O aguardado The french dispatch, do americano Wes Anderson, The summer of 85, do francês François Ozon, e dois filmes do diretor britânico vencedor do Oscar Steve McQueen (Mangrove e Lover's rock) fazem parte da seleção oficial do Festival de Cannes, divulgada na quarta-feira.
A lista tem 56 filmes. Tradicionalmente realizado em maio, o evento foi cancelado devido à pandemia do novo coronavírus. Não haverá premiação, mas os selecionados vão se beneficiar do “selo de qualidade” conferido pelo evento.
O Brasil está presente com Casa de antiguidades, primeiro longa-metragem do diretor João Paulo Miranda. Protagonizado por Antônio Pitanga, o filme retrata a vida de um trabalhador negro e o racismo em uma comunidade fictícia, no Sul do país, reduto de colonos austríacos.
Desenvolvido em uma residência do Festival de Cannes, o roteiro aborda a polarização política no Brasil. O filme foi rodado em Treze Tílias, cidade catarinense onde Jair Bolsonaro venceu as eleições para a Presidência da República com larga margem de votos.
Pitanga faz o papel de Cristovam, trabalhador de uma fábrica de laticínios. Louros e de ascendência europeia, os colegas falam alemão e caçoam dele, que se refugia numa casa abandonada, onde, acredita, existem vínculos com sua ancestralidade.
Em 2016, o curta A moça que dançou com o diabo, também dirigido por Miranda, deu ao paulista o prêmio especial do júri no evento francês.
“A seleção mostra que o cinema ainda está vivo. E esteve vivo durante o confinamento”, declarou o diretor-geral do Festival de Cannes, Thierry Frémaux. O anúncio, transmitido no Canal%2b, foi feito por Frémaux e Pierre Lescure, presidente do festival.
“Os cineastas não baixaram os braços, pois nos enviaram 2.067 produções, um recorde. Com eles trabalhando, o mínimo que poderíamos fazer era receber esses trabalhos, ver os filmes”, disse Frémaux. “Tivemos de encontrar outras formas. Para nós, nunca foi uma questão dizer adeus a todos, até o próximo ano”, completou.
O festival cumpriu a promessa de incluir mais filmes de estreantes e de diretoras. “A presença de mulheres cineastas é uma evolução que estamos observando nos últimos anos. Isso demonstra, em número e valor, a contribuição artística e humana delas ao cinema contemporâneo”, afirmou Frémaux.
Este ano, 26,7% da seleção é formada por estreantes (15 títulos) e 28,5% por produções comandadas por mulheres (16 longas). Em 2019, foram 14 filmes com direção feminina. A lista traz a japonesa Naomi Kawase e as francesas Maïwenn e Caroline Vignal, entre outras cineastas.
As obras não foram divididas por categorias. Algumas delas serão exibidas em outros eventos, como os festivais de Toronto, no Canadá, e de Veneza, na Itália, previstos para o segundo semestre.
NA LISTA
>> French dispatch, de Wes Anderson
>> Lover’s rock, de Steve McQueen
>> Mangrove, de Steve McQueen
>> The summer of 85, de François Ozon
>> True mothers, de Naomi Kawase
>> Last words, de Jonathan Nossiter
>> Des hommes, de Lucas Belveaux
>> Druk, de Thomas Vinterg
>> Heaven, de Hong Sang-soo
>> Ammonite, de Francis Lee
>> Peninsula, de Sang-ho Yeon
>> ADN, de Maïwen
>> 9 days at Raqqa, de Xavier de Lauzanne
>> Cévennes, de Caroline Vignal
>> Février, de Kamen Kalev
>> Soul, de Pete Docter
>> Casa de antiguidades,
de João Paulo Miranda
>> Truffle hunters, de Gregory Kershaw e Michael Dweck
>> Si le vent tombe, de Nora Martirosyan
>> On the way to the billion,
de Dieudo Hamadi
>> Un triomphe, de Emmanuel Courcol