Pierre Schoeller, diretor de A revolução em Paris – atração do Festival Varilux que tem sessão neste domingo (16) no Pátio Savassi –, teve seu longa anterior, O exercício do poder (2011), exibido em circuito comercial no Brasil. Ele esclarece que não dedicou todo esse tempo (oito anos) à preparação do novo longa, mas quase. “Nesse intervalo, fiz para a TV um filme que tomou um ano, mas os demais sete foram investidos integralmente no filme sobre a Revolução Francesa. Fiz um longo estudo, pesquisando em documentos e entrevistando acadêmicos. Depois, vieram o roteiro, o financiamento, a preparação. É um filme caro e acurado em todos os detalhes. Foram sete anos muito intensos para mim”, afirma.
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Filme Alexey German Jr. trata a identidade da Rússia após RevoluçãoComédia romântica apresenta enredo sem clichês e com políticaFestival de cinema francês tem Cyrano de Bergerac em dose dupla“Acho que tem a ver com cidadania. A Revolução Francesa está na origem da República e dos direitos constitucionais. Embora 1789 pareça muito distante, liberdade, igualdade e fraternidade não são palavras vazias. Ecoam até hoje nas consciências. Vivemos em um mundo em crise de valores, em que esses direitos são seguidamente violados, e isso se reflete nas pessoas, no conjunto da sociedade. E tudo isso – a desigualdade, a exclusão, a violência social – possibilita uma gama infinita de histórias.”
Há 13 anos, Sofia Coppola dividiu a crítica com sua versão pop da Revolução Francesa.
BRIOCHES Olivier Gourmet, que fazia o ministro em O exercício do poder, é agora o revolucionário, Oncle/Tio. A princípio um tanto cético, ele arrasta no turbilhão revolucionário o casal interpretado por Bernard Ulliel e Adèle Haenel, Françoise e Basile, que representa os bem pobres, os marginais, aqueles a quem Maria Antonieta, cínica ou ingenuamente, aconselha que, se não tivessem pão, comessem brioches.
Dada a familiaridade de Gourmet com Schoeller, você poderia até pensar que o diretor já o tivesse em mente na composição do elenco, mas não. “No fundo, sabia que Olivier poderia interpretar qualquer papel, mas não pensava especificamente nele para nenhum. A única escolha que norteou todas as demais foi a de Adèle (Haenel).
É, realmente, uma atriz maravilhosa, como sabem os que a viram em A garota desconhecida. Da realeza ao povo, toda a pirâmide social da França naquele período está retratada em A revolução em Paris. A base = o povo. O topo = a realeza. Unindo os dois segmentos, a Assembleia Constituinte, e nela se destaca o antagonismo entre Robespierre, interpretado por Louis Garrel – que atua e dirige aquele que talvez seja o melhor filme dessa seleção do Festival Varilux, Um homem fiel (às 15h neste domingo no Cine Belas Artes) –, e Marat, uma criação genial de Denis Lavant.
Toda cinematografia tem suas figuras consideradas excêntricas, de exceção. O ator Lavant (Amantes do Pont Neuf e Holy motors, de Leos Carax; Beau travail, de Claire Denis) representa isso para os franceses. Sua fama é de indomável. Dificulta a vida de todo mundo nos sets de filmagem. Você pode conversar horas sobre isso com Schoeller, mas ele nunca vai concordar. “Somos da mesma cidade, mas nunca havíamos trabalhado juntos, nem mesmo éramos amigos.