J. J. Abrams, diretor de Star wars Episódio IX – A ascensão Skywalker, que estreia nesta quinta-feira (19) em mais de 2 mil salas de cinema no Brasil, esteve no país neste mês para participar da CCXP, em São Paulo. O filme que chega hoje aos cinemas representa o fim da saga, a batalha das batalhas. Discípulo de Steven Spielberg, seu mentor, hoje amigo, J. J. Abrams admitiu estar ansioso.
"É muita expectativa dos fãs. É um universo mítico, grande demais, e seria uma pena desperdiçar toda essa energia. Fizemos de tudo para cor- responder." Fãs da franquia Star wars começaram a acampar nos arredores do Chinese Theatre de Hollywood uma semana antes da estreia. "Quando lançam um novo filme de Star wars, todo o resto é secundário, é como ter um filho", disse Nicolas Johnson, que levou o cachorro Cookie para acompanhá-lo na fila.
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O filme se passa um ano depois do oitavo episódio e tem duração de 141 minutos, um pouco mais curto que o anterior. Abrams é o único cineasta, além de George Lucas, a dirigir mais de um filme da franquia. Depois de comandar O despertar da Força, em 2015, recordista de bilheteria nos Estados Unidos, ele foi chamado de volta, quando o diretor Colin Trevorrow e a Lucasfilm se desentenderam em relação aos caminhos do Episódio IX.
Abrams teve que lidar com a morte de Carrie Fisher, cuja emblemática princesa Leia desempenha papel central no fim da saga, graças ao uso de material descartado no filme VII. O roteirista Chris Terrio afirmou que Abrams estava tão obcecado em resolver o problema causado pela morte da atriz que o roteiro começou justamente por ela. "Os primeiros meses foram para resolver o impasse de como incluí-la no filme. A partir dos diálogos e das imagens que tínhamos, criamos todo o restante."
Terrio contou ainda que Abrams o incentivou a buscar a emoção das cenas. Sementes plantadas por Rian Johnson no filme anterior foram abandonadas. "O fato de os personagens terem se afastado no final daquela história foi ótimo para a nossa", diz. Uma sugestão de homossexualidade entre Poe e Finn, os personagens de Oscar Isaac e John Boyega, não foi adiante. "Mas fiz questão de que a comunidade LGBT se sentisse representada", disse o diretor, em São Paulo. Como? "Você terá de ver", ele desconversou.
EXPECTATIVA
A Disney conseguiu aumentar a expectativa dos fãs com novos clipes e trailers divulgados no fim de semana anterior à estreia. Em um deles, a voz do imperador Palpatine declara: "Esta será a palavra final na história dos Skywalker", enquanto Star Destroyers e Stormtroopers vermelhos lutam contra os X-Wings e combatentes da Resistência.
Em outro clipe, o vilão Kylo Ren (Adam Driver) afirma: "Eu sei quem você é. Eu conheço o resto da sua história", o que provocou debates entre os fãs sobre o mistério a respeito dos pais de Rey.
Antes, Abrams havia declarado que Rey, Finn e Poe se reuniriam após a separação em Os últimos Jedi (2017), uma informação que dividiu os fãs. Quando questionado em São Paulo sobre o que o público pode esperar, o diretor afirmou que trabalhou muito para oferecer o misto de intimismo e grandiosidade, que são marcas de seus trabalhos, como Lost (na TV) e Missão impossível 3 (no cinema).
Estimativas apontam que a bilheteria do fim de semana de estreia deve ficar entre US$ 200 milhões e US$ 225 milhões nos Estados Unidos e Canadá, o que posicionaria o filme entre as mais lucrativas estreias da história do cinema.
VISIONÁRIO
Quando fez Star wars, o primeiro, lançado no Brasil como Guerra nas estrelas, ainda no final dos anos 1970, George Lucas desenvolvia o que parecia um discurso insano. Dizia que era o primeiro filme de uma trilogia e que essa trilogia seria intermediária num projeto de três trilogias e nove filmes. Alguns críticos o tomaram por maluco brincando de sabres de luz e guerras estelares. Poucos perceberam, de cara, a revolução que ele estava fazendo. O diretor foi um visionário.
Para contar sua saga monumental, Lucas precisou desenvolver os efeitos num grau que parecia inimaginável em 1977. Fundou a Light and Magic, recolheu-se à função de produtor e contou, com ajuda de outros diretores, a construção do herói, Luke Skywalker, em O império contra-ataca (direção de Irvin Kershnmer) e O retorno de Jedi (de Richard Marquand). Depois, a saga hibernou e passaram-se 16 anos até que o próprio Lucas, de novo diretor, fizesse Episódio I – A ameaça fantasma, seguido de A guerra dos clones e A vingança dos Sith, narrando a construção do vilão e como Annakin Skywalker foi seduzido pelo lado sombrio da Força, convertendo-se no sinistro Darth Vader.
