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Embora se chame Earl Stone no filme, o personagem ecoa a trajetória de Leo Sharp. Veterano da Segunda Guerra Mundial, ele tem uma vida pacata como horticultor no estado de Illinois. Está “quebrado” financeiramente e renegado pela família, que nunca foi sua prioridade. Velho, solitário, mas bom conhecedor das rodovias norte-americanas e disposto a provar a si mesmo e aos parentes algum valor, ele aceita a arriscada oferta de trabalho de levar volumes cada vez maiores de cocaína da fronteira com o México até o Norte do país.
Em seu caminho, surge o agente Colin Bates, do Departamento de Narcóticos. O papel é de Bradley Cooper, que Eastwood já dirigira em Sniper americano (2014), outro drama inspirado em fatos reais. Muito pressionado por superiores (Laurence Fishburne vive um deles) quanto a resultados, prisões e apreensões, ele se dedica incansavelmente a rastrear as movimentações do cartel. Este, por sua vez, funciona em uma rotina de truculência e ameaças, enquadrando também o dócil contraventor protagonista.
ENVELHECIMENTO
Classificado pelo próprio ator e diretor como “algo diferente de tudo que já fez”, em um depoimento para vídeo promocional divulgado pela Warner, Clint usa a inesperada história de Leo Sharp para falar sobre envelhecimento. Nessa sua primeira atuação desde Curvas da vida (2012), seu personagem faz um senhor boa-praça, que não entende as novas tecnologias, critica a dependência dos mais jovens em relação aos telefones celulares e apresenta vícios em antigos termos preconceituosos contra minorias sociais. Ainda assim, mostra disposição e vitalidade para se divertir às custas do controverso “trabalho”. O bom dinheiro que ganha ele usa para ajudar na graduação da neta, única de sua família que ainda o quer bem.
A boa forma para dirigir e atuar aos 88 anos desse que é um dos artistas mais admirados do cinema norte-americano impressiona. Embora todos os traficantes da história, exceto o protagonista, sejam mexicanos e caracterizados dentro de um estereótipo tão batido em Hollywood quanto problemático por sua representatividade nos dias atuais – sobretudo para alguém ligado ao Partido Republicano na era de Donald Trump, como é o caso de Eastwood –, A mula tem sido um sucesso. A crítica americana tem sido acolhedora. A Variety, por exemplo, classificou o filme como “uma história engraçada de um velhote casualmente racista, um personagem problemático que o diretor Clint Eastwood sabe exatamente como tornar encantador”.
Lançado nos EUA em 14 de dezembro, foi a quinta maior bilheteria daquele mês, arrecadando US$ 102 milhões. O resultado é o quarto maior entre todos os filmes que Eastwood dirigiu e o segundo maior para um em que atuou, ao longo de sua longeva carreira, iniciada ainda nos anos 1950.