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CINEMA

Comédia romântica de Woody Allen abre Festival de San Sebastián

Repleto de precauções por causa do novo coronavírus, o Festival de Cinema de San Sebastián teve início nesta sexta-feira (18) com a estreia mundial de Festival de Rifkin, uma comédia romântica na qual Woody Allen homenageia seus mestres inspiradores e retorna às suas obsessões. Em seu novo filme, o cineasta nova-iorquino de 84 anos relembra, com sequências fantasiosas, os cineastas europeus Jean-Luc Godard, François Truffaut, Federico Fellini, Ingmar Bergman, além de O anjo exterminador de Luis Buñuel.



E como fez com Barcelona e Oviedo em Vicky Cristina Barcelona (2008), desta vez resolveu trabalhar novamente com a produtora espanhola Mediapro para maravilhar a todos com a beleza das ruas, montanhas e mar de San Sebastián, onde filmou no verão de 2019. "Quem financiou meu filme queria um filme na Espanha. Lembrei-me de como é lindo e charmoso San Sebastián e montei o plano do filme em torno do festival", explicou o diretor, por meio de videoconferência, de sua casa, em Nova York.

Allen reflete sobre suas referências ao cinema clássico europeu, afirmando que "tiveram grande influência no cinema americano". Ao lembrar que, na época dos seus diretores favoritos, o cinema comercial de Hollywood também dominava, o diretor afirma que "a situação continua a mesma" hoje, com "alguns bons diretores fazendo filmes de alta qualidade" em meio a títulos muito menos ambiciosos do ponto de vista artístico.

A comédia gira em torno do casal formado por Mort Rifkin (Wallace Shawn) e sua esposa Sue (Gina Gershon), uma publicitária de cinema. Ambos viajam para o festival na cidade basca, e ela se envolve em um "caso" com um atraente diretor francês (Louis Garrel).



Irônico e mordaz, Rifkin dá voz às perguntas de Woody Allen sobre o significado da vida e da morte, e também repensa seu casamento após conhecer uma médica espanhola, Jo Rojas (Elena Anaya), que, por sua vez, está infeliz com sua união com um pintor louco (Sergi López).

Trabalhar com Woody Allen foi um “presente de vida, e eu aproveitei”, embora “chegasse todos os dias um pouco neurótica” ao set e “saía atormentada” de lá, contou Elena Anaya, atriz que foi a “menina (Pedro) Almodóvar” em A pele que habito (2011).

“A comida aqui é muito boa. Estávamos filmando e eu queria comer o tempo todo. Isso era o mais difícil", disse Gina Gershon, referindo-se à elogiada cozinha basca.

Allen volta a exibir o seu trabalho no festival que em 200 lhe concedeu o prêmio Donostia pelo conjunto da carreira e lhe dedicou uma retrospectiva.



Recentemente, Allen se tornou alvo do movimento #MeToo, quando ressurgiram acusações de que ele teria abusado sexualmente de sua filha Dylan Farrow, quando ela tinha 7 anos. Ele nega as acusações. As investigações feitas na época encerraram o caso sem encontrar evidências do crime.

Na esteira do ressugimento das acusações, Allen não conseguiu lançar seu filme anterior, Um dia de chuva em Nova York, nos Estados Unidos, teve o contrato de publicação de suas memórias quebrado pela editora original e ouviu diversos astros e estrelas de Hollywood afirmarem ter-se arrependido de haver trabalhado com ele. (AFP)