Não é novidade o fato de a indústria investir cada vez mais em animações voltadas para o público infantil com mensagens endereçadas aos adultos. Em cartaz nos cinemas de BH, Abominável, novo lançamento da Dream Works, é um exemplo tocante disso.
Dirigido por Jill Culton e Todd Wilderman, o filme conta a história da adolescente Yi, que encontra em seu terraço um yeti, criatura que ela chama carinhosamente de Everest. Com a ajuda de Peng, criança baixinha que deseja se tornar jogadora de basquete, e do convencido Jin, Yin parte por uma perigosa jornada para levar o novo amigo de volta para sua família.
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À primeira vista, o filme parece seguir o princípio de tantas outras obras infantis: muita magia, criaturas místicas, piadas simples e visuais – como o arremesso de mirtilos gigantes e os arrotos exagerados. Porém, Abominável vai além disso.
Pequenas sutilezas, talvez sutis demais para as crianças perceberem, tornam o filme bem mais profundo do que revela o próprio trailer. A morte de um ente querido, a dificuldade de lidar com a perda, medo, isolamento, dependência da tecnologia, preconceito e desrespeito à natureza são alguns dos temas abordados.
Tratados de maneira singela e delicada, esses temas se desenrolam paralelamente à trama central. Referências aos clássicos King Kong e Branca de Neve estão lá. O filme tem potencial para encantar pessoas de todas as idades. Encantar e surpreender.
Todos os personagens, inclusive o cruel e rico Burnish e a leal zoóloga Zara, que pretendem capturar Everest, mostram que as pessoas são muito mais do que aparentam. Até mais do que o próprio filme apresenta.
Questões importantes são abordadas, mas não respondidas. Os mais velhos se questionam, imaginando qual será a resposta para elas. Porém, Abominável é uma animação infantil. Apesar das pontas soltas, cumpre muito bem seu papel de divertir e defender o respeito à natureza.
* Estagiária sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria