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Isso ocorreu mais de uma década antes de Sigourney Weaver fazer história como Ripley, a heroína de Alien. A partir de então, Pei-Pei estrelou, além de filmes de ação, musicais, comédias e dramas, numa época em que Hong Kong era conhecida como a Hollywood do Leste. Por aqui, é mais conhecida como a vilã Jade Fox, de O tigre e o dragão (2000), de Ang Lee.
Em Meditation Park, sua Maria é de uma fragilidade apenas aparente. A partir do momento em que decide dar uma nova razão para sua vida, ela encontra apoio em outras mulheres, seja na filha Ava (Sandra Oh), seja nas amigas (também imigrantes) que conseguem uns trocados guardando espaços para estacionamento de carros.
O envelhecimento não é um assunto comum no cinema. “Quando se fala de imigrantes, as mulheres mais jovens têm, geralmente, mais acesso aos estudos do que suas mães. Isso porque, quando se muda para um novo país, a mãe é quem cuida da família e não pensa muito nela, pois tem que fazer tudo para os outros. Vejo o que é a liberdade para mim e o que ela foi para minha mãe.
TRAIÇÃO
Meditation Park nasceu de maneira quase caseira. “Há quatro anos, quando estava começando a pensar no filme, ouvi muitas histórias de homens que traíam suas mulheres. Eram pessoas da minha família, amigos de amigos. E a pior coisa que pode acontecer quando você não fala inglês, nunca teve emprego e não tem seu próprio dinheiro é se descobrir, de repente, traída pela pessoa que te levou para outro país”, comenta ela.
Na escolha do elenco, as trajetórias pessoais das próprias atrizes contaram pontos.
Meditation Park é o terceiro longa de Mina Shum que tem Sandra Oh (atriz canadense filha de imigrantes coreanos que estrela a série Killing Eve) no elenco. “Ela é sempre a primeira pessoa em que penso quando vou fazer um filme, por causa da semelhança de nossas histórias. Nós duas lutamos contra os mesmos obstáculos para nos tornar as mulheres que somos hoje.”
Já o nome de Pei-Pei foi sugestão de um produtor. “Fui encontrá-la em Xangai, e ela me contou sua história de quando chegou aos Estados Unidos, de como se sentiu sozinha em Los Angeles. Ela viajou com o marido e três filhos e pensou que nunca mais atuaria, que iria apenas criar as crianças.”
Por fim, há ainda a história de Lilliam Lim, que interpreta Anita, personagem que se aproxima de Maria quando ela começa a tomar conta de carros.
Nos filmes de Mina Shum, Vancouver é o cenário. Em Meditation Park, que traz diálogos em cantonês, além do inglês, ela filmou em Chinatown e arredores. “Para entender o mundo, o melhor é ser o mais específico possível, mostrar a minha comunidade. Queria mostrar partes de Vancouver, porque amo a cidade, sua diversidade. E queria também mostrar a velha Chinatown, que está morrendo, pois está em processo de gentrificação.”
Meditation Park é o primeiro filme da cineasta que chegará ao circuito comercial chinês – provavelmente em junho. “Mal posso esperar para ver a reação das chinesas na China, já que, na América do Norte, muitas mulheres e suas filhas foram afetadas pelo filme.