fernanda admite que “não se olhava no espelho”, algo que quase a acompanha até os dias de hoje. “Nunca olhei para mim de verdade”, resume a atleta. Com Luz acesa, Guilherme Coelho persegue firme o cinema da escuta, do encontro e da emoção de estar junto, como ele reforça.