Abastecidas semanalmente com novos conteúdos, as plataformas de streaming estão cheias de produções para todo tipo de gosto. Entre as categorias disponíveis, a de filmes brasileiros talvez seja uma das mais seletas, e nela está uma seleção de longas nacionais lançados na última década que conquistaram prestígio quando exibidos nos cinemas.
É o caso de O som ao redor (2013) e Aquarius (2016), dirigidos por Kleber Mendonça Filho e disponíveis na Netflix. Ambientados em Pernambuco, eles exploram problemas típicos das áreas urbanas, como a segurança num bairro de classe média e a demolição de um prédio antigo para a construção de um novo, mais moderno.
No primeiro, a chegada de uma milícia muda a vida dos moradores de uma rua da Zona Sul do Recife: enquanto uns comemoram, outros encaram a situação com temor. No segundo, Clara (Sônia Braga), última moradora do edifício que dá nome ao filme, trava uma batalha contra uma construtora para impedir que o prédio onde mora seja demolido. O filme ainda traz gratas surpresas, como a sobreposição de tempos presente e passado e a trilha sonora de primeira qualidade, que inclui clássicos da MPB.
Outra cineasta cuja breve trajetória é possível conferir on-line é a paulistana Anna Muylaert, que dirigiu cinco longa-metragens na carreira, entre os quais três podem ser encontrados no streaming. É probido fumar (2009), protagonizado por Gloria Pires e Paulo Miklos, integra o catálogo do Prime Video, serviço da Amazon, enquanto Mãe só há uma (2016) está na Netflix.
Que horas ela volta?, lançado em 2015, está disponível na Globoplay. O filme é a antítese dos dias atuais. Val (Regina Casé) é uma empregada doméstica nordestina que deixou sua filha, Jéssica (Camila Márdila), na cidade natal e se mudou para São Paulo para ganhar a vida. Após 13 anos trabalhando para a família de Bárbara (Karine Teles), a funcionária recebe a filha na casa dos patrões, onde mora, para a menina prestar vestibular. Politizada e consciente, a presença da garota sublinha a relação que Val mantém com os empregadores, que insistem em dizer que ela é “como se fosse da família”.
Representantes de duas diferentes fases da diretora Laís Bodanzky estão disponíveis on-line. As melhores coisas do mundo (2010), integrante do catálogo da Globoplay, conta a história de Mano (Franscisco Miguez), um jovem que enfrenta os reveses típicos da adolescência, com foco nos conflitos familiares. Já Como nossos pais (2017), disponível na Netflix, mostra a vida adulta e nada simples de Rosa, interpretada por Maria Ribeiro, que vive uma relação ambígua com a mãe, Clarice (Clarisse Abujamra) e uma crise no casamento, enquanto descobre que não é filha de quem ela acreditava ser seu pai.
Maria também está no elenco de Entre nós (2014), de Pedro Morelli, disponível na Globoplay. O filme, que também conta com Caio Blat, Carolina Dieckman e Paulo Vilhena no elenco, se passa em dois tempos, quando um grupo de amigos se reúnem numa casa de campo para relembrar os encontros do passado – e também as mágoas.
O ator Johnny Massaro, por sua vez, está em dois filmes presentes na Netflix: Todas as razões para esquecer e O filme da minha vida, ambos de 2017. Drama tipicamente romântico, o primeiro mostra o ator no papel de Antônio, rapaz que luta para superar o término do namoro com Sofia (Bianca Comparato); no segundo, longa de estreia de Selton Mello como diretor, ele interpreta Tony Terranova, um jovem abandonado pelo pai (Vincent Cassel) que se vê em meio aos conflitos e inexperiências juvenis.
O cinema mineiro está representado por Temporada (2018), de André Novais Oliveira, protagonizado por Grace Passô e com cenas gravadas na periferia de Contagem; e Elon não acredita na morte (2016), de Ricardo Alves Junior, no qual é possível reconhecer algumas locações da capital mineira. Ambos disponíveis na Netflix.
Entre outros filmes nacionais que integram o catálogo da plataforma estão Elena (2012) e O olmo e a gaivota (2015), de Petra Costa; Hoje eu quero voltar sozinho (2014), de Daniel Ribeiro; Califórnia (2015), de Marina Person; Fala comigo (2017), de Felipe Sholl; e Paraíso perdido (2018).
CINE 104
Com programação especial e gratuita, o Cine 104 em Casa ganha mais uma edição nesta semana e disponibiliza dois filmes nacionais. No ar desde quarta (20), Era o Hotel Cambridge (2016), de Eliane Caffé, se passa em um edifício abandonado no Centro de São Paulo, onde vivem sem-tetos e um grupo de refugiados. Num misto de ficção e realidade, o filme mostra o embate cultural entre os dois grupos e fica em cartaz até sexta (22), às 12h, quando começa a ser exibido Tinta bruta (2018).Dirigido por Filipe Matzembacher e Márcio Reolon, o longa conta a história de Pedro (Shico Menegat), um jovem cheio de problemas que, sob o codinome GarotoNeon, realiza performances eróticas na internet com o corpo coberto de tinta. Ao descobrir que outro rapaz de sua cidade está copiando a técnica, ele decide ir atrás do concorrente. Os filmes ficam em cartaz durante 48 horas e, para assistir, basta acessar o site do Cine 104 (centroequatro.org/cinema).