Cansado diante da possibilidade de encarar mais uma trilogia, Lucas vendeu os direitos, e a Disney assumiu o encargo de prosseguir com a história da galáxia muito, muito distante. J. J. Abrams, chamado para reformular a saga, iniciou a história de Rey, Finn e Poe, e agora fecha o ciclo. No anterior, Os últimos Jedi, o velho Luke conseguiu segurar o ataque de Kylo Ren e seus Cavaleiros de Ren aos remanescentes da resistência. Teremos, desta vez, a mãe das batalhas, e ela será excitante, o fecho grandioso de Episódio IX. (Agências Estado e France Presse)
Robôs fofinhos movem as batalhas e os lucros
Apesar das batalhas espaciais épicas e grandiloquentes, com direito a explosões barulhentas mesmo no vácuo, grande parte dos conflitos da saga Star wars acabam sendo resolvidos não com uma frota de naves, nem mesmo com um bom duelo de sabres de luz, mas por meio da astúcia de meros robôs. Chamadas de "droides", essas criaturas mecânicas caricatas e vulneráveis tornaram-se uma marca registrada da franquia criada por George Lucas – "marca registrada" em mais de um sentido, já que um dos muitos aspectos que Star wars revolucionou no cinema foi o merchandising.
Os estúdios acreditavam que a ópera espacial de George Lucas seria um fracasso. Apesar de seu filme anterior, Loucuras de verão (1973), ter sido indicado para cinco categorias do Oscar e lucrado US$ 637 milhões, a ficção científica estava longe de ser um gênero confiável para se investir o dinheiro de um estúdio na época. Como as expectativas da 20th Century Fox eram baixas, eles aceitaram uma proposta de Lucas para que ele conservasse o lucro sobre o merchandising (como a venda de brinquedos, miniaturas e outros objetos promocionais inspirados na série). Não é necessário dizer que robôs fofinhos foram essenciais para que Star wars tenha lucrado mais com merchandising (US$ 42 bilhões) do que com bilheteria (US$ 9 bilhões) em 42 anos.
Nada disso daria certo, é claro, se os droides não fossem tão carismáticos. O primeiro filme, Star wars: Episódio IV – Uma nova esperança (1977), trouxe os dois robôs que participariam de quase toda a saga e se tornariam símbolos da franquia: R2-D2 e C-3PO.
MODELOS
O design de R2-D2, criado pelo artista Ralph McQuarrie, foi inspirado pelos coloridos drones Huey, Dewey e Louie, do filme Corrida silenciosa (1972), dirigido por Douglas Trumbull. Para rodar as cenas, foram construídos vários modelos diferentes, com tamanhos e funções distintas. Havia versões movidas por controle remoto, mas a maior parte das cenas foi gravada pelo ator inglês Kenny Baker, que, com 1,12 m de altura, cabia dentro da estrutura do R2-D2 e era responsável por fazê-lo acender e apagar luzes, girar a cabeça e se movimentar de acordo com o roteiro. Morto em 2015, no ano em que estreou Star wars: Episódio VII – O despertar da Força, Baker foi substituído pelo ator e marionetista Jimmy Vee, que tem a mesma altura de Baker, para os últimos dois filmes.
O design de R2-D2, criado pelo artista Ralph McQuarrie, foi inspirado pelos coloridos drones Huey, Dewey e Louie, do filme Corrida silenciosa (1972), dirigido por Douglas Trumbull. Para rodar as cenas, foram construídos vários modelos diferentes, com tamanhos e funções distintas. Havia versões movidas por controle remoto, mas a maior parte das cenas foi gravada pelo ator inglês Kenny Baker, que, com 1,12 m de altura, cabia dentro da estrutura do R2-D2 e era responsável por fazê-lo acender e apagar luzes, girar a cabeça e se movimentar de acordo com o roteiro. Morto em 2015, no ano em que estreou Star wars: Episódio VII – O despertar da Força, Baker foi substituído pelo ator e marionetista Jimmy Vee, que tem a mesma altura de Baker, para os últimos dois filmes.
Já o androide dourado C-3PO, construído pelo jovem Anakin Skywalker e que se gaba de "ser fluente em mais de 6 milhões de formas de comunicação", teve seu visual inspirado pelo robô do clássico filme Metrópolis (1927), dirigido pelo mestre do cinema expressionista alemão Fritz Lang, baseado em um livro de Thea von Harbou. No romance, a criatura se chama Futura, e é um dos primeiros e mais importantes robôs da história da ficção científica – a própria palavra "robô" havia sido cunhada ainda naquela década, e usada pela primeira vez na peça A fábrica de robôs (1920), do escritor e dramaturgo tcheco Karel Capek.
Com a evolução da tecnologia de efeitos visuais, os filmes mais recentes passaram a utilizar cenas em computação gráfica (o exército de Droides de Batalha que combate a República nos episódios I a III são um exemplo), mas até hoje os diretores usam atores e efeitos práticos – tanto que o ator Anthony Daniels continua interpretando C-3PO. Da mesma forma, seria muito fácil fazer o droide rolante BB-8, da nova trilogia, em computação gráfica, mas o diretor J. J. Abrams quis manter a tradição de efeitos práticos na série. O artista da trilogia original, Ralph McQuarrie, já havia produzido na época um conceito de um robô que rolasse, mas a ideia não foi aproveitada na época. Agora, por meio de um mecanismo patenteado pela Disney, foi possível dar vida a BB-8, que conseguiu a façanha de ser tão carismático quanto R2-D2 e C-3PO. (Agência Estado)