O primeiro festival em tempos de pandemia, sem as estrelas de Hollywood e o público de fãs no tapete vermelho, foi realizado com total respeito às medidas de saúde, sem filas e aglomerações, com os espectadores sentados a distância, com um assento vazio de cada lado.
“Até agora, não foram registrados casos positivos de coronavírus. Isso é uma vitória”, afirmou Roberto Cicutto, o novo presidente da Bienal de Veneza.
Segundo Eleanor Stanford, em matéria publicada no jornal The New York Times, o distanciamento social foi “o valor agregado”, porque o espectador ficou mais confortável.
O Times considerou essa edição “mais livre”, devido à ausência de grandes produções americanas que usam Veneza como trampolim para lançar seus filmes ao Oscar.
O primeiro grande festival internacional celebrado em plena pandemia durou 10 dias, conforme a tradição, contando com menos repórteres credenciados – apenas 5 mil, número baixo se comparado à última edição, que somou 12 mil.
A ausência de críticos e de delegações de países asiáticos e da América Latina chamou a atenção, apesar da presença de vários filmes dessa região, como o impactante Nova ordem, do mexicano Michel Franco.
“Servimos de laboratório para os outros festivais”, afirmou Alberto Barbera, que encerra sua gestão este ano, depois de uma década como diretor do evento.
Apesar da definição dada pelo jornal francês Le Monde de festival com disputa “amorfa”, os organizadores consideram que o evento revitalizou um setor em crise devido às salas de cinema fechadas e as gravações paralisadas por causa da pandemia.
De 60 longas-metragens, convidados a participar em cinco categorias distintas, e 15 curtas, a maioria eram obras de autores quase desconhecidos.
“Além da distância física, houve a distância mental. Foi aberto um espaço para novos olhares, para uma nova geração de cineastas”, ressaltou a crítica italiana Cristiana Paternó, ao elogiar o alto número de diretores e diretoras independentes que participaram das diversas seções do Festival de Veneza.
As mulheres ampliaram sua participação no festival, com oito diretoras contra 10 homens competindo pelo precioso troféu Leão de Ouro.
Não se descarta que o júri, presidido pela atriz Cate Blanchett, premie, neste sábado, o filme de uma mulher.