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Kardec – A história por trás do nome, que chega nesta quinta-feira (16) a 430 salas em todo o país, é um recorte biográfico de Rivail. O filme tem início no começo da década de 1850, quando ele se aposenta da sala de aula (como pedagogo, era discípulo do suíço Johann Pestalozzi) e decide investigar um fenômeno que tomava conta da Paris da época: as mesas girantes, onde grupos de pessoas se reuniam para se comunicar com supostos espíritos.
Rivail não demora a deixar o ceticismo de lado ao se envolver com esse universo e conhecer médiuns que atuavam como porta-vozes de espíritos. Empreende uma investigação e dá início à publicação dos livros. No meio do caminho, claro, encontra várias pedras. No filme, a principal delas assume a forma da Igreja Católica.
Leonardo Medeiros interpreta o personagem-título. Sandra Corveloni vive sua mulher, Amélie-Gabrielle Boudet, que tem uma atuação determinante no trabalho. O filme foi rodado em Paris e no Rio de Janeiro. O roteiro, assinado pelo próprio Wagner de Assis, em parceria com L.G. Bayão, foi feito a partir do livro Kardec – A biografia (2013), do jornalista Marcel Souto Maior. A editora Record aproveita a ocasião do lançamento do filme para colocar nas livrarias uma nova edição do volume, com a capa inspirada no longa-metragem.
TRANSFORMAÇÃO “Com Nosso lar, experimentamos a temática no cinema por meio de um drama. Agora, mostramos a transformação heroica de um homem, que deixa de ser um professor reconhecido por seus pares para atuar em algo em que não acreditava”, comenta Assis. Com a repercussão de Nosso lar (que foi vendido para 40 países), a expectativa de Kardec é alta. “Eu, particularmente, tento bloquear qualquer expectativa”, diz o diretor. Mesmo assim, ele fez o filme visando ao público em geral e não necessariamente a comunidade espírita. “Kardec é um nome reconhecido, mas o quanto ele é conhecido aqui é uma grande dúvida”, comenta.
Leonardo Medeiros foi o primeiro ator que veio à cabeça de Assis para interpretar o papel-título. E o ator tem no filme um projeto caro por causa de sua história pessoal. “Minha mãe é de Sacramento (Triângulo Mineiro), sobrinha de Eurípedes Barsanulfo (1880-1918), médium reverenciado por Chico Xavier. Mesmo que de Kardec só exista uma fotografia, ele sempre foi muito presente na vida familiar”, conta o ator, que diz ter tido uma “responsabilidade tripla” ao fazer o papel. “Ele foi uma figura histórica muito importante, e eu tive que encontrar a figura humana para fazer o filme. Além disso, tive uma responsabilidade com a história da minha família.”
Sandra Corveloni afirma que precisou pesquisar muito para encontrar o tom de Amélie. “A biografia do Marcel foi nosso grande guia, mas, na verdade, ele não deu a devida atenção a Amélie no livro. Fui descobrindo-a depois, quando passei a frequentar centros, museus e a Federação Espírita”, conta a atriz. Kardec começou a ser filmado exatamente um ano antes de seu lançamento. Em 16 de maio de 2018, tiveram início as gravações em Paris. Depois de uma semana na capital francesa, a equipe voltou para o Brasil, onde rodou por mais quatro semanas e meia.
A reconstituição de época foi grande no filme, rodado principalmente com luz natural – de velas ou de lampiões (a luz elétrica só chegaria a Paris anos mais tarde). A direção de arte cuidadosa, no entanto, esbarra no tom um tanto solene e arrastado que a narrativa ganhou.
Dois edifícios históricos que foram destruídos pelo fogo no último ano têm destaque na tela. A catedral de Notre- Dame, em Paris, aparece no fundo de meia dúzia de cenas, já que a Pont de la Tournelle, muito próxima da catedral, foi locação de importantes momentos da trama. Já no Rio, o Museu Nacional aparece em uma cena externa, numa sequência em que crianças médiuns são cercadas pela população.
De volta a Paris, outro ponto de destaque é o Palais-Royal. “Esta é uma locação em que o Kardec viveu muito, pois o Palais-Royal foi a primeira sede oficial da Sociedade de Estudos Espíritas de Paris. Numa das salas do local, que hoje já não existe como antes, foi lançada a primeira edição de O livro dos espíritos”, diz Wagner de Assis.
Médiuns brasileiros na telona
Com previsão de estreia em 12 de setembro, Divaldo – O mensageiro da paz, de Clóvis Mello, é uma cinebiografia do médium baiano Divaldo Franco. Hoje com 92 anos, ele ainda atua na Mansão do Caminho, obra social do Centro Espírita Caminho da Redenção, fundado em Salvador, nos anos 1950. Publicou 270 livros. O filme recupera a trajetória de Divaldo desde a infância – ele descobriu a mediunidade com apenas 4 anos – até a idade adulta. No elenco estão Bruno Garcia, Regiane Alves e Marcos Veras.Outro médium brasileiro que terá sua vida levada para o cinema é o mineiro José Pedro de Freitas, o Zé Arigó (1922-1971). Rodado em 2018, em Congonhas (cidade natal do médium), Rio Novo e Cataguases, o longa Arigó é dirigido por Gustavo Fernandéz e traz Danton Mello no papel-título. O filme ainda não tem previsão de estreia.
ORAÇÃO NO SET
No Rio de Janeiro, uma das locações de Kardec – A história por trás do nome foi um casarão do século 19 no Bairro da Glória. No dia em que a equipe estava fazendo uma visita para preparar o local, técnicos encontraram na antiga caixa de luz da residência uma carta em um papel amarelado. “Era uma pequena oração que pedia para que o trabalho que ia ser executado fosse abençoado”, conta Sandra Corveloni. Wagner de Assis tirou várias cópias da oração. A cada novo dia de filmagem, uma pessoa da equipe do longa iniciava os trabalhos lendo a oração.