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Mais tarde, Ana foi acusada de adultério e executada a mando de Henrique VIII, que se casou outras quatro vezes. Elizabeth I, portanto, podia ser considerada filha ilegítima. Mary era católica e sobrinha-neta de Henrique VIII, que tinha feito de tudo para excluir a família dela (os Stuart) da linha sucessória.
PRESENTE
O século 16 ganhou relevância moderna em Duas rainhas. “Qualquer versão do passado é uma representação. Para mim, qualquer história que contamos sobre nosso passado precisa conversar com o presente. Se não, o que estamos fazendo?”, indaga Josie Rourke. Não é difícil encontrar paralelos com as discussões levantadas por movimentos como #MeToo e #Time’sUp, mesmo que o roteiro tenha sido escrito bem antes. “Ainda estamos falando sobre os mesmos temas, como política de gênero, como é estar em posição de poder, a escolha entre família e carreira”, cita Margot Robbie.
Uma questão bastante atual é como uma mulher deve se comportar. Elizabeth I se fechou atrás de uma máscara de pesada maquiagem e divulgou a imagem de rainha virgem.
Mary Stuart foi quase o oposto de Elizabeth I: pressionada como todos os monarcas a ter herdeiros, foi acusada de libertinagem por ter tido vários maridos – nem todos por escolha própria. “Gritavam: ‘Morte à prostituta!’, comenta Ronan. “E era tudo propaganda ou, como diríamos hoje, fake news.” Para as duas atrizes, ter mais mulheres por trás das câmeras é a resposta para contar histórias que não caiam em armadilhas do tipo mostrar a rivalidade entre mulheres como uma briga de unhadas e puxões de cabelos.