O que esperar do último filme da trilogia 'Minha mãe é uma peça'

Paulo Gustavo e a diretora Susana Garcia dizem que trabalharam para que esse primeiro longa da série dirigido por uma mulher fosse o melhor de todos

Estado de Minas 26/12/2019 04:00
Downtown- Paris Filmes/Divulgação
Os dois primeiros filmes da trilogia acumulam 13 milhões de espectadores (foto: Downtown- Paris Filmes/Divulgação )
Dona Hermínia é a criação mais famosa e popular do ator, diretor e comediante Paulo Gustavo. Inspirada na mãe do artista, dona Déa Lúcia, ela é a personagem principal de Minha mãe é uma peça, projeto que começou nos palcos, transformou-se em um quadro na TV a cabo, vai virar série na Globoplay a partir de 2021 e tem o epílogo de sua trilogia cinematográfica estreando nesta quinta-feira (26) nos cinemas. O lema: “Família é tudo a mesma coisa, só muda de endereço”.

Para Paulo Gustavo, que interpreta a protagonista, o grande sucesso de Minha mãe é uma peça pode ser explicado pela identificação que a personagem provoca no público. “Dona Hermínia é uma personagem muito carismática, irreverente, espirituosa e que fala o que as pessoas pensam, mas não têm coragem de falar. Acho que todo mundo tem uma mãe ou uma tia ou uma figura feminina na família que é aquela pessoa preocupada com todos, que não tem limite”, afirma.

O ator comenta que vem “construindo essa carreira sólida dela há anos e, definitivamente, ela caiu no gosto do público”, o que é motivo de “uma satisfação enorme” para o intérprete. Em sua opinião, a popularidade se explica pelo fato de “o filme falar de família e, independentemente da configuração, todo mundo tem uma”.

No novo longa, dona Hermínia está às voltas com muitas novidades. Enquanto Juliano (Rodrigo Pandolfo) vai se casar e tem uma sogra daquelas, interpretada por Stella Maria Rodrigues, Marcelina (Mariana Xavier) está grávida do namorado. Intérprete do filho da protagonista, Pandolfo também ressalta a facilidade de comunicação que as personagens e a história têm com o espectador. “É o retrato da família brasileira. Por mais que dona Hermínia seja um pouco exagerada, toda mãe carrega algo dela. E Juliano e Marcelina também têm muitas características típicas dos filhos. E o mais bacana disso é que é divertido. O humor é um dos grandes trunfos”, afirma.

Em sua carreira, o ator acumula uma série de papéis importantes em produções de teatro, cinema e TV. Ele viveu, por exemplo, o maestro João Carlos Martins no filme de Mauro Lima João, o maestro (2017). Ele foi também Humberto Jordão na novela Cheias de charme (2012), Shin-Soo/Chang-Soo em Geração Brasil (2014) e se desdobrou em diversos papéis na peça P. I. – Panorâmica insana, sob a direção de Bia Lessa.

Apesar disso, Pandolfo afirma que Juliano vai ficar marcado para sempre em seu currículo. “No primeiro filme, eu ainda tinha dúvidas de que seria tão forte assim. Mas, depois do estouro do segundo, a coisa bombou. Noventa por cento das pessoas que me abordam na rua é por causa de Minha mãe é uma peça, e 95% delas me chamam de Juliano. As pessoas têm muito carinho por ele e pela história”, diz.

O ator desfaz o mal-entendido que surgiu alguns meses antes da estreia, a respeito do beijo gay entre seu personagem e o de Lucas Cordeiro – Tiago, o outro noivo. Segundo Pandolfo, o roteiro nunca previu um beijo. Ele afirma que o importante na história é o amor entre os dois. “Chegaram a afirmar que o Paulo Gustavo vetou o beijo. Isso nunca aconteceu, porque nunca teve nada disso no script. Aquela cena é tão bonita. O discurso da mãe e dos noivos na cerimônia é muito mais relevante do que qualquer beijo. No momento complicado em que a gente vive, de tantos questionamentos, fico muito feliz em ser uma ferramenta de comunicação sobre um tema tão relevante e sobre o qual as pessoas ainda ficam tentando tampar o sol com a peneira. Relação homoafetiva sempre existiu, e é importante falar, respeitar e aceitar.”

