Playa Del Carmen - O drama mexicano Roma, de Alfonso Cuarón aumentou sua coleção de prêmios internacionais na noite desse domingo (12/5). O filme foi o mais premiado na 6ª edição dos Prêmios Platino de Cinema Iberoamericano, realizado na Riviera Maya. "Concorrendo em casa", já que prêmio itinerante, criado em 2014, teve lugar na Riviera Maya mexicana, o longa em preto e branco distribuído pela Netflix ganhou cinco das nove categorias que concorria. No entanto, o cineasta Alfonso Cuarón, premiado nominalmente por sua direção, roteiro e fotografia, não esteve presente.
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Em razão da ausência de Cuarón, receberam por ele os produtores Nicolás Celis e Gabriela Rodriguez, que qualificou Roma como “um filme feito com amor que conquistou o mundo” no discurso ao receber o principal prêmio da noite, de Melhor Filme Iberoamericano. A grande surpresa foi na escolha da melhor atriz. Apesar de ser a mais celebrada pelo público e disputada pela imprensa no tapete vermelho, ainda que quase não tenha falado com os jornalistas, a mexicana Yalitza Aparicio, de Roma, perdeu a disputa para a paraguaia Ana Brun, de As herdeiras.
Este é o primeiro papel cinematográfico de Brun, que tem 70 anos e também é advogada. Logo na estreia do filme, no Festival de Berlim, ano passado, ela venceu o Urso de Prata de Melhor Atriz. No discurso de agradecimento, ela dedicou o prêmio aos artistas e cineastas de seu país. Em conversa exclusiva com o Estado de Minas na véspera da premiação, ela disse que se sente surpresa até hoje por toda essa trajetória de prêmios, que inclui ainda um no Festival de Gramado. “Isso coroa algo incrível, porque eu não sou atriz. Estou coroada e estrelada. E emocionada, porque isso me fez muito viajante, não parei de viajar desde que o filme foi lançado. Nunca pensei que ele ia me levar tão longe, até porque eu nem queria aceitar o papel inicialmente”
No longa ela vive uma mulher rica que conhece uma nova realidade quando cuja a cônjuge vai presa por dívidas. Ela destacou também o protagonismo de uma mulher LGBT. “Essa é uma história muito importante. São mulheres que são um casal, sempre foram e viviam escondidas. O Paraguai é um país ainda muito homofóbico e conservador. Esperam que com isso abram mente para aceitar e diversidade e a felicidades de cada um”, argumenta.
As herdeiras ainda ganhou outro prêmio, de Melhor Filme com Diretor Estreante, para Marcelo Martinessi. Em seu discurso, ele agradeceu à participação dos outros países que participaram da produção (Alemanha, Uruguai, Noruega, França, Brasil). No tapete vermelho, antes da premiação, revelou ter expectativas de que o sucesso do filme nas premiações ajude a impulsionar o cinema paraguaio. Sobre ser premiado por sua primeira obra, ele recomendou a outros cineastas estreantes "que sejam honestos, porque histórias honestas transcendem ao tempo".
Em uma ato para promover a igualdade entre homens e mulheres, as categorias de melhor atuação dos dois gêneros foram apresentadas e anunciadas juntas. Entre os homens, o melhor ator foi o espanhol Antonio De La Torre, por seu papel em El reino. Nos agradecimentos, ele dedicou o prêmio também à equipe de Uma noite de 12 anos e à figura de José Pepe Mujica.
Na co-produção entre Uruguai, Argentina e Espanha, que estava indicada em seis categorias, mas não venceu nenhuma, ele interpreta o ex-presidente uruguaio. O drama baseado em fatos reais mostra os 12 anos em que Mujica e dois companheiros ficaram presos pelo regime militar de seu país nos anos 1970, por fazerem parte do grupo guerrilheiro Tupamaros. Em conversa com o Estado de Minas após o prêmio, ele defendeu aqueles que “lutam um mundo mais justo, com condições mais igualitárias e postos de trabalho para todos”. “No final a democracia sempre vencerá”, afirmou.
Com apenas duas indicações (Melhor Trilha Sonora Original e Melhor Direção de arte, para o português Artur Pinheiro) o único representante brasileiro foi O grande circo místico, de Cacá Diégues, que não levou nenhum prêmio. A atriz Mariana Ximenes, que está no elenco, apresentou uma das categorias. O Brasil teve destaque apenas nos números musicais, com a jovem cantora carioca Malia apresentando uma versão de Bella ciao.
A dramaturgia televisiva latina também foi celebrada com três categorias dedicadas a essas produções. Assim como nos cinematográficos, as melhores atuações individuais foram apresentadas ao mesmo tempo. Os prêmios foram para a estrela mexicana Cecília Suárez, de A casa das flores, e Diego Luna, de Narcos, que por sua vez não esteve presente para receber o prêmio. Já a Melhor série Iberoamericana de TV foi Arde Madri.
