Zorro, o justiceiro mascarado do cinema, da TV e das HQs, completa 100 anos

O justiceiro mascarado teve ao menos 50 Zorros nas telonas, inclusive Alain Delon e Antonio Banderas

por AFP 02/08/2019 13:27

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Douglas Fairbanks foi um dos 50 Zorros do cinema (foto: Reprodução)

Seu nome remete à figura de uma pessoa que luta contra todas as injustiças: Zorro, nascido em 9 de agosto de 1919 da imaginação de Johnston McCulley, tornou-se ícone tão famoso da cultura pop quanto Tarzã, ou o Superman.

Depois de sua primeira aventura, "A maldição de Capistrano", que foi lançada em um "pulp" californiano, McCulley escreveu outras 60 histórias, fazendo de Zorro um dos primeiros heróis de capa e espada da literatura americana.

Foi nas telas, porém, nas grandes e nas pequenas, que o justiceiro mascarado ganhou notoriedade.

Antes do Zorro

 

Para criar seu personagem, McCulley se inspirou em um mexicano a meio caminho do bandoleiro e o patriota, e que vivia na Califórnia do século XIX, em pleno período da febre do ouro: Joaquín Murieta, que defendia os ameríndios diante dos gringos.

O poeta chileno ganhador do Prêmio Nobel da Literatura Pablo Neruda dedicou a ele sua única obra de teatro.

Outra figura que inspirou McCulley foi "Pimpinela Escarlata", um justiceiro inglês que atuou durante a Revolução Francesa e foi criado no início do século XX pela escritora Emmuska Orczy, uma britânica de origem húngara.

A história

 

Don Diego de la Vega, um jovem aristocrata de origem espanhola e com a aparência de estudante inofensivo, sentia-se revoltado com os poderosos corruptos e cruéis que abusavam do povo humilde de Los Angeles e arredores.

Para defender os fracos e oprimidos, resolve se transformar no Zorro (raposa, em espanhol) e se veste totalmente de preto, escondendo sua identidade por trás de uma máscara que mostra apenas seus olhos e seu fino bigode.

Ele conta com o fiel Bernardo, seu mordomo que é mudo e finge ser surdo para melhorar a condição de escudeiro do patrão, e também com Tornado, seu inteligente alazão negro.

Outro personagem recorrente é o robusto sargento Demetrio López García, um pretenso inimigo que é mais simpático do que perigoso.

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As lutas de espada são uma marca do defensor dos fracos e oprimidos (foto: Reprodução)
 

Série mítica

 

Mas foi a série de televisão da Disney (composta por 78 episódios gravados entre 1957 e 1961) que fez o personagem ganhar popularidade em nível internacional.

O ator Guy Williams, com seu 1,90m de altura, sorriso cativante e esgrimista na vida real, foi o escolhido para encarnar o justiceiro hispânico na série, que, em 1992, foi colorizada.

Era ele mesmo, e não um dublê, que fazia os duelos de espada, mesmo quando elas eram de verdade.

"O dia das lutas era sexta-feira. Assim, caso houvesse algum problema, eu teria algum tempo para me recuperar de um ferimento", contou o ator em uma entrevista na época.

A assinatura de três traços com a espada para formar a letra "Z", de Zorro, era a marca registrada da série.

Novas produções protagonizadas pelo Zorro foram filmadas na Colômbia e nas Filipinas recentemente e vendidas para quase 100 países.

Estrela de cinema

 

No cinema, houve mais de 50 Zorros, incluindo paródias e versões eróticas.

As mais conhecidas foram interpretadas pelos galãs Douglas Fairbanks (1920), Tyrone Power (1940), Alain Delon (1975) e Antonio Banderas (dois filmes, 1998 e 2005).

O criador de Batman, Bon Kane, assegurou que o filme mudo "O signo do Zorro" (1960), com Fairbanks, o influenciou muito na hora de criar seu super-herói. Tornado serviu, inclusive, de inspiração para o Batmóvel.

Atualmente, há um projeto em preparação em Hollywood com o ator mexicano Gael García Bernal.

Os quadrinhos, a música e os videogames também exploraram ao máximo a imagem de Zorro.

O que dizem sobre Zorro

 

"Tem traços de Robin Hood e, em parte, Peter Pan e Che Guevara", afirmou a escritora chilena Isabel Allende em uma entrevista em 2005, por ocasião da publicação de seu romance "Zorro".

- "Não apenas pune, como Superman, os ataques à propriedade privada, como também intervém toda vez que a dignidade, ou a liberdade humana, são ultrajadas. O Zorro remete à consciência cívica que tanto faz falta atualmente", afirmou o escritor francês Yann Moix, em 2010.

- "Em um cavalo subindo a montanha, vem chegando então o Zorro/Por onde passar, a justiça se fará, deixando a marca do Zorro!", como afirmava, na versão em português, a música de abertura da série da Disney.

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