Uai Entretenimento

STREAMING

Documentário sobre especulação imobiliária tem acesso gratuito

Nas capitais brasileiras, o crescimento desordenado das cidades tem despertado aberrações no mercado imobiliário. É cada vez mais comum o uso de artifícios para atrair compradores: o material publicitário transmite uma ideia de sonho, os apartamentos decorados são milimetricamente pensados para agradar possíveis compradores, a apresentação de novos imóveis é regada a regalias, e o ideal do mercado é comprar todas as casas e transformá-las em prédios, tudo isso em nome da moderna ocupação urbana desenfreada.



Em Banco imobiliário, longa de estreia do cineasta paulista Miguel Antunes Ramos, esse cenário é retratado com um olhar voltado para a voracidade dos corretores e empresários do ramo.

Ao longo de pouco mais de 60 minutos, o documentário aborda diferentes aspectos que envolvem questões como especulação imobiliária, mudança contínua e acelerada dos espaços urbanos, verticalização de bairros e crescimento desordenado..

A partir de uma montagem vertiginosa, os casos que se sucedem aos        olhos do espectador provocam até certo efeito cômico: cenas sobre promoção de imóveis e estratégias de venda podem levar ao riso. O resultado é um filme agradável, sobretudo se levada em conta a aridez do tema.



PROPAGANDA 


Para tanto, o cineasta busca as exceções: ele retrata apartamentos luxuosos demais ou pequenos demais, vídeos de promoção de imóveis excessivamente sentimentais ou tecnológicos, eufemismos nas estratégias de venda que beiram a piada – um corretor inclusive investe em palavras com erros de português para seduzir mais compradores na internet.

Estão lá os chefões do marketing e vendedores ávidos pelo negócio, todos plenamente crentes nos benefícios da especulação e na eficácia de suas estratégias comerciais.

Incomoda, entretanto, o descolamento histórico pelo qual o filme opta. Não se sabe como e quando esta configuração surgiu nem quais devem ser seus desdobramentos no futuro próximo. 

Este é um documentário de constatação. Miguel Antunes Ramos observa a situação com talento e rigor, mas seu discurso não vai além da percepção, ignorando questões essenciais à compreensão do crescimento desenfreado das cidades.



O que a câmera do diretor revela é a cidade vista como maquete e um mundo à parte, com sua gramática própria, decisivo nas dinâmicas de reconfiguração urbana e, ao mesmo tempo, alheio a qualquer forma de discussão pública e pensamento de longo prazo.

Esse é um assunto recorrente na obra desse jovem cineasta que abordou a questão dos estacionamentos em E (2014); de um complexo residencial e comercial em O castelo (2015), que recebeu o Prêmio Itamaraty no Festival Internacional de Curtas-metragens de São Paulo; e a construção do gigantesco templo religioso da Igreja Universal do Reino de Deus em Salomão (2013). Ele dirigiu também os curtas A era de ouro (2014), Um, dois, três, vulcão (2012) e Comissão de vendas' (2016).

Rodado em 2014, Banco imobiliário teve sua primeira exibição em 2016, na 19ª Mostra de Tiradentes, e agora está disponível, gratuitamente, por duas semanas, no site da distribuidora Embaúba Filmes. A partir do próximo dia 18, o longa seguirá disponível para locação no mesmo endereço on-line.



Como parte do lançamento, a Embaúba Filmes promove nesta quarta-feira (5) uma live em seu canal no YouTube que irá reunir Guilherme Wisnik e Raquel Rolnik, dois dos principais nomes do urbanismo brasileiro, em uma conversa com Miguel Antunes Ramos. 

BANCO IMOBILIÁRIO 

Disponível gratuitamente até 17 de agosto no site da distribuidora Embaúba Filmes (embaubafilmes.com.br)

LIVE DE LANÇAMENTO

Com o diretor Miguel Antunes Ramos e os urbanistas Guilherme Wisnik e Raquel Rolnik.
Nesta quarta-feira (5), às 20h, no canal da Embaúba Filmes no YouTube.