Tanto por sua feroz brutalidade quanto por sua dócil lealdade, os cães são amados e domesticados há séculos. A empatia com a espécie, promovida popularmente ao posto de “melhor amigo do homem”, talvez se deve ao fato de os humanos, especialmente do gênero masculino, compartilharem tais características com o animal. É o que mostra o diretor Matteo Garrone em Dogman, que estreia nesta quinta-feira (21) em Belo Horizonte, depois de performances exitosas em festivais internacionais.
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Indústria cinematográfica chinesa investe em ficcção científicaTrans decide viver na tela do cinema o romance que falta na vida realFilme mostra o desafio do alpinista Alex Honnold ao escalar o El Capitan, na CalifórniaWagner Moura: ''Cidadãos têm a obrigação de resistir às ditaduras''Muito lembrado por Gomorra (2008), premiado com o Gran Prix do Júri, em Cannes, ao abordar um célebre caso da máfia de Nápoles, o cineasta italiano voltou ao festival em 2018 com outra história inspirada em eventos reais – e indigestos – de seu país. Dessa vez, o roteiro vem do episódio conhecido como Delito del canaro, registrado no subúrbio de Roma, em 1988, quando o ex-boxeador amador Giancarlo Ricci foi assassinado. O filme vai além dos fatos, oferecendo uma leitura mais aprofundada sobre as selvagerias de que os homens são capazes.
Ano passado, Dogman deu a Palma de Ouro de melhor ator para Marcello Fonte, chamado pela imprensa internacional de “Buster Keaton da Calábria”. O protagonista, aliás, é seu xará.
A variedade de características das raças caninas, detalhada pela câmera em alguns planos, reflete-se na oposição dos perfis de Marcello e Simone. O primeiro é franzino, amigável e tenta se entender bem com a filha e os vizinhos. O outro é o brutamontes que coleciona desavenças na vizinhaça. Embora se chamem de amigos, a relação deles é guiada pela intimidação e abuso psicológico, obviamente, por parte do mais forte.
Viciado em cocaína, devendo a traficantes e atordoado por outros transtornos, Simone recorre a Marcello constantemente. Seja para conseguir droga, dinheiro ou escapar de algum problema, ele vai enredando o dog sitter em situações cada vez mais complicadas, até a tensão descambar para atitudes animalescas, em sequências de violência e vingança. Em Cannes, o longa ganhou 10 minutos de aplausos após a exibição.
PRÊMIOS Indicado ao Bafta deste ano como melhor filme estrangeiro (perdeu para Roma, de Afonso Cuarón) e vencedor de três prêmios da Academia de Cinema Europeu, Dogman levou oito Nastro d’Argento concedidos pelo sindicato de jornalistas de cinema da Itália.
Os animais do filme de Matteo Garrone também foram premiados.