Filme de Bárbara Paz representa o Brasil na briga pelo Oscar 2021

Documentário sobre Hector Babenco foi escolhido por comitê criado pela Academia Brasileira de Cinema; relação dos pré-candidatos à estatueta será divulgada em 9 de fevereiro

19/11/2020 04:00
Imovision/divulgação
Babenco - Alguém tem que ouvir o coração e dizer: Parou mostra o amor de Hector Babenco pela vida e pelo cinema (foto: Imovision/divulgação)
O documentário Babenco – Alguém tem que ouvir o coração e dizer: Parou, dirigido e produzido pela atriz Bárbara Paz, foi escolhido pelo Brasil para brigar por uma vaga na disputa do Oscar de Melhor filme internacional em 2021.

A decisão foi anunciada ontem pelo comitê da Academia Brasileira de Cinema (ABC) encarregado de escolher a produção nacional para o Oscar, processo que não teve a participação do governo. O grupo reuniu André Ristum (diretor e roteirista), Clélia Bessa (produtora), Leonardo Monteiro de Barros (produtor de cinema e TV), Lula Carvalho (diretor de fotografia), Renata de Almeida Magalhães (produtora), Toni Venturi (diretor) e Viviane Ferreira (diretora e roteirista, presidente da ABC).

Em 26 de novembro, o filme de Bárbara Paz vai estrear nas salas de cinema do Brasil, depois de ganhar prêmios internacionais importantes, como o Bisato D'Oro, concedido pela crítica independente durante o Festival de Veneza, realizado em setembro, na Itália.

Babenco – Alguém tem que ouvir o coração revela medos, ansiedades, memórias e reflexões do cineasta argentino naturalizado brasileiro, que morreu aos 70 anos, em 2016, após sofrer uma parada cardíaca. O diretor foi casado com Bárbara Paz por seis anos. “Emocionada. Hector sorrindo lá em cima”, afirmou ela em postagem nas redes sociais. “É o primeiro documentário indicado ao Oscar estrangeiro pelo Brasil, isso é histórico. Estou muito emocionada porque o Hector merecia muito. Estou vendo o sorriso dele aqui na minha frente”, disse a atriz e diretora ao portal G1.

Alberto Pizzoli/AFP
Em setembro, Bárbara Paz recebeu prêmio da crítica independente no Festival de Veneza (foto: Alberto Pizzoli/AFP)

Hector Babenco dirigiu alguns dos filmes mais importantes do Brasil, como O beijo da mulher-aranha (1985), com o qual ele disputou o Oscar de Melhor diretor, dando a estatueta de Melhor ator a William Hurt, Pixote: A lei do mais fraco (1982), Lúcio Flávio, o passageiro da agonia (1977) e Carandiru (2003).


O filme de Bárbara Paz concorreu com A divisão, A febre, Alice Júnior, Aos olhos de Ernesto, Casa de Antiguidades, Cidade Pássaro, Jovens polacas, M8, Macabro, Marighella, Minha mãe é uma peça 3, Narciso em férias, Pacarrete, Pureza, Sertânia, Todos os mortos, Três verões e Valentina.

CÂNCER 


Babenco fez de São Paulo o cenário de muitos de seus filmes. O documentário de Bárbara Paz, de certa forma, é considerado a última criação dele. Mostra tanto a fragilidade de um homem que enfrentou o câncer desde os 38 anos quanto a garra do artista que fez do cinema o remédio e o alimento para continuar vivendo.

Devido à pandemia do coronavírus, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood, responsável pelo Oscar, alterou o calendário da 93ª edição do evento em 2021. Em 9 de fevereiro, serão anunciados os filmes pré-selecionados para a categoria de longas internacionais. Em 15 de março, será divulgada a lista das produções que disputarão o prêmio em 25 de abril.

"Emocionada. Hector sorrindo lá em cima”

Bárbara Paz, 
diretora

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