A 22ª edição do Festival Internacional de Curtas de Belo Horizonte (FestCurtas BH) será aberta nesta sexta-feira (23) com programação on-line e gratuita, a partir da plataforma exclusiva criada para abrigar ações virtuais do Cine Humberto Mauro. O evento, que convida ao debate sobre dimensão política dos corpos nestes tempos de pandemia, também homenageará a cineasta franco-suíça Carole Roussopoulos (1945-2009).

Nove mostras exibirão 102 curtas-metragens de 34 países e 12 estados brasileiros – com destaque para 19 produções mineiras. “Esses filmes representam a pungência da nossa produção local. É muito significativo ter essas obras espalhadas em toda a programação”, afirma Bruno Hilário, gerente do Cine Humberto Mauro e coordenador-geral do Festcurtas BH.

Bruno Hilário destaca também a mostra dedicada à obra de Carole Roussopoulos, marcada pelo ativismo em prol dos direitos LGBT%2b, além das lutas feministas, operárias e anti-imperialistas. Haverá conferência da curadora e pesquisadora Hélène Fleckinger, em francês, disponibilizada com legendas em inglês e português.

Os curadores buscaram viabilizar novas oportunidades no contexto imposto pela pandemia do novo coronavírus. “A gente vislumbrou a possibilidade de intensificar a mediação do nosso conteúdo no ambiente virtual. Isso nos possibilitou estabelecer diálogos além das fronteiras de Belo Horizonte e Minas Gerais”, explica Bruno Hilário.

As atividades on-line do Cine Humberto Mauro têm se destacado no ambiente digital da Fundação Clóvis Salgado (FCS), conquistando público maior do que aquele de eventos presenciais realizados pela instituição. Os 10 filmes da mostra Clássicos do cinema japonês, por exemplo, somaram 28 mil visualizações em junho. Os números promissores inspiraram a criação da plataforma cinehumbertomauromais.com.br, que estreia hoje no FestCurtas BH.

Na abertura do evento, às 19h30, curadores apresentarão a dinâmica do festival para o público. Em seguida, serão exibidos El Dorado (México, 2020), do Coletivo Los Ingrávidos, e Genet parle d’Angela Davis (França, 1971), de Carole Roussopoulos. A rapper paraibana Bixarte encerrará a noite em uma performance com 40 minutos.

Bruno Hilário explica que a participação de Bixarte reforça a potência do formato on-line. “Claro que a gente não nega a importância do presencial. Por isso, o cinehumbertomais vai existir nesses dois ambientes”, informa.

CAPIVARA

As mostras competitivas se dividem nas categorias internacional, Brasil e Minas. O júri escolherá os vencedores, que receberão R$ 5 mil e o Troféu Capivara. A pandemia inspira a mostra Corpo político, voltada para filmes em que o corpo humano dialoga com espaços, afetos e fronteiras, evidenciando a reclusão social, que se tornou emblemática nestes tempos de COVID-19.

Por sua vez, a mostra paralela A vida das coisas destaca nove filmes brasileiros e estrangeiros sobre a soberania do homem diante da natureza. “Neste período de pandemia, o Brasil viveu desastres ambientais ligados à destruição da Amazônia e às queimadas no Pantanal. Viemos também de um trauma não curado e pouco debatido, que é a questão de Brumadinho. Os filmes trazem a urgência desse debate”, conclui o coordenador do Festcurtas BH.

Até 1º de novembro. Acesso gratuito (cinehumbertomauromais.com.br). Programação completa: festivaldecurtasbh.com.br e fcs.mg.gov.br

*Estagiário sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria