Rodado no Brasil, na Bolívia e no Paraguai, King Kong en Asunción, dirigido pelo pernambucano Camilo Cavalcante, ganhou o troféu Kikito de melhor longa-metragem no 48º Festival de Cinema de Gramado, encerrado no sábado (26).
O prêmio de melhor ator foi para Andrade Júnior, protagonista de King Kong..., que morreu aos 74 anos, de parada cardíaca, em 2019. Cavalcante dedicou seu Kikito a Andrade, figura de destaque na cena brasiliense. “Ele é o sol desse trabalho”, afirmou o diretor.
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A família de Andrade Júnior agradeceu o Kikito destinado ao ator. King Kong en Asunción levou também o prêmio de melhor filme/júri popular. O longa conta a história de um velho matador que se esconde no interior da Bolívia depois de cometer o último assassinato. Enfrentando profunda crise existencial, ele sai à procura da filha que não conheceu.
CÂNONE
O cineasta Ruy Guerra conquistou três Kikitos com o longa Aos pedaços, premiado nas modalidades melhor direção, melhor fotografia e melhor desenho de som. O diretor dedicou os prêmios a quem faz cinema no Brasil. “Precisamos uns dos outros”, afirmou. O veterano também agradeceu aos jurados por reconhecer sua nova obra, que, de acordo com ele, “foge aos canônes”.
Aos pedaços acompanha um homem atormentado às voltas com a desconfiança de que será assassinado por uma de suas duas mulheres. Diretor de filmes que abordam questões caras ao Brasil, como é o caso de Kuarup (1989), adaptação do romance de Antônio Callado, Ruy Guerra criticou o “governo racista”, apontando o descaso com indígenas e quilombolas.
O cineasta, de 89 anos, ressaltou a importância do Ministério da Cultura, extinto pela administração Jair Bolsonaro, e do Fundo Setorial do Audiovisual. No telão, a seu lado, estava a produtora Janaína Diniz Guerra, filha dele com a atriz Leila Diniz (1945-1972). Ruy criticou “a tentativa de destruição das artes e ciências”, por parte do governo, e avisou: “Nada nos fará parar, porque artistas são animais que representam fonte de vida”.
O Kikito de melhor atriz de longa foi para Isabel Zuaa protagonista de Um animal amarelo, dirigido por Felipe Bragança. Premiada pela crítica, a produção também levou troféus de direção de arte e roteiro. Dirigido por Caetano Gotardo e Marco Dutra, Todos os mortos ficou com os Kikitos de atriz e ator coadjuvantes, conquistados por Alaíde Costa e Thomás Aquino.
Na categoria longa estrangeiro, o prêmio de melhor filme foi para a produção colombiana La frontera, de David David, também contemplada com Kikitos de melhor roteiro e melhor atriz, esse último compartilhado por Daylin Vega Moreno e Sheila Monterola.
O documentário uruguaio El gran viaje al país pequeño, de Mariana Viñoles, conquistou os Kikitos de melhor direção e melhor filme estrangeiro/júri popular, além do Prêmio Especial do Júri. O longa conta a história de sírios refugiados no Uruguai.
AMAZÔNIA
Na categoria curta-metragem, o prêmio de melhor filme brasileiro foi para O barco e o rio, de Bernando Ale Abinader, sobre mulheres que moram numa embarcação na Amazônia.
Abordando o preconceito enfrentado pela população trans, Inabitável ganhou os Kikitos de melhor atriz (Luciana Souza) e melhor roteiro (Matheus Farias e Enock Carvalho). Daniel Veiga ficou com o Kikito de melhor ator por seu trabalho em Você tem olhos tristes. Na categoria longa gaúcho, Portuñol, de Thais Fernandes, foi o eleito o melhor filme.
PREMIADOS
LONGA BRASILEIRO
- Filme: King Kong en Asunción
- Direção: Ruy Guerra (Aos pedaços)
- Ator: Andrade Júnior (King Kong en Asunción)
- Atriz: Isabel Zuaa (Um animal amarelo)
- Roteiro: Felipe Bragança (Um animal amarelo)
- Ator coadjuvante: Thomás Aquino (Todos os mortos)
- Atriz coadjuvante: Alaíde Costa (Todos os mortos)
LONGA ESTRANGEIRO
- Filme: La frontera
- Direção: Mariana Viñoles (El gran viaje al país pequeño)
- Ator: Anibal Ortiz (Matar a un muerto)
- Atriz: Daylin Vega Moreno e Sheila Monterola (La frontera)
CURTA BRASILEIRO
- Filme: O barco e o rio
- Direção: Bernardo Ale Abinader (O barco e o rio)
- Ator: Daniel Veiga (Você tem olhos tristes)
- Atriz: Luciana Souza (Inabitável)
- Roteiro: Matheus Farias e Enock Carvalho (Inabitável)