Em meio à polarização política do país e dias após o vazamento de conversas do ministro da Justiça, Sérgio Moro, que abalaram a cena política nacional, a diretora e roteirista Petra Costa lança uma produção sobre a história recente brasileira. A cineasta faz um recorte contundente sobre o governo petista e a operação Lava-Jato. Com o documentário Democracia em vertigem, veiculado na Netflix, Petra ajuda a engrossar a lista de obras com temática política e se destaca na abordagem.
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'Toy Story 4' traz narrativa sobre lealdade e amadurecimento'O Rei Leão': Beyoncé e Donald Glover cantam juntos em novo teaser'Deslembro' mostra crise de adolescente filha de militantes políticos Nanni Moretti filma o Chile de ontem para falar da Itália de hojeBeyoncé e Elton John compõem músicas inéditas para 'O Rei Leão'Comédia romântica apresenta enredo sem clichês e com políticaA opinião da diretora durante toda a narrativa é clara.
O filme foi lançado na última quarta-feira em 190 países. Com 121 minutos de duração, Democracia em vertigem teve ótima recepção em importantes festivais de cinema, com ênfase no Festival Sundance.
A narrativa é apaixonada, mas o documentário não se exime de duras críticas à esquerda. Em alguns momentos, Petra critica a postura do ex-presidente Lula, em seu segundo mandato, por ter se alinhado às velhas oligarquias do poder que tanto criticava. Além disso, ela falou recentemente à imprensa sobre os erros dos governos petistas e a importância de o país refletir sobre seu passado.
Roger Lerina, repórter e crítico do Canal Brasil, acredita que o filme merece ser aplaudido. “Como João Moreira Salles no recente No intenso agora, Petra narra seu documentário em primeira pessoa, relacionando episódios da história recente do Brasil a sua trajetória familiar (...) O resultado é um registro triste e doloroso do percurso de nossa claudicante democracia nos últimos 35 anos — do sonho da emancipação política e do crescimento econômico ao pesadelo do descrédito das instituições e da volta do fascínio atual pelo autoritarismo.
Análise da notícia
O boom dos documentários
Desde o início no mercado de streamings, a Netflix deixou claro a veia documental. Um dos primeiros grandes hits da plataforma foi Making a murderer, que retratou, em duas temporadas e 20 episódios, a história da contestada condenação de Steven Avery por agressão sexual e tentativa de homicídio. O sucesso da série documental, lançada em 2015, demonstrou para o serviço que havia ali um caminho a se seguir.
No ano passado, outros sucessos no formato, como Wild wild country sobre o guru Osho e a comunidade que o seguia de Oregon — uma espécie de premonição em relação aos casos envolvendo Sri Prem Baba e João de Deus — e Investigação criminal, que revive oito casos que chocaram o Brasil, confirmaram, para a Netflix, que os documentários estão (novamente) em alta.
Só este ano, a plataforma entregou outros ótimos filmes do gênero, como o assustador Conversando com um serial killer: Ted Bundy, em que o serial killer compartilha o próprio ponto de vista sobre os assassinatos cometidos há mais de 30 anos, e o curioso Bandidos na TV, que retrata os diferentes lados da história de Wallace, ex-policial militar, apresentador e deputado acusado de envolvimento no crime organizado no Amazonas.
Democracia em vertigem, de Petra Costa, vem para rechear esse catálogo de séries e filmes documentais. O grande acerto em relação a essas produções é abrir as narrativas para além do que foi noticiado na época, dar voz a outros personagens, mostrar diferentes pontos de vista e, assim, propor um debate de assuntos atuais. (Adriana Izel) * Estagiária sob supervisão de José Carlos Vieira.