OLHAR FEMININO 

Dos três filmes, esse é o único dirigido por uma mulher. O primeiro teve a direção de André Pellenz e o segundo, de César Rodrigues.  A missão de encerrar a trilogia coube a Susana Garcia (Os homens são de Marte e é pra lá que eu vou, Minha vida em Marte). Ela é casada com Herson Capri, que faz Carlos Alberto, o ex-marido de Hermínia no longa. “Como mãe, como mulher, a sensibilidade que tenho ajudou, sim, a trazer esses momentos de emoção ao filme. É uma comédia que também emociona e isso é o pulo do gato. É um filme que faz você se divertir, mas também refletir. E ressalta como os laço familiares são importantes”, afirma a diretora.

Para Paulo Gustavo, esse olhar feminino fez toda a diferença. “O olhar da Susana é muito sensível. Não que o homem não possa ter essa visão. Mas, pelo fato de ela ser também mãe de três filhos, trouxe muita história dela para esse trabalho. E a Susana é muito CDF, cuidadosa, além de ser uma amiga/irmã de toda uma vida. Tenho muito orgulho da competência dela e fico muito feliz de a Susana ter esse carinho pelo projeto.”

Rodrigo Pandolfo também elogia a sensibilidade e o talento da diretora. “Ela é mãe, assim como a protagonista. Então há um diferencial, um ganho extra. Além disso, é uma profissional extremamente carinhosa, cuidadosa e, ao mesmo tempo, objetiva, responsável. Aliás, acho que um dos méritos desse projeto é a equipe envolvida – atores, produção, técnica.”

A comédia também traz Samantha Schmütz, Alexandra Richter, Patrycia Travassos, Malu Valle, Cadu Fávero e Bruno Bebianno no elenco. No fim do filme, Paulo Gustavo faz uma homenagem à mãe, ao pai, à madrasta, à irmã, ao marido (o dermatologista mineiro Thales Bretas), e aos dois filhos do casal. Os bebês Gael e Romeu fazem uma ponta no filme.

Susana Garcia diz que o grande desafio de Minha mãe é uma peça 3 foi contar uma boa história. Ela diz que, ao lado de Paulo Gustavo e Fil Braz, se dedicou com afinco ao roteiro. “Além de querer rir, o público quer embarcar numa boa história. Paulo, Fil e eu ficamos um ano trabalhando profundamente nesse roteiro, para contar uma história que fosse engraçada, que emocionasse, com a qual as pessoas se identificassem e que fosse à altura do que a Hermínia merece. Pelo fato de ser o terceiro filme e dado o sucesso dos dois anteriores, tínhamos que criar uma história que encantasse. Trabalhamos muito, cada cena, para que esse filme ficasse o melhor de todos.”

DUAS perguntas para...

Paulo Gustavo
ator

Além de evidenciar o lado mãe, este terceiro filme traz o lado mulher de Hermínia, mostrando que ela também tem direito de aproveitar a vida. Esse é um dos diferenciais do filme na trilogia?
Dona Hermínia nesse filme é meio bloqueada por conta de ficar querendo tocar a vida dos fi- lhos. A gente fala sobre isso. Como a gente tem que tocar a nossa vida e como as mães têm que ter limite, porque elas atropelam as coisas, elas querem sempre ajudar. Mas tudo passa pelo lugar do amor. Em algum momento, ela resolve aproveitar mais a vida com as amigas, viajar, ir para a gafieira. Mas, no final das contas, ela acaba voltando para a vida dela, volta a ser mãe. O combustível da vida dela são os filhos; ela vive para eles.

Os dois primeiros filmes levaram juntos mais de 13 milhões de espectadores aos cinemas. Como está sua expectativa para o terceiro? 
Não tenho nenhum problema com bilheteria. Quis fazer um filme do meu coração para o público curtir, se emocionar. Quis que o terceiro fosse melhor do que os primeiros, obviamente. Mas não há esse compromisso com o sucesso de bi- lheteria. É claro que a gente torce, mas realmente não passa por esse lugar. O segundo foi uma explosão – 10 milhões de espectadores. E a gente não espera que faça a mesma bilheteria agora, apesar de torcer muito. Se ele fizer menos público que o segundo, a gente não vai ficar triste. A gente não está pensando nisso. Estamos, sim, fazendo um projeto lindo.







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