Confira a lista de vencedores (em negrito):
Melhor Filme
Roma, de Alfonso Cuarón (México)
Pájaros de verano, de Cristina Gallego y Ciro Guerra (Colômbia)
Campeones, de Javier Fesser (Espanha)
Uma noite em 12 anos, de Alvaro Brechner (Uruguai)
Melhor Direção
Alfonso Cuarón, por Roma
Alvaro Brechner, por Uma noite em 12 anos
Cristina Gallego y Ciro Guerra, por Pájaros de Verano
Javier Fesser, por Campeones
Melhor Atriz
Ana Brun, por As herdeiras
Marina de Tavira, por Roma
Penélope Cruz, por Todos lo Saben
Yalitza Aparicio, por Roma
Melhor Ator
Antonio de la Torre, por El reino
Javier Bardem, por Todos lo saben
Javier Gutiérrez; por Campeones
Lorenzo Ferro, por El ángel
Melhor Roteiro
Alfonso Cuarón, por Roma
Alvaro Brechner, por Uma noite em 12 anos
David Marqués y Javier Fesser, por Campeones
Marcelo Martinessi, por As herdeiras
Melhor Música Original
Chico Buarque y Edu Lobo, por O Grande Circo Místico (Brasil)
Federico Jusid, por Uma noite em 12 anos
Oliver Arson, por El Reino
Alberto Iglesias, por Yuli
Melhor Longa de Animação
La casa lobo, de Joaquín Caciña y Cristóbal León (Chile)
Memorias de un hombre en pijama, de Carlos Fernández de Vigo (España)
Un día más con Vida, de Raúl de la Fuente y Damián Nenow (Espanha)
Virus tropical, de Santiago Caicedo (Colômbia)
Melhor Documentário
Camarón, Flamenco y Revolución, de Alexis Morante (Espanha)
O silêncio de outros, de Robert Bahar y Almudena Carracena (Espanha)
La libertad del diablo, de Everardo González (México)
Yo no me llamo Rubén Blades, de Abner Benaim (Panamá)
Melhor Filme de Diretor Estreante
Carmen y Lola, de Arantxa Echevarría (Espanha)
La familia, de Gustavo Rondón (Venezuela)
As herdeiras, de Marcelo Martinessi (Paraguai)
Viaje al cuarto de una madre, de Celia Rico Clavellino (Espanha)
Melhor Montagem
Alberto Del Campo, por El Reino
Alfonso Cuarón y Adam Gough, por Roma
Guillermo Gatti, por El ángel
Miguel Schverdfinger, por Pájaros de verano
Melhor direção de Arte
Artur Pinheiro, por O Grande Circo Místico (Brasil)
Angélica Perea, por Pájaros de verano (Colômbia)
Benjamín Fernández, por El Hombre que mató a Don Quijote
Eugenio Caballero, por Roma (México)
Melhor Fotografia
Alfonso Cuarón, por Roma
Carlos Catalán, por Uma noite em 12 anos
David Gallego, por Pájaros de verano
Luis Armando Arteaga, por As herdeiras
Melhor Som
Carlos E. García, por Pájaros de verano
José Luis Díaz, por El Ángel
Roberto Fernández y Alfonso Raposo, por El reino
Sergio Díaz, Skip Lievsay, Craig Henighan y José García, por Roma
Prêmio Educação em Valores
As herdeiras, de Marcelo Martinessi (Uruguai)
Campeones, de Javier Fesser (Espanha)
Carmen y Lola, de Arantxa Echevarría (Espanha)
Uma noite em 12 anos, de Alvaro Brechner (Uruguai)
Confira os finalistas em TV:
Melhor Minissérie ou Telessérie
Narcos: México, de Josef Kubota Wiadyka, Andrés Baiz, Amat Escalante y Alonso Ruizpalacios (México)
Arde Madrid, de Paco León. Andy Joke (España)
El marginal II, de Luis Ortega, Mariano Ardanaz, Javier Perez, Javier Pérez, Alejandro Ciancio e Adrián Caetano (Argentina)
La casa de las flores, de Manolo Caro (México)
Melhor Atriz
Anna Castillo, por Arde Madrid
Cecilia Suárez, por La casa de las flores
Inma Cuesta, por Arde Madrid
Najwa Nimri, por Vis a vis
Melhor Ator
Diego Boneta, por Luis Miguel: La serie
Diego Luna, por Narcos: México
Javier Rey, por Fariña
Nicolás Furtado, por El marginal II
*O repórter viajou por convite dos Premios Platino