Ator de Star Wars, John Boyega, revela ter sofrido racismo nos bastidores do filme

Ele critica a Disney, dona da franquia, por personagens negros serem tratados sistematicamente estereotipados

AFP 02/09/2020 17:46
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John Boyega, que interpreta Finn em Star Wars, fala sobre racismo nos bastidores das gravações e critica Disney, dona da franquia (foto: Divulgação)
Do tratamento estereotipado de personagens negros ao desconhecimento do cabelo afro por cabeleireiros, o ator britânico John Boyega fala do racismo sofrido durante as filmagens da saga Star Wars em entrevista publicada na quarta-feira (2) pela GQ.

Boyega, que interpreta o soldado rebelde Finn na trilogia mais recente da série, critica especialmente a Disney, dona da franquia, por "propor um personagem negro, vendendo-o como se ele fosse ser mais importante do que realmente é e depois deixando-o de lado. "Não está certo", diz.

Ele também critica que, ao contrário dos protagonistas brancos, personagens fora dos padrões como os interpretados por Naomi Ackie (a guerreira Jannah), Oscar Isaac (o piloto Poe Dameron) e Kelly Marie Tran (a mecânica Rose), não possuem tanta personalidade.

"Sejamos honestos, eles deram a Adam Driver (que interpreta o vilão Kylo Ren) muitas características, deram a Daisy Ridley (Rey) muitas nuances", diz o ator britânico, "mas quando se trata de Kelly Marie Tran ou John Boyega, estragaram tudo".

Boyega também denuncia nesta entrevista um tratamento sistematicamente estereotipado de personagens negros nos sucessos de bilheteria de Hollywood. "Eles estão sempre com medo" e "eles estão sempre encharcados de um maldito suor!".

Ele contou ainda que o seu cabeleireiro durante as filmagens não tinha qualquer experiência com cabelos afros mas "teve a coragem de fingir", e que foi vítima de racismo por parte de um determinado público, que ameaçou "boicotar o filme porque estava nele" e lembrou das "ameaças de morte" que sofreu nas redes sociais.

Coisas desse tipo "te deixam com raiva" e "te deixam mais militante, te mudam", disse o ator, que não hesitou em pegar o microfone na primeira manifestação no mês de junho, em Londres, em memória de George Floyd, um negro norte-americano morto por um policial branco nos Estados Unidos e cuja morte desencadeou uma onda de protestos antirracismo pelo mundo.

Com a voz embargada, ele fez um comovente discurso de apoio a seus "irmãos e irmãs negros" americanos que se tornou viral nas redes sociais e um símbolo do movimento que luta contra o racismo e a brutalidade policial.

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