Morreu na tarde desta quinta-feira (25), em São Paulo, a cineasta Suzana Amaral. Ela teve a carreira marcada, entre outros trabalhos, pela direção do premiado filme "A Hora da Estrela", lançado em 1985 e inspirado na obra de mesmo nome da romancista Clarice Lispector.
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O filme venceu, ainda, seis premiações no Festival de Brasília em 1985, entre elas a de melhor diretora. A mesma honraria foi dedicada ao trabalho de Suzana no Festival de Havana.
Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, a filha de Suzana, Flávia, contou que a morte da mãe não tem relação com a COVID-19. Também ressaltou que a idade da cineasta era mistério até mesmo para os filhos.
Pelo Twitter, o ator José de Abreu se manifestou sobre a perda. "Ô, meu Deus! Que perda. RIP (Rest in Peace, descanse em paz, em inglês) Suzana Amaral!", escreveu.
Ela deixa nove filhos e mais de 20 netos.
Lamentações
Em entrevista dada em 2017, Suzana Amaral reclamou da falta de apoio público por parte dos governos ao cinema nacional.
"É tão difícil, porque não tem mais nenhum organismo que acene com uma promessa de realização do trabalho da gente. Eu lamento profundamente que hoje no Brasil o cinema está sendo posto à margem", disse a cineasta em entrevista ao programa Arte do Artista, da TV Brasil, há três anos.
"Não tem porta nenhuma que esteja aberta, semiaberta ou aberta num cantinho para que você talvez consiga verba para fazer um filme", completou.
Na mesma ocasião, Suzana falou sobre a vontade de gravar mais vezes, mas que não era saciada pela falta de oportunidades.
"Eu tenho muitas, muitas ideias, vontade de fazer filmes. Sou muito batalhadora e vou até o fim. Poderia fazer um por ano. Projetos não me faltam", lamentou à época.
Suzana também contou, na entrevista, como se inspirava para levar clássicos da literatura para a telona.
"Eu me apodero da literatura para transformá-la em uma obra cinematográfica. É a minha reinvenção. Procuro apreender a essência da obra através da minha visão. É uma transmutação do livro em filme”, comentou.