Cinema perde o talento múltiplo do diretor Alan Parker

Versátil na produção de filmes que vão do drama ao musical, britânico foi duas vezes indicado ao Oscar. Ele morreu nesta sexta-feira, aos 76, após "doença prolongada"

Estado de Minas 01/08/2020 09:50
Carl COURT/afp
O cineasta Alan Parker exibe troféu honorário do Bafta, o "Oscar inglês", em 2013. Seu último longa, A vida de Gale, é de 2003 (foto: Carl COURT/afp)

Ele começou sua carreira dirigindo comerciais e terminou a vida artística dedicando-se à pintura, feliz por não precisar "de outras cem pessoas" para exercer sua atividade criativa, mas também sentindo imensa falta de estar rodeado de pessoas num set de filmagens, algo com que se divertia verdadeiramente, embora reconhecesse que a maioria de seus colegas diretores preferisse os momentos de solidão na sala de montagem.

O britânico Alan Parker, que morreu nesta sexta-feira aos 76 anos, após uma "doença prolongada", segundo anunciou o representante da família, deixou de dirigir longas em 2003, quando já tinha no currículo ao menos uma dezena deles que se destacaram em sua época (ele foi duas vezes indicado ao Oscar) e para além dela. Versátil, mostrou habilidade em diferentes gêneros.

No terreno dos musicais, assinou Evita (1996), versão cinematográfica do musical criado por Andrew Lloyd Webber e Tim Rice, com Madonna no papel da ex-primeira-dama argentina. Ao lamentar a morte de Parker, Lloyd Webber declarou: "Meu amigo e colaborador no filme Evita e um dos poucos diretores que verdadeiramente compreendia o que é um musical no cinema".

MUSICAIS 

Parker compreendia isso tão bem que transformou Fama (1980) num dos maiores sucessos oitentistas. O filme originou uma série de TV. Ainda na seara dos musicais, Pink Floyd: The wall voltou a impressionar crítica e público, apenas dois anos depois de Fama.

Com Mississippi em chamas (1988) e O expresso da meia-noite (1978) ele provou que seu talento para o drama era igualmente grande. Foi indicado ao Oscar por ambos. As atenções de Hollywood haviam se voltado para o diretor, no entanto, com o tom de comédia de sua estreia, Quando as metralhadoras cospem (1976).

Parker teve também uma destacada atuação na política cinematográfica, tendo comandado o Instituto de Cinema britânico e o Conselho de Cinema do Reino Unido. Em 2002, ele foi nomeado cavaleiro pela coroa, passando a ser denominado Sir Alan Parker.

A vida de David Gale (2003), com Kevin Spacey e Laura Linney, apresentado no Festival de Berlim, foi seu último trabalho atrás das câmeras. Em entrevista ao jornal The Guardian ele explicou por que decidiu parar de dirigir.

"A verdade é que, à medida que envelheço, a vontade de ter lama do Mississippi até os meus joelhos vai ficando cada vez menor. Dirigir é um trabalho que exige muito esforço físico. Tenho um filho de 8 anos que eu vejo todos os dias. No caso dos meus filhos adultos, eu nunca estava por perto (enquanto cresciam). Estava sempre numa locação em algum lugar. Esse não é mais o tipo de vida que quero."

Alan Parker deixa Lisa Moran-Parker, sua segunda esposa, com quem se casou em 2001, cinco filhos e sete netos. De 1966 e 1992, ele foi casado com Annie Inglis.

FILMES DE DESTAQUE

A vida de David Gale (2003)
As cinzas de Ângela (1999)
Evita (1996)
Mississippi em chamas (1988)
Coração satânico (1987)
Asas da liberdade (1984)
 Pink Floyd – The wall (1982)
 
MGM/divulgação
(foto: MGM/divulgação)

Fama
(1980) 
 O expresso da meia-noite (1978)

MAIS SOBRE CINEMA